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junho 26, 2015

Memórias inapagáveis – um olhar histórico no Acervo Videobrasil

Memorias imborrables - Una Mirada histórica sobre la Colección Videobrasil

Itinerância da primeira grande exposição concebida a partir do Acervo Videobrasil começa por Buenos Aires. Dezoito obras de forte conteúdo político serão exibidas no MALBA, na Embaixada do Brasil e na Universidad Torcuato Di Tella

[Leer en español en Malba]

Em junho, a primeira grande exposição concebida a partir do Acervo Videobrasil inicia sua itinerância pelo mundo, começando pela Argentina. Com curadoria de Agustín Pérez Rubio, diretor artístico do MALBA, Memórias inapagáveis – um olhar histórico no Acervo Videobrasil é apresentada em três espaços na cidade de Buenos Aires (clique para ver as agendas): no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, o MALBA, no Espaço Cultural da Embaixada do Brasil e na Universidad Torcuato Di Tella. A abertura oficial acontece no dia 25 de junho, às 19h, no MALBA. Antes, às 18h, a curadora e diretora do Videobrasil, Solange Farkas, participa de conversa aberta ao público ao lado de Pérez Rubio. Seguindo o projeto do Videobrasil, a itinerância da exposição na Argentina conta com encontros, cursos e conversas como parte de seus Programas Públicos.

O encontro entre a diretora do Videobrasil e o curador da exposição é focado na história recente da Associação, com ênfase sobre suas ações públicas, seu interesse pela produção artística do Sul geopolítico e a formação de sua coleção. A convite de Solange Farkas, Agustín Pérez Rubio explorou minuciosamente o acervo formado por mais de 1300 obras em vídeo e escolheu os dezoito trabalhos de forte conteúdo político e social que integram a exposição. Desde o “descobrimento" do Brasil pelos portugueses até o golpe militar no Chile, incluindo os atentados do 11 de setembro nos EUA, o massacre da Praça da Paz Celestial na China ou a guerra civil no Líbano, a mostra apresenta histórias que se mantêm vivas graças à sensibilidade e à obra de artistas destas regiões. “Os trabalhos estão ligados por temas, cronologias, territórios ou conflitos vividos por pessoas físicas e seus testemunhos que aqui se apresentam”, explica Pérez Rubio. “A violência, as guerras, as fronteiras, a raça, o sexo, o gênero, a escravidão continuam nos atormentando. Queremos que a arte nos devolva esta coleção de experiências vividas, tanto as belas quanto as mais cruéis e inumanas, para aprender constantemente com elas”, completa o curador.

A exposição foi apresentada pela primeira vez no Brasil, entre agosto e novembro de 2014 no Sesc Pompeia (São Paulo, Brasil). Durante o ano de 2015, Memórias inapagáveis — Um olhar histórico no Acervo Videobrasil terá itinerâncias pela Espanha e pela Alemanha. Até o final de 2016, a exposição passará ainda por países como Nigéria, Peru e Chile, entre outros.

Na capital argentina, Memórias inapagáveis é desdobrada em três espaços expositivos e se estende por diferentes períodos:

25 de junho a 20 de agosto, participam no MALBA: Dan Halter, Jonathas de Andrade, León Ferrari & Ricardo Pons, Liu Wei, Rosângela Rennó, Sebastian Diaz Morales e Vincent Carelli & Dominque Gallois.

2 de julho a 14 de agosto, participam no Espaço Cultural da Embaixada do Brasil: Aurélio Michiles, Ayrson Heráclito & Danillo Barata, Coco Fusco, Enio Staub, Luiz de Abreu, Mwangi Hutter e Walid Raad.

17 de julho e 14 de agosto, participam na sala de exposições da Universidad Torcuato Di Tella: Akram Zaatari, Bouchra Khalili, Carlos Motta e Rabih Mroué.

ARTISTAS E OBRAS

Acesse os links para ver as obras no Acervo Videobrasil.

Akram Zaatari - In this house, 2004
Aurélio Michiles - O Sangue da Terra, 1984
Ayrson Heráclito & Danillo Barata - Barrueco, 2004
Bouchra Khalili - Four Selected Videos From The Mapping Journey Project, 2010
Carlos Motta - Letter to My Father (Standing by the Fence), 2005
Coco Fusco - Bare Life Study #1, 2005
Dan Halter - Untitled — (Zimbabwean Queen ofRave), 2005
Enio Staub - Contestado, a Guerra Desconhecida, 1985
Jonathas de Andrade - Projeto Pacífico, 2010
León Ferrari & Ricardo Pons - Casa Blanca, 2005
Liu Wei - Unforgettable Memory, 2009
Luiz de Abreu - O Samba do Crioulo Doido, 2013
Mwangi Hutter - MyPossession, 2005
Rabih Mroué - Face A Face B, 2002
Rosângela Rennó - Veracruz, 2000
Sebastian Diaz Morales - Lucharemos hasta anular laley, 2004
Vincent Carelli & Dominque Gallois - A Arca dos Zo'e, 1993
Walid Raad - The Loudest Muttering is Over: Documents From The Atlas Group Archive, 2003

CURSO

Curso aborda as memórias da conquista na arte, na literatura, no cinema e na música do Brasil

Além da conversa com Solange Farkas e Agustín Pérez Rubio, a itinerância da exposição no MALBA vai contar com o curso Memórias da conquista: sua expressão na arte, na literatura, no cinema e na música do Brasil. Conduzido por Gonzalo Aguilar, professor da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidad de Buenos Aires, e acontece às sextas-feiras, de 26 de junho a 17 de julho.

As aulas propõem refletir sobre a “conquista” e suas reverberações: os “vencedores” e os “perdedores” a evocam da mesma forma? Que vestígios restam da violência e da dominação? Como construir um olhar diante da versão oficial? Como recuperar imagens e palavras dos que foram vencidos? Os trabalhos presentes na exposição são relacionados a textos literários, ensaios, vídeos, filmes e obras de artistas e autores brasileiros como Caetano Veloso, Clarice Lispector, Gilberto Gil, Machado de Assis e Tarsila do Amaral.

Posted by Patricia Canetti at 10:10 AM

junho 25, 2015

Abraham Palatnik na Iberê Camargo, Porto Alegre

AGENDA RS Hoje 02/07 às 19h: Abraham Palatnik @ Fundação Iberê Camargo http://bit.ly/FIC_A-Palatnik

Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 2 de julho de 2015

Fundação Iberê Camargo traz a Porto Alegre retrospectiva do artista Abraham Palatnik, referência mundial da arte cinética

A Reinvenção da Pintura reúne, pela primeira vez na capital gaúcha, 78 obras do artista brasileiro produzidas entre os anos de 1940 a 2000. A mostra ficará em exibição de 2 de julho a 4 de outubro e tem entrada franca.

A Fundação Iberê Camargo traz a Porto Alegre a retrospectiva itinerante do mestre internacional da arte cinética Abraham Palatnik, com curadoria assinada por Pieter Tjabbes e Felipe Scovino. “A Reinvenção da Pintura” vai reunir 78 obras produzidas entre os anos de 1940 e 2000 e poderá ser conferida de 2 de julho a 4 de outubro, de terça a domingo (inclusive feriados), das 12h às 19h (último acesso 18h30min). A exposição traz, pela primeira vez à capital gaúcha, pinturas, desenhos, esculturas, móveis, objetos e estudos do artista brasileiro conhecido por obras que combinam luz e movimento e, muitas vezes, utilizam instalações elétricas.

