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novembro 1, 2005

Comentários ao relato da Clarissa Diniz, Spa das Artes-Recife, por Fabiana Santos

Comentários ao relato da Clarissa Diniz, Spa das Artes-Recife, por Fabiana Santos

O seu relato, Clarissa, é bem interessante como experiência pessoal vivida e também nas questões que levanta sobre as repercussões da ação Afora e os aspectos ideológicos envolvidos na açao do grupo Pardieiro.

É realmente impressionante a impossibilidade de controle dos desdobramentos quando fazemos a chamada arte pública. Provocamos os sentimentos das pessoas, desencadeamos reações que não podemos prever simplesmente porque não sabemos quem estará envolvido com a nossa ação - ali não conhecemos nosso público.

Diferentemente de produzir arte dentro do ambiente das artes, as leituras são infinitamente mais abrangentes porque se originam de pessoas que talvez nunca entrassem num espaço delimitado como de arte ou cultura mas que, na rua, não sentem o peso dessa delimitação e não se sentem tolhidas em suas reações.

Ou seja, na rua, as pessoas se expressam mais livremente, não tendo que responder a uma determinada expectativa de leitura - da qual se sentem cobradas num Museu ou numa galeria. Daí toda a riqueza do trabalho na rua.

A personagem criada por você foi catalisadora das mais variadas projeções das pessoas! De louca a santa, eram as representações de cada um projetadas sobre ela. A ação deu margem a diversas interpretações e reações - e me pergunto, não é isso que queremos quando nos propomos a sair dos espaços "protegidos" do circuito e nos aventurarmos nos lugares de todos e de ninguém, nas ruas? Às vezes pode ser assustador. Pode até se tornar uma experiência violenta, dependendo do tipo de emoção deflagrada. Ali havia uma mulher em situação de fragilidade, mas também podia ser uma louca fanática religiosa "insuflando a desordem"! Desde o alerta do imaginário do guarda até o sentimento de solidariedade despertado em outras pessoas, a ação foi tão forte e colocou em movimento tanta energia, que a sensação de ter recaído sobre voce dá a dimensão do que é trabalhar com o público na rua.

É interessante sua reflexão também sobre a ação do grupo Pardieiro. Porque é importante essa questão de não falar pelo outro, não colocar na voz do outro um discurso que não é seu. Há um limite muito tênue entre a denúncia de uma situação sobre a qual consideramos necessário refletir e a imposição de um "olhar", a interpretação, a nomeação, a adjetivação que às vezes só fazem alimentar preconceitos sociais e não contribuem para mudar as situações indesejáveis que queremos denunciar. Em alguns casos até, o trabalho denuncia somente os preconceitos do(s) autore(s).

Essa reflexão se aproxima bastante, em seus aspectos políticos e ideológicos, de umas questões que eu também venho pensando. Tenho observado que muitos trabalhos comentam ou pretendem denunciar a miséria, a fome, violência, presídios, crianças de rua, exploração sexual de crianças, situação da mulher, etc, temas sociais e políticos, e que refletem uma preocupação dos artistas nesse sentido. Mas acho que há pouca elaboração, às vezes, sobre o conteúdo e a forma de colocar as questões no interior do trabalho, o que faz com que a "boa intenção", digamos assim, do autor não se cumpra. Por exemplo, no trabalho que você citou há a intenção de denúncia e de provocar, mexer com os valores sociais.

Os que eu observei, que não se inserem no campo da performance ou ação pública, também apresentam esse aspecto político-ideológico. Sobre os últimos eu me perguntei: será que esses trabalhos não estão somente operando uma manobra de inserir no circuito das artes, através de sua "leitura particular", questões que já estão amplamente difundidas pela mídia no circuito maior - a sociedade? Uma estetização dos problemas? E aí há um detalhe perverso: trazer essas questões específicas estetizadas para um circuito menor e altamente elitizado como o das artes plásticas, soa como torná-las visíveis para quem não quer vê-las, como torná-las digestivas para quem não consegue engoli-las. Me pergunto qual o valor disso...

Se acreditarmos que a intenção do artista ultrapassa o mero interesse utilitário de abordar temas "politicamente corretos" num trabalho de arte, então há que se pensar um pouco mais. Porque se é dado ao artista hoje a liberdade de transitar por qualquer campo do conhecimento, enfim, da vida e essa transversalidade tem enriquecido nossa atividade, eu acredito também que deve haver uma preocupação da nossa parte em, como você sugere, refletir criticamente sobre o tema que queremos abordar. E a meu ver isso inclui também procurar conhecer melhor suas implicações e possíveis desdobramentos dentro desse mesmo campo ampliado onde queremos atuar.

Posted by João Domingues at 3:38 PM | Comentários(2)
Comments

Um campo nu de possibilidades infinitas.Enquanto alguns olham para o campo, outros se lançam sobre as questões que lhe futucam o espirito...não vejo razão para puritanismos quanto ao lugar que a produção ocupa ( cada cabeça seu guia!).Não acredito que nos seja possivél sabermos aonde nossas cartas chegarão.
O trabalho seja de qual linha for,lança cartas,mas seu real leitor talvés nem tenha nascido ( pergutem a Vincent ou ao Bispo!)

Posted by: benjamin abras at janeiro 24, 2006 11:57 PM

Manifesto a minha consternação pela perda lastimável, em 16 de Setembro de 2007, do grande homem e artista plástico Bernardo Caro. Criatura digna, virtuosa, de fé inabalável, amor à família, à cidade e ao próximo. Um homem dos mais queridos e respeitados. Um ícone cultural que deixou um legado de conhecimento e sabedoria como eminente ser humano. Uma herança de luta, trabalho,honradez, aptidão nata e, sobretudo brasilidade. Somente a história poderá dizer o quão significativo foi a contribuição de Bernardo Caro para a cultura nacional e internacional. A sociedade campineira presta aqui um tributo ao seu magnífico talento e celebramos a sua memória que certamente se projetará por muitas gerações.

Educadora Infantil
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Posted by: Macromar Mielli Andrietta at setembro 17, 2007 6:51 PM
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