Pesquisar
Quem está on line

Entrar
Usuário:
Senha:
Permanecer Logado automaticamente em cada visita
 






Sobre "manifesto" contra seleção de bolsas do Salã

 
Novo Tópico   Responder Mensagem    Página Principal -> Para que servem os salões?
Exibir mensagem anterior :: Exibir próxima mensagem  
Autor 
 Mensagem
Rodrigo Braga



Registrado em: Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969
Mensagens: 0

MensagemEnviada: Seg Fev 28, 2005 1:51 am    Assunto: Sobre "manifesto" contra seleção de bolsas do Salã Responder com Citação

SALÃO PERNAMBUCANO DAS ARTES ESTAGNADAS

ei, vocês viram o resultado do salão?
caralho, galera!
é foda, 150 mil pra ser dividido entre uma porrada de artista
lascado, cheios de idéias, porém idiotas. sIm, porque na
verdade nenhum de nós concorreu, NÃO EXISTIA CONCORRÊNCIA. perdemos
nosso rico tempo em escrever, pensar, delirar, autenticar, imprimir
em a4, pra quê? deixa eu lembrar:
- no 45° salão de Pernambuco não dá sorte, tivemos alguns
nomes conhecidos: márcio almeida, marcelo coutinho, paulo
meira,amigos, desculpem aí, mas assim não dá, é república do café
com leite, é?
-vamos renomear este negócio, quem sabe, salão pernambucano de
artes estagnadas, ou melhor, cristalizadas
-sim, nós fizemos a burrice de enquadrar nosso trabalho de acordo
com o edital ridículo(papel A4,autenticação de documento, etc),
bem pouco artístico(bem, acho que nem somos artistas)
- ei, minha gente, será que sempre seremos escanteados?
- ei, minha gente, será que estamos fadados a fazer eventos
marginais, sem ganhar um puto tostão
- caralho, que julgamento de satanás é este?ainda por cima
gastei 30 reais e não vou ter meu projeto de volta
- teremos que ficar tomando cafezinho na fundarpe , na prefeitura,
dando pinta, falando potoca com as secretárias?
- caralho, caralho, caralho minha gente!
- vamos assaltar a fundarpe, resgatar nossos projetos, e verificar a
qualidade superior dos que foram aprovados
- galera, só podemos agora satanizar, ser chatos, impregnados,
reclamar do dinheiro público posto nesta palhaçada, e, pobres
de nós, continuar submemetendo-nos a salõezinhos, projetinhos,
eventinhos...
- que bela merda também somos...
- galera que distribuiu as vuitton, vocês nem são meus amigos,
mas são uma merda, são muito gentis e educados, mas incompetentes
-deus tomara, saia tudo nos conforme daqui pra diante : beber,
afogar as mágoas e descontar a raiva satanizando e continuar
sobrevivendo fora da casinha
- e por último, a certeza de que esta lista de aprovados...?

-------------------------------------------------------------------------

Amigos do pequeno mundo das artes,

Como é de conhecimento da maioria, este “manifesto” acima foi distribuído no Museu do Estado e também via e-mail e foi levado a público através dos principais jornais da cidade. Nesse contexto resolvo manifestar o que penso a respeito dos últimos acontecimentos sobre o resultado de seleção das bolsas do salão, até porque tenho recebido diversos e-mails e comentários verbais dos amigos da área com as mais diferentes opiniões que levantam questões hora pertinentes, hora desprazíveis sobre o assunto. Quero dizer algumas palavras por me sentir envolvido de alguma maneira, embora não seja por críticas a mim nem ao meu trabalho, me sinto motivado socialmente a fazer algumas observações que considero importantes.

Todo processo seletivo é polêmico em qualquer área por conter o princípio de exclusão em si (uma minoria entra, uma maioria fica de fora). Ponhamos isso num contexto escasso como o nosso – a socialmente ingrata “bolha” que é o mundo das artes em que vivemos – agora potencializemos para a realidade nordestina (se poucos investimentos chegam aos produtores das artes visuais neste “mercado” quase inexistentes, imaginem aqui onde vivemos...). Levanto estes dados MACRO para que se faça perceber que no fundo estamos tratando de algo muito maior que os comentários que tenho recebido.