“A obra de Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável. Permite não só observar as passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais presente a partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos cinecromáticos, nos Objetos cinéticos e em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam uma nova consciência do corpo”, pontuam os curadores no texto de abertura do catálogo da exposição.

Ainda segundo os curadores, a singular contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá apenas por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética — caracterizada pelo uso da energia, presente em motores e luzes —, mas também pela leitura particular que faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação: “Seu lado ‘inventor’ está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo e não pelas tintas, imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik pintava com a luz”.

“Palatnik dinamizou a arte concreta expandindo-a para além de seu campo usual e integrou-a à vida cotidiana por intermédio do design. Ao longo de sua trajetória, o artista produziu cadeiras, poltronas, ferramentas, jogos e sofás, entre outros objetos. Sua obra habita o mundo de distintas maneiras, apontando para uma formação incessante de novas paisagens e leituras à medida que diminui, desacelera e molda o tempo. Nesta exposição reunimos todos esses momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik. Uma obra que oferece ao público experiências marcantes e solicita, em troca, uma entrega total”, concluem os curadores.

Mais sobre Palatnik - Atualmente o artista, nascido em Natal, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É um pioneiro da arte e da tecnologia em âmbito mundial, ao lado de nomes como Malina, Schöefer e Healey. Seu primeiro aparelho cinecromático, Azul e roxo em primeiro movimento, provocou um estrondo nas tradicionais convenções relacionadas aos suportes da arte discutidas no júri de seleção da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951. A peça desconcertante de Palatnik foi incorporada à Bienal e provocou forte impacto na crítica internacional, recebendo um prêmio de menção honrosa. “A verdadeira arte do futuro”, como Mário Pedrosa enfatizou em texto na Tribuna da Imprensa, naquele mesmo ano. Radicado no Rio e à época ligado a artistas como Ivan Serpa, Almir Mavignier e Renina Katz, teve experiências marcantes no Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro, no final dos anos 1940, que o levaram a abandonar a pintura.

O artista continuou a participar de Bienais, como a 32ª Bienal de Veneza, em 1964, ao lado de Mavignier, Volpi e Weissmann, entre outros; além de diversas exposições coletivas de peso, como Arte construtiva no Brasil – Coleção Adolpho Leirner, em 1998 (hoje a coleção pertence ao Museu de Belas Artes de Houston, nos EUA); e da edição inaugural da Bienal do Mercosul, um ano antes. Palatnik tem suas peças em importantes acervos nacionais, como do MAM-SP, do MAC Niterói, do MAM-RJ, do MAC-USP, e internacionais, como do Malba, em Buenos Aires, além de constar em coleções particulares prestigiadas.

Dos Cinecromáticos, passando para os Objetos Cinéticos, as progressões em madeira e poliéster, os desenhos em papel cartão e as progressões e pinturas sobre vidro mais recentes, a obra de Palatnik sempre foi fruto de um olhar primeiro e cuidadoso para o mundo ao seu redor. Doar um novo lugar para as coisas, engendrar poesia na tecnologia e ampliar o horizonte da arte fez deste quase rejeitado artista da primeira Bienal de São Paulo hoje uma referência da história da arte.

Abraham Palatnik - A reinvenção da pintura, Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM SP, São Paulo, SP - 03/07/2014 a 15/08/2014

Abraham Palatnik - A reinvenção da pintura, Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB, Brasília, DF - 23/04/2013 a 14/07/2013

Posted by Patricia Canetti at 12:02 PM

junho 24, 2015

Ascânio MMM na AM Galeria de Arte, Belo Horizonte

AGENDA MG Hoje 27/06 às 11-17h: Ascânio MMM @ AM Galeria http://bit.ly/AMgal_AscanioMMM

Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 27 de junho de 2015

Exposição de Ascânio MMM marca abertura de novo espaço em BH: “Flexos e Quasos” abre a temporada 2015-2016

Intuitivo, discreto e metódico: este é Ascânio Maria Martins Monteiro, o Ascânio MMM. Um dos mais respeitados escultores brasileiros, Ascânio é o convidado especial para inaugurar o novo espaço da AM Galeria de Arte no dia 27 de junho, no bairro Serra, em Belo Horizonte.

Com 25 anos no mercado, a AM, criada por Angela Martins, nasceu com o objetivo de expor esculturas de um seleto grupo de artistas escolhidos por Amilcar de Castro, como Franz Weissmann, Sérgio Camargo, Bruno Giorgi, Sônia Ebling e Ascânio MMM. Único artista vivo do time inicial de escultores da AM, Ascânio retorna à galeria para um reencontro que promete. Após 20 anos sem expor na capital mineira, o escultor lança Flexos e Quasos, uma série recente em metal, que amplia a relação do espectador com a obra.

Flexos e Quasos

A série escolhida contempla esculturas de parede e de chão criadas pelo artista nos últimos dez anos, e ainda inéditas em Minas Gerais. Serão apresentadas 12 obras, feitas em 2004, 2007, 2014 e 2015. Todas desenvolvidas em alumínio, sendo que algumas se movimentam ao toque do espectador e outras têm pontos sutis de cor. Para contextualizar a obra e a trajetória do autor, a AM Galeria também vai expor obras das décadas de 70, 80 e 90. A exposição tem curadoria de Emmanuelle Grossi e texto de Guilherme Bueno.

Sobre Ascânio MMM

Artista de linguagem abstrata construtiva, Ascânio mantém uma produção de arte desde 1964, como afirma o respeitado crítico e curador de arte Paulo Herkenhoff. “Em quase cinco décadas de produção, Ascânio construiu uma minuciosa obra que lhe garante um lugar histórico na trajetória da abstração geométrica da América Latina”, assegura. O livro “Ascânio MMM: Poética da razão” (2013), de Herkenhoff, recontextualizou a obra do artista situado na Geração MAM, colocando-o em outro patamar na arte contemporânea.

Nascido em Portugal no ano de 1941 e radicado no Rio de Janeiro desde 1959, Ascânio relaciona escultura, arquitetura, matemática e filosofia em sua obra, articulando a estética com o espaço público. Formado em arquitetura, ele atuou na área até 1976, quando passou a se dedicar integralmente à arte. O autor está presente em importantes coleções públicas e privadas de arte no Brasil e no Exterior e já expôs nas Bienais de São Paulo (1967 e 1979) e Panorama da Arte Brasileira (1970, 1972, 1975 e 1985) entre outras importantes exposições coletivas e individuais.

Sem dúvida alguma, um dos mais importantes escultores atuantes no Brasil na atualidade e que, nas palavras de Lauro Cavalcanti ,“... é um artista cuja obra reúne varias influencias e questões centrais na arte brasileira dos últimos 50 anos”.

A relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de um eixo, explorou progressões em torções verticais e horizontais, utilizando módulos de ripas de madeira pintadas de branco.

Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, e o branco, a luz e sombra deixaram de ser a questão principal.

Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões tornou-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo.

Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas, tramas flexíveis de alumínio e argolas e foram exibidas em exposição individual no MAM RJ em 2008.

Na década 2010, com os Quasos, presentes na exposição mantem seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil.

