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Como atiçar a brasa

 


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novembro 26, 2007

"Esquentando os salões", por Fátima Sá, O Globo

"Esquentando os salões"

Matéria de Fátima Sá, originalmente publicada na Revista O Globo do dia 25 de novembro de 2007.

Ainda em obras, a Casa Daros já movimenta a cidade com oficinas e encontros de artistas

Um barracão nos fundos de um terreno em Botafogo virou um festejado ponto de encontro do circuito artístico carioca. Marcelo Yuka esteve por lá dia desses discutindo idéias para um livro infantil. Antonio Dias aproveitou o espaço para reunir amigos e colecionadores. Ernesto Neto, Iole de Freitas e Vik Muniz também já circularam pelo lugar. Sem falar nos artistas latino-americanos que têm aparecido freqüentemente. O cenário de tanto agito é a sede provisória - e improvisada - da Casa Daros, filial carioca da Daros-Latinamerica, instituição suíça que reúne a maior coleção de arte da América Latina na Europa.

Oficialmente, o espaço abrirá as portas apenas em meados do ano que vem. O casarão que irá abrigá-lo ainda é um imenso canteiro de obras. Mas o barracão e um galpão ao lado dele estão sendo usados para oficinas, palestras e encontros de artistas. Um pequeno exercício do que a Casa Daros pretende pôr em prática no Rio. O espaço vai abrigar exposições, uma biblioteca especializada em arte latinoamericana, filmes, workshops e vários projetos de arte-educação. Também pretende hospedar artistas, para que eles tragam sua rotina criativa para dentro da casa.

- A proposta é abrir espaço, dar instrumentos e chamar as pessoas - diz Isabella Nunes, gerente geral da Daros carioca. - O que nos interessa é justamente o que pode nascer desses encontros.

Por enquanto, os tais encontros têm provocado interessantes trocas de experiências. Desde agosto, por exemplo, 26 jovens artistas selecionados pela equipe da casa participam de oficinas com críticos, pedagogos e artistas. Eles já estiveram no lixão de Gramacho com Fabio Ghivelder, assistente de Vik Muniz, coletando matéria-prima para o artista. Também ajudaram Ernesto Neto a criar uma instalação na Praia do Leme. E, a bordo de um ônibus da linha Penha-Cosme Velho, fizeram flores de papel para distribuir aos passageiros. O trabalho no ônibus foi uma das atividades realizadas com o panamenho Humberto Vélez, que expôs recentemente na Tate Modern, em Londres, e causou sensação ao transformar uma galeria num ringue de boxe.

Vélez esteve no Rio no mês passado. Pouco depois, desembarcou por aqui a mexicana Betsabeé Romero. Acostumada a desenvolver obras de arte para espaços urbanos, Betsabeé levou o grupo até o Morro do Banco, comunidade sem tráfico nem milícia a que se tem acesso por um condomínio de casas, no Itanhangá. O resultado foi parar numa das praças do morro: o Carro-Molotov - um Chevete velho, coberto por garrafas de cerveja com um pano dentro, lembrando coquetéis molotov.

- É para recordar que a cultura, numa comunidade, pode gerar outro tipo de arte, outras formas de explosão - dizia a mexicana, cercada pelos alunos e por moradores da favela, numa sexta-feira calorenta, quando o carro começou a ser preparado.

Sejam palestras ou atividades na rua, os jovens artistas terão encontros assim até dezembro. A idéia das oficinas é fazer com que eles sejam capazes de relacionar ate e educação de maneira não-convencional. Alguns captaram bem o espírito.

- O foco é acabar com o egocentrismo do artista, que se isola. A idéia é conviver com diferentes grupos - argumenta Carolina Cortes, de 28 anos, aluna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e integrante da oficina.

Quem associa educação e museu a enfadonhas visitas guiadas deve se surpreender com a proposta da Daros.

- Nosso princípio fundamental é a visão do educador Paulo Freire, que dizia que ensinar é saber escutar e que o ensino é um processo sempre inconcluso de interação horizontal - teoriza o cubano Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte-educação e pesquisa da casa.

Outro projeto que vem agitando o lugar acontece entre andaimes e britadeiras. Desde agosto, seis integrantes da Escola de Fotógrafos Populares Imagens do Povo, do Observatório de Favelas, registram o dia-a-dia da obra no casarão. As imagens passam longe da mera documentação, que fique claro. São imagens autorais.

- Quando mostramos as primeiras fotos, os diretores gostaram tanto que resolveram fazer um livro - conta o coordenador do grupo, Dante Gastaldoni. - Eles já produziram mais de 600 imagens e ainda farão muitas outras.

Desse total, devem ser selecionadas 250, além de 60 dos portfólios de cada um. No terreno da fotografia, chama a atenção também a Casinha Daros, uma oficina de pin hole para 34 meninos de 12 a 17 anos que vivem em comunidades carentes do Rio. As fotos feitas por eles, usando como câmeras potinhos de filme e latas, devem ser expostas na casa.

- Eles têm lições teóricas, aulas de direitos humanos e saem para fotografar na Daros, nas comunidades e em pontos turísticos - conta o fotógrafo Bira Carvalho, que comanda o projeto.

Uma das maiores preocupações da Casa Daros é tornar-se íntima dos cariocas.

Exemplo disso são as noites do projeto Passa lá em Casa, em que artistas convidam amigos e parceiros para um coquetel oferecido pela Daros. Depois de Iole de Freitas, Vik Muniz e do cineasta Roberto Berliner, na semana passada foi a vez de Antonio Dias receber no barracão/galpão. Entre comidinhas da Academia da Cachaça e som do DJ Dodô, eram projetados vídeos do artista para uma platéia que incluía os marchands Jean Boghici e Mercedes Viegas e os colecionadores Luis Antonio de Almeida Braga e Marta Fadel. Mês que vem, Ernesto Neto será o cicerone.

Paralelamente a esses eventos, a direção da casa vem discutindo outros projetos, como a edição de livros. Uma das propostas é lançar um título infantil, com texto de Marcelo Yuka e ilustrações do cubano Antonio Eligio Fernandez, o Tonel. Como a estrutura ainda é precária, os agitos, por enquanto, são restritos a convidados. Mas as obras seguem em ritmo acelerado. A Daros ocupará um casarão de dez mil metros quadrados do século XIX, na Rua General Severiano. O imóvel, comprado por R$ 16 milhões, vem sendo recuperado desde junho pelo escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

- A gente não vê a hora de abrir e começar a expor a coleção - suspira Isabella.

A tal coleção reúne mais de mil esculturas, pinturas, desenhos, fotos, vídeos e instalações produzidos desde os anos 60 por cerca de cem artistas. Iniciada em 2000, a Daros Latinamerica pertence à milionária Ruth Schmiteinyr, que costuma vir ao Brasil a cada três meses para se inteirar do projeto.

- Escolhemos o Rio porque precisávamos de um ambiente fértil, que reunisse muitos artistas e fosse internacional, mas que carecesse de uma instituição como a nossa - explica o curador e diretor geral da coleção, Hans-Michael Herzog. - Vamos pôr o Rio no mapa artístico mundial.

Posted by Leandro de Paula at 2:09 PM