Agora vou ao MICRO. Quanto ao que foi dito (“república do café-com-leite”, “panelinha”, etc.), ou seja, a respeito de supostos vícios e estagnações nos processos dados nas duas últimas edições do Salão PE, gostaria de levantar o outro lado da moeda. Todo processo que envolve verbas públicas pode (e, até certo ponto, deve) ser questionado caso gerem insatisfações legítimas. Mas isso deve se dar de forma responsável e justa. É comum que os acontecimentos “negativos” (nem sempre tão reais assim) tomem uma dimensão espetaculosa enquanto as verdadeiras boas ações – aquelas que realmente contribuem para um desenvolvimento sadio e que se pretende democrático – nem sempre sejam noticiadas em voz alta. Pessoalmente considero legítimo que se conteste itens específicos de um processo seletivo, principalmente se este estiver acobertado por condições pré-estabelecidas em regulamento (que serve para resguardar legalmente tanto a instituição quanto os artistas inscritos), como é o caso anunciado a respeito do não uso do pseudônimo por uma das artistas selecionadas. Também acho a exigência do pseudônimo nos projetos altamente questionável, uma vez que privilegia os artistas mais famosos que já são obviamente identificáveis por sua poética exposta em fotos, textos, etc. Quanto ao restante das críticas; tornam-se muito relativas e passivas de serem acusações injustas, embora possam ser ditos e discutidos, repito, se feitas de forma construtiva.

É possível que o que vivemos nesse momento seja uma soberania velada de uma determinada tendência ou proposta curatorial que envolve agrupamentos por semelhanças estéticas e filosóficas que levem à escolha e divulgação com mais intensidade de artistas que compartilhem, junto com determinados curadores, uma dada linha de pensamento e poética de trabalho. Isto é um fato que acontece em todo o mundo e não é de hoje. Mas é bom lembrar que os artistas (em geral) não são culpados, eles fazem seus trabalhos enquanto os curadores exercem seu poder de escolha. O que pode e deve ser questionado é o excesso de poder nas mãos desses profissionais que, na prática e, sobretudo na última década no contexto brasileiro, vêm ditando as regras e estabelecendo o que o público deve ou não ver. Neste sentido, de fato, acredito que o resultado do prêmio/bolsa na edição 2003/2004 foi mais proveitoso por premiar um panorama mais diversificado que inclui artistas de tradição bidimensional e bastante experientes do fazer artístico (como Eudes Mota e Renato Vale), outros que vêm da década de 80/90 e trabalham a cerâmica num contexto renovado (Grupo Corgo), alguém de poética pessoal densa e sofisticada conceitualmente (Oriana), artistas de experimentação em meios digitais e fotografia/vídeo (eu, Renata Pinheiro e Juliana Notari), um artista dedicado a intervenções em espaços públicos (Lourival), ou mesmo produtores até então praticamente desconhecidos do público, mas que seguem poéticas de grande atualidade (como Japiá e Rosinha & Eulália).

Por outro lado é evidente e incontestável que a grande maioria dos artistas ganhadores da bolsa pernambucana nesta última edição (2005) possuam um trabalho sólido, inovador, de alta qualidade e, até onde posso acompanhar suas carreiras e constatar, são merecedores do valor. E me parece que é esse o papel do prêmio concedido: valorizar a excelência na qualidade das propostas e investir em projetos potencialmente ousados que dificilmente seriam realizados por seus proponentes. Este prêmio é mais um lócus consagratório de propostas maduras do que um espaço para “novos talentos”. É claro que isso não quer dizer que não poderia haver outras dezenas de projetos maravilhosos selecionáveis de tentos outros artistas, sejam eles reconhecidos ou não. Mas, infelizmente, o mercado de arte e/ou as instituições não abarcam toda a produção de uma época ou de uma geografia. E, de certo ponto de vista, é bom que seja assim. Não queremos um estado paternalista e merecemos ter a chance de criar formas alternativas de veicularmos o que fazemos! Se este caminho esperado da inclusão da diversidade estética não acontece por hora institucionalmente, cabe a nós artistas buscarmos por outras formas de circulação das nossas obras inventando e reinventando espaços. Esse tipo de coisa que acontece em larga escala, por exemplo, no Ceará, onde se produz uma arte de alta qualidade independente do acolhimento de suas instituições (lá ainda mais precárias que aqui). E nem por isso eles carregam o estigma da marginalização; se por um lado não são valorizados localmente, são em grande parte reconhecidos nacionalmente.

Volto a por a lente MACRO (até porque não era minha intenção tocar em tantos detalhes). Sou otimista e tenho sido um dos maiores entusiastas da minha geração. Tenho visto (e feito parte) de um assustador desenvolvimento do meio artístico pernambucano, algo nunca experimentado nessas proporções, envolvendo tantos artistas, arte-educadores, curadores, pesquisadores, instituições, etc. Não é a toa que a maioria dos críticos e curadores de outros estados levem sustos ao retornarem a Recife depois de anos e se defrontarem com a rica, numerosa, diversificada e, sobretudo, qualitativa produção dos artistas da região (levando-se em conta várias gerações). Além dos ótimos artistas (com capacidade cosmopolita e pesquisas refinadas) que o estado vem exportando na última década, Pernambuco passou a ser referência também no discurso crítico e na renovação institucional no país! E isso tem nome.