Principais individuais
Participou de exposições como na IX e XV Bienal de São Paulo em 1979, MAM RJ, Paço Imperial, Palácio das Artes, Dominique Lévy Gallery, Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina; participou de três exposições no recém inaugurado MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; Instituto Valenciano de Arte Moderno, Valência (Espanha); Panorama das Arte Brasileira de 2008, MAM SP, Arte como Questão - Anos 70, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, I Bienal do Mercosul, Porto Alegre (RS), MAC SP, Barbican Center, Londres, MASP SP, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

Coleções
Coleção Roberto Marinho, Fundação Edson Queiroz, Gilberto Chateaubriand, Sérgio Fadel, Itaú Cultural, Ronaldo César Coelho (Instituto São Fernando), Manuel de Brito, Portugal, Norman Foster, Reino Unido, Ron Dennis, Reino Unido, Peter Klimt, Reino Unido, Setúbal, Museo de Arte Contemporáneo de Buenos Aires, Argentina, Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, Porto Alegre, Brasil, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC, São Paulo, Museu de Arte Moderna, São Paulo, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Coleção Cisneros entre outros.

Obras públicas
Centro Empresarial Rio – Praia de Botafogo, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro - Cidade Nova
Praça da Sé, Centro
Jardim da Luz, Pinacoteca do Estado de São Paulo
Largo do Cortinhal – Fão, Portugal

Interlocução artística

Com 500 metros quadrados e um espaço gourmet completo, o novo endereço da AM Galeria pretende ampliar a interlocução entre Minas e Brasil, ao trazer importantes referências artísticas contemporâneas para a capital mineira. Depois de dez anos atuando também no bairro Jardins, em São Paulo, a galeria optou por encerrar sua filial paulista em 2013, mantendo um amplo acervo de arte em Belo Horizonte, com fotografia, pintura, desenho, escultura, aquarela, objetos, instalação, vídeo e performance. A ideia, desde então, era se aproximar ainda mais dos mineiros, sem deixar de lado as parcerias com renomadas galerias de São Paulo.

Com o novo espaço, a AM Galeria pode diversificar sua área de atuação, participando não só de feiras nacionais, como a SP Arte e Art Rio, como de eventos internacionais já programados para 2016, sempre com um projeto solo de um artista brasileiro. De acordo com a diretora artística e curadora Emmanuelle Grossi o objetivo é mudar o modelo de galeria de arte em Belo Horizonte, “reforçando as parcerias com espaços independentes e abrigando novas experiências de jovens artistas contemporâneos”, afirma.

E há novidades a caminho. A começar por uma mostra de filmes, que já está sendo preparada para o público. A galeria também pretende resgatar artistas brasileiros e latino-americanos do passado. Atualmente, a AM trabalha tanto com nomes reconhecidos no exterior, como Ascânio MMM (Geração MAM-RJ, anos 70) e a artista multimídia Regina Silveira (Geração 70 São Paulo), Delson Uchôa [Geração 80] quanto com jovens artistas experimentais mineiros, como Sylvia Amélia (Geração 2000) e Bruno Cançado (Geração 2010).

Posted by Patricia Canetti at 10:55 AM

junho 23, 2015

Projeto Latitude apoia participação de nove galerias brasileiras na Frieze London

A Frieze London - principal feira de arte do Reino Unido - anunciou na última semana a lista de 160 galerias de 30 países que participam da edição 2015 da Feira, em outubro. Nove galerias de arte brasileiras participantes do Projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad integram a lista.

A Frieze Art Fair - criada em 2000 com foco em arte produzida neste século - contará com a participação das galerias A Gentil Carioca, Galeria Fortes Vilaça, Galeria Jaqueline Martins, Galeria Luisa Strina, Mendes Wood DM e Vermelho. Já a Frieze Masters, realizada paralelamente, dedica-se às produções anteriores aos anos 2000, e este ano conta com a presença das brasileiras Anita Schwartz Galeria de Arte, Baró Galeria e Galeria Nara Roesler.

Ambas as feiras acontecem em Londres, de 14 a 17 de outubro, no Regent's Park. O apoio à participação das galerias na Frieze London é uma das ações integrantes do Projeto Latitude. O Latitude, voltado para a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea, é realizado por meio de uma parceria entre a ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.

Posted by Patricia Canetti at 3:29 PM

2 em 1: Bettina Vaz Guimarães + Juliana Hoffmann no Sítio, Florianópolis

AGENDA SC Hoje 25/06 às 19h @ O Sítio - 2 em 1: Bettina Vaz Guimarães + Juliana Hoffmann http://bit.ly/O-Sitio_BVGuimaraes / http://bit.ly/O-Sitio_J-Hoffmann

Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 25 de junho de 2015

Duas exposições diferentes mas que falam entre si, abrem no próximo dia 25, no Sítio Arte Educação e Coworking. A paulista Bettina Vaz Guimarães, com a mostra Elementos e a catarinense Juliana Hoffmann com entre_linhas. São exposições separadas mas em pleno diálogo e ambas sob a organização da galerista Myrine Vlavianos.

As obras de Bettina Vaz Guimarães e Juliana Hoffmann têm em comum a abordagem contemporânea de temas tradicionais da pintura como a natureza-morta e a paisagem. Bettina e Juliana são essencialmente pintoras, mas não se limitam à tinta sobre a tela. Elas exploram campos diversos das artes visuais, tanto nos materiais empregados (acrílico, mdf, papel, vidro...) como nos formatos, que vão do objeto à instalação.

Segundo Myrine Vlavianos, “a Bettina e a Juliana formam a primeira de quatro duplas de artistas que vamos trazer para o espaço expositivo do Sítio este ano. O convite aos artistas partiu de uma intenção bem clara de reunir um artista local e um artista de fora do Estado para proporcionar um encontro entre artistas, obras e públicos de Santa Catarina e de outras partes do país”, conclui.

Bettina Vaz Guimarães é formada pela Faculdade de Artes Plásticas da FAAP, em São Paulo, e com uma sólida trajetória de exposições, bienais, salões e prêmios iniciada em 2002. Esta é a segunda vez que a artista apresenta seu trabalho em Florianópolis: em 2006 foi organizada uma individual com seus desenhos no Museu Victor Meirelles. Agora, Bettina tráz a exposição Elementos, com pinturas e instalações de cubos e desenhos, resultado dos dois últimos anos de pesquisa.

Juliana Hoffmann vive em Florianópolis e, desde os anos 1990, participa intensamente do circuito das artes contemporâneas catarinenses. Esta exposição, intitulada entre_linhas, apresenta um conjunto inédito de obras realizadas em 2015. São pinturas feitas em camadas utilizando tinta acrílica, impressão fotográfica, tela, vidro, acrílico, voal e linha.

Posted by Patricia Canetti at 2:18 PM

Christian Rosa na White Cube, São Paulo

A história do artista plástico Christian Rosa é a de um outsider. Nascido no Rio de Janeiro, aos sete anos de idade ele se viu obrigado a mudar com a família para a terra natal do padrasto, Viena, depois que o irmão mais velho foi vítima da violência urbana. Hoje, aos 32, ele se expressa melhor em alemão do que em português, mas ainda assim se considera mais carioca do que austríaco. Quando está no Brasil, porém, é visto como “o gringo alemão”. Em Los Angeles, para onde se mudou e mantém ateliê, é tratado como europeu, apesar do inglês fluente. Essa eterna sensação de deslocamento e não-pertencimento, que o coloca num contínuo e metafórico jogo de espelhos, moldou-lhe a personalidade e constitui a tônica de sua obra, que será vista pela primeira vez no Brasil a partir do dia 1 de julho, na White Cube São Paulo, com a inauguração da mostra Mais que nada – More than nothing, série de pinturas que ele produziu no país, inspirado no desordenamento visual da capital paulista.

