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Democratização da informação e sociedade COBERTURA

 
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Juliana Monachesi



Registrado em: Domingo, 5 de Dezembro de 2004
Mensagens: 33
Localização: são paulo
MensagemEnviada: Qui Jun 15, 2006 4:28 pm    Assunto: Democratização da informação e sociedade COBERTURA Responder com Citação

Brian Holmes foi quem abriu a mesa da tarde no Conexões Tecnológicas, tratando de ativismo urbano e midiático. Tendo participado ele próprio ativamente destes movimentos desde o início dos anos 1990, o crítico de arte e ensaísta americano, residente em Paris, relatou algumas de suas experiências, mostrando fotografias tiradas no calor da hora. Holmes afirmou que o street actvism surgiu como conseqüência da exclusão e desconexão de grande parte da população mundial da economia e da cultura contemporâneas. "O ativismo se expandiu com os movimentos anti-globalização e o advento da internet, porém, a experiência da conexão começou a colocar seus próprios problemas: por exemplo, o paradoxo enfrentado pelos activist media producers diante de, por um lado, os protestos na rua, e, de outro lado, a experiência individual de circulação na rede", afirmou.

Em outras palavras, se a promessa democrática permanece irrealizada, apesar do fator de emancipação da rede, em que é possível travar um debate coletivo e produzir sentido assim como os movimentos sociais produzem sentido em sua ação, o ativista deve ser capaz de produzir um discurso claro sobre o novo contexto. "Uma interpretação complexa deste novo teatro da luta caracteriza o ativismo midiático", defende. A expressão "teatro da luta" foi utilizada por Brian Holmes ao mostrar imagens da "Mask factory", projeto de produção em massa de máscaras na Cúpula da FTAA (Free Trade Area of the Americas) de Quebec, em 2001. No telão que projetava a apresentação, a URL: http://www.u-tangente.org.

Holmes propôs então uma diferenciação entre os conceitos de "espaço" e de "space of flow" [espaço de fluxo]: enquanto que o espaço, para Castells, é o suporte material das práticas socias de tempo compartilhado, o "space of flow", segundo Felix Stalder, é a interação em tempo real independente do espaço em que esta se dá. "Flow", para Holmes, pressupõe a perda do ego, uma experiência completa por si só, que não precisa ter outras conseqüencias além dela mesma. a experiência dos movimentos sociais seria tão diferente desta? Não para Brian Holmes: "Ao mesmo tempo em que têm por objetivo mudar algo na realidade, elas também se bastam como forma expressiva".

Mas como utilizar e facilitar o acesso ao fluxo de informações em um contexto de conexão tecnológica perversa de pessoas que sabem como fazer sua mensagem chegar à mídia (crime organizado, fundamentalismo religioso)? "Será que as imagens de ativismo da cultura das novas mídias representam um versão menor e domesticada desta inclusão perversa?", perguntou-se Holmes, citando como exemplo os eventos recentes de ataques orquestrados pelo PCC na cidade de São Paulo, a que o crítico se referiu como "the PCC week".
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Juliana Monachesi



Registrado em: Domingo, 5 de Dezembro de 2004
Mensagens: 33
Localização: são paulo
MensagemEnviada: Qui Jun 15, 2006 5:40 pm    Assunto: Interfaces expandidas: conexões críticas Responder com Citação

Interfaces baseadas na realidade ("reality-based interfaces") foram o assunto da fala de Lucas Bambozzi. A expressão cunhada pelo artista e professor do Senac pareceu ecoar as mesmas preocupações externadas anteriormente por Brian Holmes.

Diante de inquietações como o suposto teor político da arte em novas mídias -"Estas práticas artísticas cresceram junto com o ativismo, mas não necessariamente caminharam junto com ele"-, a ambigüidade dos sistemas pervasivos -"Prestam-se a nos oferecer serviços ou a nos constranger?"- e a diminuição crescente do espaço público, Bambozzi analisou em paralelo a experiência da cidade e suas ambivalências e a experiência do espaço comum da rede (que, afirmou, prefere não denominar "ciberespaço" para evitar a relação com "ciber-utopias").

"As estratégias das corporações muitas vezes se adiantam às estratégias ativistas e artísticas." O que os flash mobs produziram de pior, segundo ele, foram coisas como a propaganda da Coca Cola em que uma espécie de mobilização via celular nas ruas de Praga resulta num gigante símbolo da bebida formado pela multidão reunida em uma praça.

"Que tipo de projeto de ativismo midiático surgiu no contexto brasileiro? Mobilizações para proteção de animais, contra o fast-food ou de TV turn-off, a la Adbusters, ou seja, questões que não são propriamente nossas", afirmou. Essa importação de bandeiras ativistas exteriores ao nosso contexto, ou ainda essa contradição entre contexto e conteúdo, seria uma demonstração da faceta pouco crítica do ativismo brasileiro. Interfaces críticas seriam, então, aquelas que propusessem instrumentalizar o público de forma a integrá-lo no espaço urbano, esta sim uma questão "nossa".