Creio e continuo apostando no valioso e vanguardista trabalho implementado por Moacir dos Anjos, Cristiana Tejo e Maria do Carmo Nino (só para citar os principais). Que fique bem claro: digo isso independente do juízo de valor a respeito de suas linhas curatoriais, algumas vezes passíveis de questionamentos (como de praxe entre os curadores) e muito menos independente de proximidades pessoais com minha pessoa. Não quero aqui meramente “rasgar seda”, mas quero expressar o que considero mais justo de ser dito em relação à atuação profissional dos três.

Moacir. Este nem precisaria de comentários mais extensos, até mesmo por não ter sido citado nas recentes críticas (apesar de der julgado o 45º Salão PE). Seu perfil crítico e sua capacidade de trânsito além das fronteiras locais e regionais o faz de um nome louvável no cenário nacional, além de estar contribuindo por uma melhor visibilidade dos nossos artistas em todo o país. Cristiana (juntamente com Paulo Bruscky) busca alternativas para um evento secular e caduco como um “salão de arte” e está sendo responsável por implementar as ações mais inovadoras e condizentes com as necessidades do meio artístico atual já vistas no país. Antes mesmo do Salão da Pampulha, Bruscky já havia convencido a Fundarpe da necessidade em realizar-se um salão com um novo formato, substituindo, sobretudo, a velha premiação pontual de obras já executadas pelo sistema de bolsas de pesquisa. Esta fundamental mudança atualmente de valia incontestável por todos nós (é verdade) é apenas uma das medidas ideológicas compartilhada por Cristiana. Mas as ações lavadas a cabo por ela são inúmeras e dizem respeito, acima de qualquer coisa, à formação e fomento do meio e do público num claro investimento em gerações vindouras. Nunca se discutiu tanto o “mercado de arte” quanto se faz atualmente através de palestras, visitas guiadas, oficinas, debates em sites, etc., ações tão valorizadas por ela. É decepcionante ver artistas (jovens ou não) que, diga-se de passagem, não participam nem como ouvintes destas iniciativas, estarem criticando o Salão. Por sua vez, Maria do Carmo, além de curadora também “exportada”, é uma das maiores responsáveis pela formação de uma já grandiosa nova geração de artistas, que têm em suas aulas ou orientações em pesquisas, uma grande possibilidade de crescimento intelectual e artístico. E sua generosidade vai além do meio acadêmico da UFPE.

Portanto, até onde sei, considero extremamente repugnante qualquer crítica descabida sobre a idoneidade e conduta ética dessas pessoas. Prefiro acreditar em suas boas intenções e torcer para que nos proporcionem mais alegrias futuras. O que pode e deve ser discutido, repito, é o processo de legitimação dado pela imensa e complexa rede das artes, a qual estamos todos envolvidos e somos, de certa forma, cúmplices. Ao menos até aqui, é inadmissível que se levante ofensas pessoais ou suspeitas improváveis.

É certo que muito há a ser feito (e não poderia ser diferente) e uma verdadeira inclusão institucional (formal ou não) está um pouco longe de acontecer. Mas isso vem acontecendo em passos largos. Isto não pode ser negado! Diferentemente da geração 80/90, que no início de suas carreiras tiveram formar grupos que lutar com o que dispunham para abrir espaços num ambiente muito mais rarefeito institucionalmente e que as próprias condições de acesso a informações e a possibilidade de formação dos artistas era limitado, hoje nos encontramos numa situação (por incrível que pareça) privilegiada. Com isso quero dizer; nunca houve uma união e uma confluência de esforços tão grande de um número expressivos de profissionais (principalmente jovens profissionais) que ocupam os mais diferentes “postos” da cultura contemporânea local expurgando velhos hábitos (estes sim!) estagnados quanto o que ocorre nos dias de hoje.

Afora isso, o que sempre existiu na história da arte foi a necessidade de legitimação de todos os artistas, incluindo-se os que estão à margem na confortável (por que não?) posição de “vítimas do sistema” seguida pelo invariável movimento de institucionalização dos mesmos. Não nos admirará se, daqui a cinco ou dez anos, os autores do desinformado, anacrônico e agressivo “manifesto”, sejam incluídos com aplausos pela crítica e instituições e que possíveis rebatimentos semelhantes aconteçam. (Se bem que só acredito nisso se eles investirem em suas formações artísticas e se concentrarem em suas poética, o que é mais importante.)

É isso, apesar de ainda haverem muitas necessidades refletidas em algumas imaturidades e precariedades em nosso meio artístico, como falei, sou otimista ao ver que até mesmo essa “polêmica” é saudável (respeitando-se os limites acima citados) e faz parte de um momento de crescimento abrupto de todos nós que compomos essa teia emaranhada.