As pinturas abstratas de Christian Rosa, esparsas e elegantes, expressam uma energia cinética onde tudo está em fluxo. Construída a partir de imagens, formas e marcas inseridas em meio a grandes extensões de tela crua, sua escrita automática remete tanto à linguagem do Surrealismo, especialmente a de Joan Miró (1893-1983), quanto às pinturas de Cy Twombly (1928-2011) e ao colorido de Wassily Kandisnky (1866-1944). No entanto, apesar das possíveis referências visuais, sua abordagem é altamente pessoal. Tudo é permeado, filtrado e reprocessado a partir das experiências e referências culturais dos países que o formaram, Brasil e Áustria.

O que se vê nas pinturas são elementos singulares, isolados na superfície da tela: linhas, quadrados e rabiscos infantis que agem como símbolos mnemônicos de uma conversa maior. Pontuadas por áreas de cor primária, suas imagens podem sugerir coisas reconhecíveis, tais como estradas, prédios ou até mesmo rostos; marcas que criam uma figuração emergente e desconfortável através de sua justaposição imediata. A pintura de Rosa é guiada, conforme observou a curadora argentina baseada em Londres Gabriela Salgado, “pelo acaso e por uma confiança instintiva na energia contida em movimento físico e fracasso".

Seus quadros contêm os blocos de construção para uma narrativa pictórica mas também os métodos de sua desconstrução. Interferências mínimas em tinta e bastão a óleo, tinta spray, carvão, lápis, resina e pequenas pinceladas visíveis criam obras que dão a falsa aparência de improvisação. Entretanto, o artista mantém seus elementos cuidadosamente equilibrados em uma estudada tensão visual. Rosa aproveita as qualidades inerentes da textura dos materiais para criar pinturas ricas em camadas e profundidades e provocar respostas emotivas e subjetivas no espectador.

Com essa narrativa ao mesmo tempo vigorosa e desconcertante, o artista se tornou uma estrela em rápida ascensão no mercado internacional. Formado em 2012 pela Academia de Belas Artes de Viena, nos anos seguintes realizou duas exposições na White Cube de Londres, participou de individuais na Itália e Alemanha e integrou coletivas em Nova Iorque e na Bienal de Veneza. Como produz poucas obras por ano, há uma longa fila de colecionadores em todo o mundo à espera de seus trabalhos. Uma carreira promissora para quem nunca pensou em arte e sonhava apenas em se tornar um atleta.

Logo que se mudou para Viena, Rosa começou a praticar esportes. Aos 18 anos, após sofrer um acidente que quase o deixou paralítico, abandonou o skate e começou a se arriscar com a máquina fotográfica. Tornou-se um bem sucedido fotógrafo de moda. Aos 22, influenciado por amigos, decidiu começar a ter aulas de pinturas. Foi aceito na Academia de Belas Artes porque o professor desejava um aluno que não soubesse sequer desenhar. “Eu era uma tela em branco”, resume o artista, que embora reconheça uma vaga semelhança visual com o trabalho de Cy Twombly, rechaça a comparação: “O resultado pode até lembrar, mas o trabalho de Twombly é baseado em método; o meu, em erros. Sou influenciado pelo trabalho de amigos artistas, por grafites e referências urbanas, por meus sonhos e meus constantes deslocamentos. Essa angústia de estar em todos os lugares e em lugar nenhum.”

Posted by Patricia Canetti at 12:37 PM

junho 22, 2015

Códice - do risco ao risco no Museu Vale, Vila Velha

Mostra reúne obras inéditas dos artistas mineiros Amilcar de Castro, Thaïs Helt e Marco Tulio Resende

A exposição Códice – do risco ao risco acontecerá no Museu Vale (Vila Velha, Espírito Santo), de 22 de maio a 30 de agosto de 2015. A mostra está articulada em torno de 200 trabalhos e pesquisas que envolvem o conceito do desenho e daescrita na obra de três artistas plásticos mineiros: Amilcar de Castro (1920-2002), Thaïs Helt e Marco Tulio Resende.

A exposição será dividida em três galerias de 300 metros quadrados cada.A primeira irá expor obras de Amilcar de Castro, a segunda será montada com trabalhos de Marco Tulio Resende e a terceira, com os de Thaïs Helt. No final dos anos 70 e começo da década de 80, Amilcar de Castro foi professor dos dois artistas na Escola Guignard, em Belo Horizonte, e acabou convivendo muito com ambos. “Dele, guardo a lembrança de rigor na análise das questões plásticas como ponto, forma, volume, composição, etc.”, conta Marco Tulio Resende.

No entanto, não se trata de uma exposição de professor e alunos, e, sim, uma mostra que reúne os três artistas e como eles produzem e conceituam seus trabalhos. A exposição não revela apenas a obra pronta, mas todo processo de criação e desenvolvimento que envolve a realização e a produção de trabalhos de arte, como os desenhos, as anotações, os projetos, as pesquisas, os esboços e as escritas, sempre presentes no trabalho dos três artistas. Conforme explica Ronaldo Barbosa, diretor do Museu Vale, “a exposição Códice traz um interessante diálogo de natureza gráfica entre estes três artistas, cuja convivência num passado recente se apresenta refletido no fio condutor da mostra, através da escrita poética de cada um”.

Conceito e curadoria

O conceito da exposição está contido no título da mostra, que se baseia no significado da palavra CODICE ou códex – livro em latim -, como, por exemplo, nos códices de Leonardo Da Vinci. O subtítulo, “do risco ao risco”, indica o ato de riscar e também a ousadia de arriscar, revelando o desejo de desvendar os processos criativos e de construção dos trabalhos, assim como, as buscas, as dúvidas e os questionamentos de cada um dos artistas.

O desenvolvimento do conceito da exposição foi realizado pelos próprios artistas, Thaïs Helt e Marco Tulio Resende, e pelo curador das obras de Amilcar de Castro, o arquiteto mineiro Allen Roscoe.

Exposição tripartida

Nos 300 metros quadrados da sala expositiva reservada a Amilcar de Castro serão expostas anotações inéditas de sua autoria e matrizes de gravuras e esculturas. Na sala de Marco Tulio Resende serão montadas uma instalação com cerca de 36 livros, notas e desenhos em grandes formatos pendurados no teto e seis telas de 5 x 2 metros cada. Na sala destinada às obras de Thaïs Helt serão exibidas uma grande estante com livros, uma série de litogravuras em grandes formatos em técnica mista com desenho e pop-up books com imagens recortadas e em relevo.

“A escrita e a natureza gráfica do trabalho de Marco Tulio e Thaïs Helt são o fio condutor a se relacionar com os poemas e as obras de Amilcar de Castro. Trata-se de uma interessante exposição onde estes artistas guiados pelo seu mestre Amilcar dialogam num espaço criado para a mostra”, resume Ronaldo Barbosa.

Amílcar de Castro (Paraisópolis, MG, 1920-2002)
Escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógrafo, professor. Um dos grandes nomes da arte nacional, tornou-se referência para os artistas brasileiros e, em especial, para seus alunos na Escola Guignard UEMG, em Belo Horizonte. Suas esculturas, fundadas em duas ações (corte e dobra) sobre ferro e madeira, impressionam pela economia de meios e pela lição que oferecem sobre a afirmação do gesto e a realização da passagem do plano para o volume.