É aí que entra a idéia de uma "reality-based interface": um ativismo feito com ferramentas de comunicação diversas e, em geral, com mediação mínima, como no caso do projeto de Autolabs na Zona Leste, do grupo Mídia Tática. Bambozzi também citou como exemplos o projeto Calhau, de Giselle Beiguelman, o projeto Cubo, as mobilizações capitaneadas pelo Canal Contemporâneo e o projeto de Antoni Abad com grupos de ciganos, taxistas, deficientes físicos etc., "uma potencialização de comunidades, por meio da distribuição de celulares com possibilidade de upload rápido de fotos para um website", explicou.
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Juliana Monachesi



Registrado em: Domingo, 5 de Dezembro de 2004
Mensagens: 33
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MensagemEnviada: Qui Jun 15, 2006 9:01 pm    Assunto: Software livre e globalização contra-hegemônica Responder com Citação

André Lemos tratou em sua palestra no Conexões Tecnológicas de três leis da cibercultura: emissão, conexão e reconfiguração. Para ele, estas três máximas explicitam os comportamentos sociais associados à cultura digital. Usando como exemplos chats, blogs, podcasts, redes peer to peer (p2p) e softwares livres, o professor e pesquisador do Centro Ciberpesquisa da Universidade Federal da Bahia mostrou que, neste contexto, a emissão é livre e indiscriminada; a conexão e a ubuqüidade são condições que caminham em paralelo à emissão: "Não basta produzir sem circular. A máxima punk 'compartilhe, misture (remix), colabore, distribua informação' retorna aqui"; e a reconfiguração é o resultado das duas primeiras leis: "Aqui o mote punk atualiza-se em: 'dê sua parcela para modificar a cultura vigente'. Essa modificação não é aniquilação, nem simples substituição, mas reorganização e convivência de formatos midiáticos: jornal on-line e impresso, espaço urbano e redes, podcast e rádio, TV e Web, amigos de bar e de MSN."

O próprio movimento de colaboradores de software livre se inscreve nestas leis, segundo André Lemos, uma vez que a emissão e liberação de código fonte em rede, posta para circular, gera uma reconfiguração cultural. "A 'cultura copyleft' é uma cultura da colaboração que tem sido potencializada pelo ciberespaço. O surgimento de formas de colaboração em rede é fundamental para compreender a migração de sistemas proprietários em direção aos sistemas baseados em colaboração comunitárias ao redor do mundo, os softwares de código aberto", afirmou. "A hipótese aqui é simples: O que vem sendo chamado de copyleft é o que estrutura qualquer dinâmica identitária e cultural: a troca, as influências mútuas, a cooperação. Barrar esse processo significaria frear o desenvolvimento e o progresso do conhecimento humano. A batalha atual para adoção de softwares livre (ou de código aberto) tem no fundo esse debate como mobilizador."
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Juliana Monachesi



Registrado em: Domingo, 5 de Dezembro de 2004
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MensagemEnviada: Dom Jun 18, 2006 5:28 pm    Assunto: Linkania: resistência e descentralização Responder com Citação

Hernani Dimantas apresentou em sua palestra no fórum os projetos Metáfora e Metareciclagem, cuja inspiração é a cultura hacker e o conhecimento livre. Mais do que projetos de um grupo, ambos se formaram mais como movimentos que foram agregando (e reciclando) participantes. As ações de recuperar computadores descartados pela sociedade e capacitar comunidades a utilizá-los são, para Dimantas, uma espécie de mídia tática que se desenvolve no engajamento, na imersão e na atitude de hackear estruturas que governam nas mídias e no sistema.

"Dada a característica rizomática da rede, não dá para ter muita autoria, as coisas são emergentes. Eu gosto de usar a palavra linkania ao invés de cidadania, que tem mais a ver com cidade. Nós somos links ligados a outros links. A hiper-conexão não faz muito sentido se não pensarmos em comunidade, ou em multidão, para usar o conceito de Negri. Nós somos a rede", afirmou.

O pesquisador em cibercultura aposta no coneito de "multidão" como uma forma diferente de pensar o que seja a rede, mas fez uma diferenciação entre o conceito Negri, para quem esta é uma idéia marxista de multidão como classe, e aquele utilizado por Ellias Canetti, para quem multidão não pode crescer, senão vira poder. Hernani prefere a visão de Hakim Bey, daqueles movimentos coletivos que acontecem como fenômeno temporal (as zonas autônomas temporárias). "Acaba porque tem que acabar. Vejo a colaboração como algo que tem um ápice e depois uma queda, uma perda de potência, o que é necessariamente bom, porque a revolução digital está nos agenciamentos. Enquanto a gente está na potência, como multidão, a coisa acontece. Depois muda."

Falando a partir da obra Massa e Poder, de Canetti, Dimantas afirmou que a sociedade da colaboração não pressupõe projetos em que as pessoas se engajam ad eternum: "As coisas são dinâmicas e as colaborações têm efeitos dinâmicos". Ele vê forças de resistência e transformação nesta nova dinâmica cultural. "A rede modifica conceitos, provoca alterações da metafísica padrão. Não é possível pensar em tempo e espaço da mesma forma. O tempo é assincrônico e o espaço é a conexão." Deste modo, o ser também está se modificando. "A gente pode ser muitos ao mesmo tempo, vide os nicknames na internet. A multidão passa a estar dentro da gente também", concluiu.
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