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fevereiro 9, 2012

Nan Goldin fala da polêmica exposição que chega ao MAM, O Globo

Nan Goldin fala da polêmica exposição que chega ao MAM

Matéria originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Globo em 7 de fevereiro de 2012.

RIO - Em meio a uma polêmica que se arrasta desde novembro, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) inaugura amanhã para convidados e na quinta-feira para o público a maior retrospectiva já feita no país da fotógrafa americana Nan Goldin — classificada pelo jornal "The New York Times" como "a mais influente dos últimos 20 anos" depois de ter forjado um novo gênero fotográfico. Entre as décadas de 1970 e 2000, quando circulava pelos submundos de Nova York e Boston, Nan flagrou, entre outras, imagens de nudez (tanto adulta quanto infantil), sexo explícito, uso de drogas e homossexualidade. A obra, que o Oi Futuro exibiria em janeiro mas desistiu, alegando não ser condizente com seu perfil educativo, foi acolhida pelo MAM, mas inspira cuidados: para derrubar eventuais liminares, o museu mobilizou uma equipe jurídica que ficará de plantão durante os próximos dias.Com curadoria de Ligia Canongia e Adon Peres, a exposição vem sendo costurada há mais de um ano. Mas, no fim de 2011, quando o Oi Futuro — que deu R$ 341 mil ao evento como patrocínio — tomou conhecimento do conteúdo das fotos de Nan, abriu mão de sediá-la e solicitou que seu logotipo ficasse de fora de todo o material de divulgação.

A exposição "Heartbeat", que mobilizou uma equipe multinacional e demorou uma semana para ser totalmente instalada no segundo andar do MAM carioca, reúne um total de 1.195 fotos. São 15 imagens impressas da série "Landscapes" (1979-2008) — que Nan não costuma exibir — e três slideshows de cerca de 50 minutos cada um que abrigam o conteúdo que causou polêmica: "The ballad of sexual dependency" (1981-2008) — considerada sua obra-prima —, "The other side" (1972-1990) e "Heartbeat" (1999), que dá nome à mostra.

Para Nan, seu conjunto de snapshots — que muitos acreditam que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor no Brasil desde 1990 — fala de "afeto e relacionamento humano".

— Há uma discrepância entre o ruído em torno do trabalho da Nan e a realidade das imagens — diz Luiz Camillo Osório, curador do MAM-Rio. — Para encerrar essa polêmica, fizemos dois encontros multidisciplinares sobre o assunto no museu, vimos as imagens juntos e não achamos que estamos infringindo o estatuto. A Nan expõe no mundo todo e, por mais que haja discussão em torno das imagens, elas são vistas e debatidas. Isso é saudável e democrático.

Apesar dessa conclusão e da vontade de separar a mostra da polêmica anterior, o corpo jurídico do museu, liderado pelo advogado Álvaro Piquet, já preparou uma estratégia para, se necessário, defender "Heartbeat" na Justiça. Contra possíveis liminares, guarda na manga uma vasta pesquisa sobre a legislação em vigor e promete fazer uma espécie de vigília no Judiciário.

Quem visitar o segundo andar do MAM até o dia 8 de abril verá que o cuidado foi redobrado. Cada slideshow ocupa, sozinho, uma sala escura especialmente construída para abrigá-lo. Trata-se de um ambiente sombrio, com um telão quadrado, que tem, logo na porta, um cartaz que informa que o conteúdo em exibição não é "recomendado para menores de idade".

Na noite de domingo, Nan Goldin anunciou que não viria à inauguração de "Heartbeat", mas conversou com O GLOBO por telefone por mais de uma hora e insistiu em dizer que sua ausência não tem qualquer relação com a polêmica.

— Minha mãe está muito perto do fim da vida. Tem 96 anos e sofre de Alzheimer. Meu pai tem 98 e está lúcido, sofrendo muito. Eles foram casados e moraram juntos por 72 anos. Então é hora de ficar com eles — justificou.

Nan, no entanto, promete vir à cidade em abril. Quer promover um finissage no encerramento da mostra brasileira.