Rodrigo Braga

rodrigob@hotlink.com.br
Voltar ao Topo

Lia Letícia



Registrado em: Terça-Feira, 6 de Fevereiro de 2007
Mensagens: 2

MensagemEnviada: Ter Fev 06, 2007 4:47 pm    Assunto: Responder com Citação

rodrigo, tu ainda tem aquele e-mail que te mandei no auge dessa discussão?
se tiveres,me manda, gostaria de colocá-lo nesse tópico
e...

aproveitando, estava de fora, mas pelo que vi nas discussões pós-resultados das bolsas, parece que já gerou confusão...

o difícil nisso é saber até q ponto o dinheiro público utilizado em "arte", nesse caso numa bolsa de pesquisa, deve ser "acompanhado" pelo orgão público responsável
sim , porque é delicado tanto cobrar pela execução leal e literal do projeto que foi apresentado na seleçao para as bolsas, visto que os caminhos tomados pelo artista podem ser outros(até pq se trata de uma pesquisa),qto aceitar um resultado completamente diferente desse mesmo projeto
enfim, acho que a discussao continua mais atual do q nunca...
Voltar ao Topo

MSN Messenger
Lia Letícia



Registrado em: Terça-Feira, 6 de Fevereiro de 2007
Mensagens: 2

MensagemEnviada: Ter Fev 06, 2007 4:53 pm    Assunto: Responder com Citação

renata faccenda pediu para repassar, aí vai povo das artes:

46º Salão de Artes de Pernambuco
(ô assuntinho pra render!)

Sobre o Prêmio do site:

Ô Innó, tu fez esse site no word, num foi não? Diz aí... E esses botãosinhos default que tu pegou em algum template? E esse domínio gratuito?? Meniiiino, um domínio decente num custava nada rapaz e ficava menos feio pra tu... E essa atualização "espontânea", que tu falou... que traduzindo é "eu vou atualizar quando me der na telha..." né não? Que espécie de compromisso é esse??? E esse copy paste de textos aleatórios colhidos na internet? Eu não entendi o teu critério... E o que é que tu chama de "documentação imagética da cena cultural pernambucana"?? Albinho de fotos onde na metade aparece tua carinha bonita e de amiguinhos e/ou família?? Precisa de Salão de Artes pra isso não menino, faz um blog! É de graça também... tu pode até postar videosinhos do You Tube. Isso é desonesto menino, feio mesmo, tenho certeza que tua mãe não te deu essa educação. Ah! E as 2MIL imagens??? Num contei não, mas cá pra nós, ali num tinha nem 100! "Apoio: NENHUM" e o agora "Apoio: NENHUM, ainda." tá foooooooooooooooooodaaaa!!! Muita cara de pau, muita cara de pau, muita cara de pau, muita cara de pau, muita cara de pau, muita cara de pau, nunca vi isso! E pra finalizar: a sessão "Serviço" num é mais cara de pau não, é cara de TITÂNIO! Deixa eu te explicar: quando a pessoa bota uma sessão de serviço num site, é um serviço aos USUÁRIOS do site e não ao AUTOR, querido. É pra ajudar em alguma coisa a vida do povo que vai lá no site e não a tua... tu usou cada buraquinho que tu viu no site pra se autopromover! Sem falar que é feio, FEIO, F-E-I-O! E teu trabalho é muito do brega!

Olha, faz assim: passa lá na Rua da Concórdia, compra um Mancômetro de larga escala, faz uma medição, depois vai na Farmácia dos Pobres, compra um Simancol do frasco grande e toma todinho de uma. Aí se tu melhorar, tu pega esses 5mil que tu recebeu e vai lá na Fundarpe e devolve. E sem esquecer de pedir desculpas pra galera.


Atenciosamente,
Renata Faccenda


Sobre o Prêmio de Pesquisa:

Clarissa, você é muita boa! Tua pesquisa foi genial, algo realmente necessário para o mercado de Recife, tua apresentação foi maravilhosa, além de leve e bem-humorada. Tomara que tu publique esse livro! Um beijo pra tu!

Sobre o Prêmio do vídeo:

Não preciso nem comentar: Grilo e Ernesto (e dedinho do Fê, que eu sei): vocês são uns gênios! Eu queria ser amiga de vocês! :-)
Voltar ao Topo

MSN Messenger
Mostrar os tópicos anteriores:   
Novo Tópico   Responder Mensagem    Página Principal -> Para que servem os salões? Todos os horários são GMT - 3 Hours
Página 1 de 1

 
Ir para:  
Enviar Mensagens Novas: Proibído.
Responder Tópicos Proibído
Editar Mensagens: Proibído.
Excluir Mensagens: Proibído.
Votar em Enquetes: Proibído.


Powered by phpBB © 2001, 2004 phpBB Group
Traduzido por: Suporte phpBB