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Salões: sirvam-se.

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Dayse Carneiro

Registrado em: Sexta-Feira, 15 de Julho de 2005
Mensagens: 1

Enviada: Sex Jul 15, 2005 6:05 pm Assunto: Salões: sirvam-se.

A história sempre nos reserva lugares comuns. Uma tentativa de entendimento do suposto paradoxo "para que servem os salões?", a qual, a princípio, parece surgir como uma questão capital, não consegue disfarçar, no entanto, a sua verdadeira face: "por que eu não fui selecionado?"

Ora, se, antes de entendermos para que servem, não perdêssemos de vista para o que os salões não se prestam, muita energia seria poupada, e venturosamente canalizada (desculpem o trocadilho!), na construção e na solidificação de um circuito variado, descentralizado e sistêmico de arte no Brasil.

Descontadas as utopias, o que podemos pretender de um salão de arte é a construção de uma história suficientemente sólida e específica do próprio salão, que poderá ou não contribuir para a relevância geral de seu contexto sócio-histórico. Definitivamente, um salão de arte não conta a história da arte de seu local, mas conta para ela. Um salão de arte não constrói panoramas, senão recortes; não escreve anais, mas ensaios. Um salão de arte não promove (e nem promete) um arrebanho, mas uma escolha. O mero desconhecimento mais primário desta definição mais básica gera uma série interminável de protestos, barricadas e pleitos, baseados em direitos ideológicos, legalidades jurisprudentes, democracias de cartilha, éticas de Jornal Nacional e coisas do tipo; mas também é capaz de nos brindar com piadas excelentes.

Por exemplo, que bom que sempre surjam equívocos que formarão, um dia, o folclore anedótico de cada evento. Poucos se comparam ao deste selecionado-não-selecionado para o V Salão Nacional de Arte de Goiás que, após ter seu nome veiculado por algumas horas no site da mostra, acabou recebendo as chaves de sua cidade, com direito à nota na imprensa local e, quem sabe, já um projeto de busto honorífico. Muito indignado em carta ao CC, expressou seu sonho e sua honra destruídos, achincalhados (mas, não nos enganemos, sobretudo, estornados), por uma retificação desastrada na lista eletrônica por quem, ao fim, paga, de fato, por esta e outras trapalhadas (como o malfadado sistema de cotas, que embasa a paupérrima, mas reversível, regionalização das últimas três edições): o Flamboyant Shopping Center.

Agraciado por uma inusitada publicidade que, na mão de um artista, se tornaria positividade, humor e munição estética, este cristão não se percebeu encantado pela poção dionisíaca de Warhol e, martirizado, ressentiu os seus preciosos 15 minutos de fama com culpa, resmungos e por quês. Certamente, faltou-lhe espiritualidade.

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Bruno Vieira

Registrado em: Sexta-Feira, 11 de Fevereiro de 2005
Mensagens: 4

Enviada: Sáb Jul 16, 2005 11:53 pm Assunto:

Caríssima Dayse Costa

Fazendo referência a suas colocações, só preciso informá-la que fui selecionado e a questão principal desse episodio não são essas que apontas
Quero usar uma metáfora como exemplo para explicar a situação:
Se uma universidade divulga na pág do seu próprio site uma lista de aprovados no vestibular e um candidato ver seu nome entre os aprovados, ele não iria comemorar? O meu nome estava lá, fui aprovado no vestibular e na hora de efetuar a matricula soube que ao tinha passado. São os meus “por quês” ?
Atenciosamente,

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