Marco Tulio Resende (Belo Horizonte, MG, 1950)
Desenhista e pintor. Formado pela Escola Guignard UEMG e mestrado pela School of the Art Institute of Chicago como bolsista da Fulbright Comission. Professor da Escola Guignard UEMG, ministra palestras e workshops em universidades e festivais de arte. Participou da XII Bienal de São Paulo. Expõe em galerias, nacionais e internacionais. Obras nas coleções: Gilberto Chateaubriand, João Sattamini, Museu de Arte de Belo Horizonte, MAM-São Paulo, entre outras.

Thaïs Helt (Juiz de Fora, MG, 1949)
Gravadora e pintora. Graduou-se em Artes pela Escola Guignard UEMG, onde depois lecionou litografia. Cursos com Amílcar de Castro, Lotus Lobo e Antônio Grosso. Fundadora da Casa Litográfica e da Oficina Cinco, ateliê de litografia, em Nova Lima, MG. Participação na XIV Bienal de São Paulo (1977); V e VI Bienal Latino-Americana, Porto Rico (1981-83), e II Salão Nacional do Rio de Janeiro, entre outras. Possui obras em museus e coleções particulares no Brasil e no exterior.

Posted by Patricia Canetti at 2:28 PM

junho 21, 2015

Vilanova Artigas no Itaú Cultural, São Paulo

Vilanova Artigas na mais recente mostra da série Ocupação do Itaú Cultural

Ao visitar esta exposição, o público entra no universo de um brasileiro que tratou a sua obra como ferramenta indispensável para a transformação da realidade das cidades; revisita o legado vanguardista e contemporâneo que deixou como professor e intelectual e conhece o cidadão por trás da personalidade pública

A 24ª mostra da série Ocupação é dedicada a um dos mais importantes arquitetos e urbanistas do Brasil, João Batista Vilanova Artigas. Com curadoria compartilhada entre a equipe Itaú Cultural, a sua filha, Rosa,e o arquiteto Alvaro Razuk, a exposição, instalada em todo o mezanino do instituto,abre para convidados no dia em que ele completaria 100 anos: terça-feira, 23 de junho. Para os visitantes fica em cartaz de 24 de junho a 9 de agosto. No dia seguinte, 25, estreia do documentário Vilanova Artigas: o arquiteto e a luz. Dirigido por sua neta, Laura, o filme será exibido nos espaços Augusta, Frei Caneca e Pompéia, em São Paulo; e na mesma rede no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador.

O Centenário Artigas é uma parceria cultural do instituto com a família do arquiteto e tem ações patrocinadas pelo Banco Itaú, como o site criado para comemorar a efeméride, o documentário e a edição pela Terceiro Nome dos livros Vilanova Artigas e A mão livre do vovô.

Projetos, desenhos de trabalho,maquetes,fotos públicas e pessoais, projeções, objetos, bilhetes, cartas, manuscritos e artigos de jornais fazem parte desta exposição que revela ao visitante apostura política e a visão social do arquiteto, e como elas eram transportadas para o seu trabalho.

Vilanova Artigas nasceu em Curitiba em 23 de junho de 1915. Mudou-se para São Paulo e se formou na Escola Politécnica da USP, em 1937. Foi fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), em 1948, na qual liderou, mais tarde, em 1962, um movimento para a reforma de ensino que influenciou outras faculdades de arquitetura no Brasil.

Foi membro do Partido Comunista e militante de movimentos populares e, por isso, perseguido pela ditadura militar, sendo cassado em 1969 por força do AI-5. Este processo não somente aboliu por 10 anos o seu direito de lecionar, como, ao voltar em 1979, foi estabelecido que sua função seria a de auxiliar de ensino da FAU, ao invés de retomar como professor titular. Ele somente recuperou o cargo quatro anos mais tarde ao ter de, obrigatoriamente, prestar um concurso em junho de 1984,sete meses antes de morrer.

Duas vezes premiada internacionalmente – Prêmio Jean Tschumi, em 1972, e Prêmio Auguste Perret, em 1985, este póstumo –, a sua obra segue influenciando arquitetos até hoje. Entre os 700 projetos que produziu durante a sua carreira, destacam-se ojá citado edifício da FAU; o conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, em Guarulhos; o Estádio do Morumbi; o Edifício Louveira, clubes, sindicatos, edifícios, apartamentos e casas.

Mantendo o espírito desta série de exposições idealizada pelo Itaú Cultural para fomentar o diálogo entre gerações, apresentando a vida, obra e o processo de criação de veteranos consagrados que servem de referência aos que despontam em todas as áreas de expressão, a Ocupação Vilanova Artigas entra neste universo e acompanhaa vida do arquiteto desde que despontou até a sua morte aos 69 anos.

A mostra

De um lado, há na exposição um Artigas articulador fundador de instituições como a seção paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Do outro, um atuante ativo no Partido Comunista Brasileiro (PCB), cuja casa – situada no Campo Belo e conhecida afetivamente como Casinha –era um ponto de encontro e de debate para referências da esquerda.

A curadoria da Ocupação optou por apresentar Artigas em três núcleos: Arquiteto, Educador e Homem Público. No primeiro se desvenda a sua produção, que vai muito além da simples construção de edifícios em série. A sua obra é caracterizada pela preocupação com os espaços de convivência, pelo uso da luz natural e de rampas, em uma tentativa de integrar o prédio à cidade – como se vê, entre outros,no edifício Louveira, no estádio do Morumbi, na própria FAU.

O núcleo Educador se debruça no papel desempenhado por Artigas em nome da educação e da arquitetura. A sua atuação foi decisiva, por exemplo, no movimento que, em meados de 1940, criou o curso superior de arquitetura deixando de ser apenas uma matéria na grade dos estudantes de engenharia. Atuando como professor, foi um dos responsáveis pela fundação, em 1948, da FAU/USP, e nos anos de 1960, deu forma ao atual prédio da instituição, propondo, ainda, uma ampla reforma no currículo, depois adotada por escolas de todo o país.

Em Homem Público, o visitante conhece muito além do Artigas profissional. Neste núcleo surge o pensamento do professor e intelectual, que se coloca criticamente frente à história,a casa, a cidade e o país, o aprendizado e a política.

Lançamento de livros em programação paralela

No primeiro dia de julho (quarta-feira), às 21h, é lançado Vilanova Artigas (Ed. Terceiro Nome). O livro de autoria de Rosa Artigas, em coedição de Marco, neto dele, oferece pistas para a trajetória do homenageado, por meio da publicação de 43 projetos, construídos e ainda existentes, incluindo duas obras nunca executadas – o concurso do Plano Piloto de Brasília e a proposta de reurbanização do Vale de Anhangabaú.

Uma hora antes, às 20h, neste mesmo dia, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha debate o trabalho de seu amigo, de quem foi assistente. Ele abre, assim, a série de conversas que se estendem por todo o mês com Nabil Bonduki, Luiz Gê, Jorge Mautner, cada qual descrevendo a sua vivência ou experiência com Artigas.