— Ainda quero encontrar os artistas que me defenderam ante o Oi Futuro e também aprofundar minha pesquisa sobre as crianças brasileiras. Desde que vi "Pixote — A lei do mais fraco" (de Hector Babenco, de 1981), me interesso por isso. Ainda quero incluir um capítulo sobre as crianças do Brasil no slideshow em que estou trabalhando atualmente, o "Fire leap".

"Fire leap", aliás, foi, segundo Nan, cogitado pelos curadores para ser exibido no Rio, mas como reúne, ao longo de 15 minutos, cerca de 200 fotos só de crianças, ficou de fora. Seria cutucar a onça com vara curta.

Mas Nan está de bom humor e comemora a inauguração:

— "The ballad of sexual dependency" é o trabalho da minha vida. Uma carta de amor para meus eternos amigos.

Nan Goldin vai contando, à distância, o que o visitante verá no MAM:

— As 15 fotos de "Landscape" (que estarão numa parede pintada de fúcsia acinzentada a pedido da artista) mostram meu amor pelo deserto, pelo oceano e pelo céu, essas coisas gigantescas. É uma pequena mostra de um trabalho que tem centenas de imagens e lembra como somos pequenos no universo.

Em seguida, Nan comenta os três slideshows:

— "Heartbeat" surgiu de uma parceria com a Björk. Ela canta, eu ilustro. E ganhou uma nova versão na semana passada. Terá 160 fotos, metade do que costuma ter, espalhadas por 50 minutos, num ritmo mais lento do que o normal.

Segundo Nan, "Heartbeat" fala sobre a dificuldade do relacionamento a dois. Dividido em cinco capítulos, ele é um registro muito próximo da vida de cinco casais amigos dela.

— É quase como se eu fosse parte do casal. Fotografei-os muito de perto mesmo, mas nunca transei com eles — diz.

Um trabalho de 30 anos

Já "The other side", que ocupa a segunda sala da exposição, trata da vida do grupo de transexuais, travestis e drag queens do qual Nan se aproximou nos anos 1970, quando ainda era adolescente, em Boston:

— Convivi com eles por três anos, e vi como eram completamente alijados da sociedade. As pessoas os odiavam.

Por conta desse slideshow, que também tem 50 minutos, Nan conta já ter recebido diversas cartas de agradecimento.

— Muitas pessoas me escreveram dizendo que ele as ajudou a sair do armário, a se assumir e, sobretudo, a não se sentir tão sozinhas no mundo — ela diz. — Talvez seja pelo fato de eu nunca ter encarado aquelas pessoas como homens ou mulheres, mas como um terceiro sexo. Isso muito antes de escreverem sobre isso por aí.

"The ballad of sexual dependency" está, de propósito, no fim da mostra. Com 42 minutos de duração e 720 slides, é a obra-prima de Nan, um trabalho que demorou quase 30 anos para ficar pronto.

— Comecei em 1981, em Nova York, e fui mexendo nele até 2008. É a história de uma vida, de uma comunidade que não existe mais graças à Aids. Assisto à "Balada" com frequência e já perdi a conta de quantos ali morreram. Era um grupo que decidiu ficar politicamente, esteticamente e ideologicamente afastado da cultura dominante.

A trilha sonora de "The ballad" conta com mais de 40 músicas e foi cuidadosamente montada por Nan. Há Maria Callas cantando a ópera "Norma", Lou Reed e Velvet Underground, entre outros.

— Em 1989, quando abandonei as drogas, passei a fotografar durante o dia, usando a luz natural, e isso também está lá, marcando uma mudança radical no meu trabalho.

Na coleção de snapshots de "The ballad", diverte-se aquele que tenta localizar famosos entre os anônimos clicados por Nan. Estão lá o cineasta John Waters e os artistas plásticos Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol, entre outros.

O trabalho de Nan Goldin faz parte dos principais acervos artísticos do mundo. Está presente, por exemplo, no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, na Tate Gallery, em Londres, e no Georges Pompidou, em Paris.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/nan-goldin-fala-da-polemica-exposicao-que-chega-ao-mam-3897043#ixzz1lumC9nVp
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Posted by Cecília Bedê at 5:25 PM