No dia 11(sábado), das 14h30 às 16h, é lançado o livro A mão livre do vovô (Ed. Terceiro Nome), baseado nos desenhos que ele fazia quando contava histórias para os seus netos e para os quais Michel Gorski e Silvia Zatz criaram uma narrativa que os une. Nesta mesma data, das 14h30 às 15h30, tem uma Contação de História. A atriz Ana Luísa Lacombe, e Betinho Sodré, na sonoplastia e percussão,interpretam um texto escrito a partir deste livro que também conta a vida de Artigas, desde a sua infância à luta política, passando pelo seu legado na arquitetura e sua relação com os netos em linguagem adequada às crianças.

Simultaneamente, no andar de cima, a Casa das Ideias ministra a oficina Desenhos Artigas. Voltada para crianças, ela ensina a construir brinquedos feitos com materiais como madeira, plástico, motores, fios, botões, luzes. Todos fazem referência aos desenhos que Vilanova Artigas fazia junto a seus netos e podem ser levados para casa.

O Núcleo de Educação e Relacionamento do instituto também programou atividades paralelas à exposição. Entre julho e agosto, estudantes, pesquisadores, e interessados em arquitetura são convidados a participar da ação Próxima Parada: Vilanova Artigas. Acompanhados pelo arquiteto Marco Artigas, neto de Vilanova Artigas, o público é levado a visitar algumas obras do arquiteto homenageado, como o Edifício Louveira, Conjunto Habitacional CECAP e Casa do Arquiteto.

Em Mais de Artigas, outra atividade, os educadores do Itaú Cultural falam em conversas descontraídas sobre o universo do arquiteto abordando temas como arquitetura, educação e homem público a partir de algumas obras presentes na exposição.

PROGRAMAÇÃO

25 de junho, quinta-feira
Estreia documentário Vilanova Artigas: o arquiteto e a luz
Nas salas Espaço Itaú de Cinema em Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo

1 de julho, quarta-feira
Encontro com Paulo Mendes da Rocha: A arquitetura de Artigas
Sala Itaú Cultural, 20h
Lançamento: Vilanova Artigas
Itaú Cultural, Piso Paulista, 21h

11 de julho, sábado,
Lançamento: A mão livre do vovô
Itaú Cultural, Piso Paulista, 14h30-16h
Contação de história: A mão livre do vovô
Com Ana Luísa Lacombe e Betinho Sodré
Itaú Cultural, Piso Paulista, 14h30-15h30
Oficina: Desenhos Artigas
Ministrada pela Casa das Ideias, 14-15h30
É necessário fazer inscrição com meia hora de antecedência

Todos os domingos, 18h
Conversas descontraídas com os educadores do Itaú Cultural sobre o universo do arquiteto abordando temas como arquitetura, educação e homem público a partir de algumas obras presentes na exposição.
Duração aproximada: 30 minutos; 20 vagas
Mais informações pelo telefone 2168-1876, de terça à sexta, das 9h às 20h ou no balcão de atendimento ao público – Piso Térreo

Visitas
A partir de 16 anos. Inscrições pelo telefone 2168-1876, de terça à sexta, das 9h às 20h.

11 de julho, sábado, 10h
Visita a obras situadas em Higienópolis – Pacaembú - Sumaré
20 vagas – inscrições a partir do dia 7

18 de julho, sábado, 10h
Visita a obras em Guarulhos
40 vagas – inscrições a partir do dia 14

25 de julho, sábado, 10h
Visita a obras na Zona Sul
20 vagas – inscrições a partir do dia 21

Posted by Patricia Canetti at 6:36 PM

junho 20, 2015

Dominique Gonzalez-Foerst no MAM, Rio de Janeiro

Artista francesa que irá expor no Centre Pompidou, em Paris, ganha exposição no MAM com obras emblemáticas produzidas entre 1985 e 1991, e um trabalho recente e inédito

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta, a partir do próximo dia 20 de junho, a exposição Temporama, com mais de quinze obras da artista Dominique Gonzalez-Foerster, que nasceu em 1965, em Strasbourg, na França, e se divide entre Paris e o Rio de Janeiro. A mostra, que tem curadoria de Pablo Léon de la Barra, ocupará uma área de 1.800 metros quadrados no segundo andar do MAM, e traz obras emblemáticas da artista produzidas entre 1985 e 1991, que serão reconstruídas pela primeira vez para a exposição. Estará ainda em “Temporama” um único trabalho produzido este ano “uma piscina abstrata” com aparições fotográficas da artista caracterizada como Marilyn Monroe. Dominique Gonzalez-Foerster, que integrou a Documenta XI, em Kassel (2002), ganhará em setembro deste ano mostra no Centre Pompidou, em Paris, e em abril do ano que vem no prestigioso espaço K20, em Düsseldorf, Alemanha.

Dominique Gonzalez-Foerster é uma das mais importantes artistas da sua geração, com obras históricas na produção artística internacional dos últimos vinte anos, que sempre integram importantes exposições. Esta será a primeira exposição individual da artista em uma instituição brasileira.

O curador Pablo León de la Barra ressalta que “Gonzalez-Foerster tem uma forte relação com o Brasil e com o Rio de Janeiro desde 1998”. “Ela mora parte do tempo no Rio, e isso tem uma importante influência em seu trabalho”. A artista complementa lembrando que realizou “várias apresentações com o grupo Capacete no Rio de Janeiro”, e fez “quatro pequenos filmes no Brasil: ‘Plages’, inspirado no grande desenho de Burle Marx na praia de Copacabana, ‘Marquise’, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ‘Gloria’, na Praça Paris, no Rio de Janeiro, e ‘Brasília’, no Parque da Cidade, que integra a coleção do Moderna Museet, em Estocolmo”. “Em meu trabalho uso muitas referências de Lina bo Bardi, Burle Marx, Sérgio Bernardes, entre outros”, afirma.

“Temporama” foi pensada especificamente para o MAM e no “modernismo tropical” de Affonso Reidy (1909 - 1964), arquiteto que concebeu o museu em estreito diálogo com o Parque do Flamengo. A exposição busca expandir a noção da retrospectiva tradicional para uma escala de tempo maior, avançando para o futuro e retrocedendo no tempo.

A artista explica que “Temporama” “se configura como uma máquina do tempo, um parque, uma praia, uma vista, e um panorama. Um lugar onde podemos parar o tempo e experimentar diferentes tempos-espaços”, diz.

FILTROS VERMELHOS E TURQUESAS

Filtros vermelhos e turquesas, colocados em toda a extensão da exposição transportarão o público às primeiras obras de Dominique Gonzalez-Foerster criadas na década de 1980, mas também ao MAM do século 20.

“As fachadas de vidro permitem que a paisagem entre no Museu. Dentro e fora se confundem no espaço de exposição, que se torna uma continuação da paisagem. O vidro também cria um jogo de reflexos e miragens, onde as diferentes imagens do Rio, juntamente com as lembranças e os desejos do visitante, se sobrepõem. Da mesma forma, a arte exposta no MAM não só é exibida dentro do museu, mas também flutua na paisagem, tornando-se parte dela”, afirma o curador Pablo Léon de la Barra.

A exposição será acompanhada de uma publicação, com textos do curador Pablo León de la Barra, de Tristan Bera e da própria artista, a ser lançado ao longo do período. As fotos que farão parte do livro serão feitas na exposição, incluindo também as etapas de montagem.

O trabalho da artista integra as coleções da Tate Modern, em Londres; do Centre Pompidou, do Musee d'Art Moderne de la ville de Paris e do Fonds National d'Art Contemporain, em Paris; do Guggenheim Museum e Dia Art Foundation, em Nova York; do MUSAC e da La Caixa Foundation, ambos na Espanha; do Moderna Museet, na Suécia; do 21st Museum of Contemporary Art, no Japão, e do Van Abbemuseum, na Holanda. O Instituto Inhotim exibe, em sua coleção permanente, sua instalação “Desert Park” (2010).

PEQUENA BIOGRAFIA

Nascida em Estrasburgo em 1965, Dominique Gonzalez-Foerster estudou na École des Beaux-Arts de Grenoble, onde se formou em 1987, e na École du Magasin do Centre National d’Art Contemporain de Grenoble, antes de concluir seus estudos em 1989 no Institut des Hautes Études en Arts Plastiques, em Paris. Morando em Paris e no Rio de Janeiro, Gonzalez-Foerster é celebrada por sua prática interdisciplinar e, ao lado de contemporâneos como Philippe Parreno e Pierre Huyghe, é considerada uma das figuras proeminentes da estética relacional, termo proposto pelo crítico e curador Nicholas Bourriaud para descrever práticas surgidas na década de 1990 que exploravam os relacionamentos humanos e os contextos sociais em que eles ocorrem. Com seu interesse especial pela arquitetura, interiores e espaços e seu fascínio pela literatura, cinematografia, mídia e tecnologia, seu trabalho assumiu primordialmente a forma de instalações, com frequência site-specific, embora muitas vezes utilize também o filme como suporte. Entre a série de obras dos anos 1990 em torno da ideia de quartos estão RWF (Rainer Werner Fassbinder) (1993), a recriação do apartamento do falecido cineasta alemão, e Une Chambre en Ville (1996), que apresentou um quarto parcamente decorado, porém acarpetado, contendo um pequeno número de objetos para comunicação de informações e mídia, tais como um rádio-relógio, uma TV portátil, telefone e jornais diários. Entre 1998 e 2003, produziu uma série de 11 filmes apresentados como a compilação Parc Central (2006), contendo filmagens de parques, praias, desertos e paisagens urbanas de diversos locais, de Kyoto a Buenos Aires, de Paris a Taipei. Em 2002, ganhou o Prix Marcel Duchamp, Paris. Entre suas principais obras e projetos desde a virada do milênio estão Roman de Münster (2007), em que criou réplicas em escala 1:4 de esculturas selecionadas de outros artistas apresentadas antes no Skulptur Projekte Münster; TH.2058 (2008), encomendada para o Turbine Hall da Tate Modern como parte da série Unilever, que consistia de 200 estruturas de metal de camas-beliche dispostas em fileiras, com livros espalhados por cima e enormes réplicas de esculturas de artistas como Louise Bourgeois e Bruce Nauman elevando-se sobre elas; e “Desert Park”, nos trópicos de Inhotim (2010), para a qual construiu pontos de ônibus de concreto inspirados na arquitetura modernista brasileira, que instalou num campo próximo a uma floresta tropical. Sua prática transdisciplinar e muitas vezes colaborativa também se estendeu ao âmbito da música e do teatro, com peças como NY.2022 (2008), com Ari Benjamin-Meyers e a Richmond County Orchestra de Staten Island, no Peter B. Lewis Theater do Guggenheim Museum, Nova York; K.62 (2009), no Abrons Art Center, Nova York, como parte da Performa 09; e T.1912 (2011), em homenagem do 99º aniversário do naufrágio do Titanic, no Guggenheim Museum, Nova York. Aperformance M.2062 começou na Memory Marathon da Serpentine Gallery em 2012 e foi apresentada em diversas versões desde então, inclusive com o título Lola Montez in Berlin (2014). Em 2006, a artista participou da 27ª Bienal de São Paulo, com curadoria de Lisette Lagnado. Entre suas mostras individuais estão “Chronotopes & Dioramas” na Dia Art Foundation, Nova York (2009), “Splendide Hotel” na Reina Sofia, Madri (2014), e exposições em desenvolvimento para o Centre Pompidou de Paris (2015) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2015).

Posted by Patricia Canetti at 9:50 AM

O Grivo na Nara Roesler, São Paulo

AGENDA SP Hoje 20/06 às 11-15h @ Nara Roesler: O Grivo - Abertura & Performance http://bit.ly/NaraSP_OGrivo

Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 20 de junho de 2015

Relação entre máquina e imprevisto dá a tônica da nova individual de O Grivo na Galeria Nara Roesler

O Grivo, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 22/06/2015 a 15/08/2015

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Seja conflitante, seja harmoniosa, a relação entre as máquinas e a imprevisibilidade ganha representação na Galeria Nara Roesler com a individual do duo mineiro O Grivo, formado por Nelson Soares e Marcos Moreira. Quatro instalações sonoras e um vídeo unem-se a obras criadas especialmente para a exposição. A dupla vai apresentar também uma performance de improvisação musical na abertura.

Nela, uma série de máquinas sonoras híbridas funciona tanto automaticamente (com motores) como a partir da manipulação de manivelas. Através da amplificação feita com captadores de contato, os sons emitidos são transformados por filtros, efeitos e sintetizadores manuseados em tempo real. Aos músicos, cabe configurar e ajustar a textura sonora improvisando sons com a manipulação das manivelas. Estabelecida certa ambientação, a tração das máquinas passa para os motores, fazendo-as funcionar sem a ação dos músicos, que passam a espectadores da configuração sonora feita por eles. As intervenções dos artistas voltam a acontecer várias vezes no decorrer da abertura da exposição; entre elas, a música fica por conta das máquinas.

A exposição

Nos trabalhos da dupla, a função mecânica, organizada por meio da tecnologia, é subvertida pela imprevisibilidade do efeito, em que a acústica tem papel preponderante. O elogio à máquina ora se choca, ora se confunde com o flerte com a indeterminação e o inesperado.

Como no texto da dupla: "as peças sonoras aqui expostas conversam de forma incisiva com o ritmo. Assim, as sequências (rítmicas) se estabelecem tanto através do movimento propiciado pelo mecanismo de máquinas, como da composição. Observando as regras rítmicas e a combinação entre elas, ficamos livres para fazer combinações sonoras. E desse modo, quem sabe, a música possa aparecer em meio a esse encadeamento. Em certa medida, seguimos a linha, que por sua vez está atada por vários nós".

A pluralidade de elementos utilizados para repercutir sonoridades diversas e inusitadas constitui boa parte dos trabalhos. É assim em Conta Gotas (2013), instalação em que diversas buretas (tubos de vidro graduados com torneiras) e cilindros de vidro produzem frequências sonoras diferenciadas entre si pelo som de gotas d'água batendo no próprio tubo, no líquido acumulado no fundo ou em objetos instalados no interior de alguns desses artefatos.

Em Engrenagens (2013), o mesmo processo de variação sonora ocupa toda uma sala da galeria com peças de madeira, bambus, eixos, polias, correias e linhas que, articulados entre si, produzem sonoridades de duas ordens: a primeira se dá pela fricção de hastes de metal em superfícies também metálicas; o atrito das polias contra as estruturas de madeira nelas apoiadas dá origem à segunda ordem. Com o ligar e o desligar automático dos mecanismos de movimentação das peças em andamentos variados, há uma orquestração sonora imprevisível a cada nova combinação.

O elemento tecnológico é o cérebro artificial que comanda a emissão de som em Máquina de Luz (2013). Como em uma caixa de música (cujas notas são soadas com a percussão de tiras metálicas por saliências em um cilindro giratório), na versão da dupla mineira é a interrupção de feixes de luz por quatro engrenagens girando vagarosamente que transmite ao computador o sinal para a emissão sonora. São criadas assim quatro pequenas peças com sons acústicos e eletrônicos, que dialogam com conceitos como fragmentação, tempo, pulso, timbre, melodia e harmonia.

Máquina de Arco também tem seu som manipulado pelo computador. O som invariável e contínuo produzido pela vibração da corda de um violão por um arco de violino é processado pelo computador e ganha tradução em filtros, efeitos e sintetizadores, a cada 8 minutos. O resultado, somado ao som monocórdio, é propalado em caixas de som espalhadas pelo ambiente, trazendo à tona questões de escala de percepção auditiva: o “mínimo” que se agiganta com a atenção, com o tempo e com a dilatação da percepção que o jogo com o silêncio produz.

O primeiro vídeo produzido por O Grivo ganha exibição com nova trilha sonora. Intitulado “Retrocesso” e produzido originalmente há cerca de 15 anos, traz stills de uma velha máquina de escrever Remington. Em planos fechados, vão se formando jogos visuais ora geométricos, ora simbólicos, pelos enfoques distintos dos ícones das teclas, entre as quais a de retrocesso. O filme já abordava temas caros à dupla.

Inéditos

Dos trabalhos criados especialmente para a mostra na Galeria Nara Roesler, está Quatro Discos. Segundo a dupla, aqui acontece novamente a ideia de repetição de uma sequência sonora como numa caixa de música. Mas, de maneira diversa desses artefatos milimetricamente executados, em Quatro Discos a realização das peças se deu numa oficina, caseira, de forma artesanal, deixando nelas as marcas da imperfeição que a mão humana produziu no ato de construí-las. "E contudo, foi essa mão que deu forma à máquina. O que cabe ressaltar é que, apesar de todas as imprecisões, a obra é precisa no que se refere à repetição da sequência. As imperfeições se repetem milimetricamente, no movimento maquinal do disco", define Marcos Moreira.

Máquina Desenho, segunda obra inédita da mostra, é constituída de dois grandes cilindros de lâminas de cedro, completados por câmera de vídeo, projeção e caixas de som. Desenhados sobre os cilindros de madeira, que giram em sentidos opostos, há dois sistemas de notação: o primeiro com pontos e o segundo, linhas. Esses sistemas são lidos pela câmera de vídeo em tempo real e interpretados como notação musical. O primeiro ativa sons e padrões de ritmo de uma biblioteca de staccatos (sons de curta duração cuja representação gráfica mais primária é o ponto). O segundo controla parâmetros musicais como intensidade e gradação de filtros aplicados aos staccatos (reverberação, atraso, filtro de frequência, etc.). Os desenhos aplicados aos cilindros produzem uma música indeterminada a partir de uma série de combinações possíveis que são organizadas a priori.

A imagem captada do movimento dos desenhos e dos cilindros que as suportam, além de ser interpretada e produzir os sons (como uma caixa de música), é projetada em escala aumentada. Esse zoom do que acontece em escala menor sob a câmera se relaciona com o convite a uma escuta atenta e minuciosa dos sons e das relações entre eles.

Ainda nas palavras de Moreira, "a convivência com tecnologias de distintas épocas é uma das características dos dias de hoje. Quando, em uma visita a Berlim, me encantei com a velha locomotiva que funcionava a pleno vapor junto a trens de última geração, constatei que a velha máquina nada devia à moderna e que ambas tinham seu fascínio. No campo da arte, onde procedimentos e objetos obsoletos são reinventados, recontextualizados, ressignificados, muitos trabalhos trazem novas visões para antigos instrumentos".

"Instaura-se dessa maneira um ambiente de troca e, por vezes, de convívio entre o passado e o presente. No ensejo de fazer com que o precário se relacione com os meios digitais, cada uma das unidades rítmicas associa-se a um som. A orquestração e as variações desses sons são trabalhadas de forma musical. O uso da aleatoriedade relacionado aos parâmetros musicais e aos sons faz com que a repetição se reinvente a cada momento e se transforme em texturas muitas vezes imprevisíveis. Uma música de ritmos incertos e timbres digitais."

O Grivo é formado por Nelson Soares e Marcos Moreira. Nasceram em Belo Horizonte, onde vivem e trabalham. Participaram da 28ª Bienal de São Paulo (2008) e da 8ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2008), ambas no Brasil. Entre seus principais trabalhos (que envolvem principalmente concertos e instalações) e mostras estão:Reinventando o mundo (Museu Vale, Vila Velha, Brasil, 2013); Artefatos de som (Oi Futuro, Belo Horizonte, Brasil, 2013); Estación experimental (Universidad Laboral, Gijón, Espanha, 2012); O Grivo (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2010); O Grivo(Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil, 2009); e It’s raining out there(South London Gallery, Londres, Inglaterra, 2008).


O Grivo, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 22/06/2015 til 15/08/2015

At times conflicting and at others harmonious, the relationship between machines and unpredictability takes center stage at Galeria Nara Roesler in a solo exhibition by Minas Gerais-based duo O Grivo, consisting of Nelson Soares and Marcos Moreira. The show will feature four sound installations, one video and specially created works. The duo will also enact a musical improvisation performance during the exhibition opening.

In the exhibit, a bevy of hybrid sound machines operate both automatically (driven by engines) and by the turning of cranks. The sounds are amplified by contact pickups and converted through filters, effects and synthesizers manipulated in real time. The musicians’ task is to configure and adjust the sound texture, improvising sounds as they manipulate the cranks. Once a certain ambience is established, the traction from the machines is transferred to the engines and the machines start to function in standalone fashion, as the musicians become spectators of their own sound configuration. The artists’ interventions happen again several times throughout the exhibition opening; in between them, the machines take care of the music.

The exhibition

In the duo’s works, mechanical function organized by technology gets subverted by the unpredictability of effects, where acoustics plays a crucial role. The praise of the machine at times collides and at others becomes confused with flirtation with indetermination and the unexpected.

As the duo’s text reads, "the sound pieces shown here dialogue with rhythm in an incisive way. Thus, the (rhythmic) sequences are both set by the machine-triggered movement and by the composition. By observing the rhythmic rules and their combinations, we become free to create sound combinations. This way, who knows, maybe music can emerge from amidst this chain. To a certain extent, we walk the line, which in turn is tied up by several knots."

The plurality of elements used to echo diverse, unexpected sonorities informs a significant portion of the artworks. It is so with Conta Gotas (2013), an installation where several burettes (graduated glass tubes with taps) and glass cylinders produce different sound frequencies as water drops hit the tubes themselves and the liquid or objects they contain.

In Engrenagens (2013), the same sound variation process takes up an entire gallery room with pieces of wood and bamboo, axes, pulleys, drive belts and lines that interact with one another to produce sounds in two different ways: through the friction of metal stems on also metallic surfaces; and through attrition between the pulleys and the wooden structures they support. As the mechanisms that move the parts switch on an off at various speeds, an unpredictable orchestration of sound arises with each new combination.

The technological element is the artificial brain that governs the emission of sound in Máquina de Luz (2013). The duo’s version of a music box (which plays notes as the notches in a rotating cylinder strike metal stripes) consists of light beams that send signals for the computer to emit sound whenever they are interrupted by four slowly spinning gears. This creates four small acoustic-electronic sound pieces that dialogue with notions such as fragmentation, tempo, pulsation, timbre, melody and harmony.

Máquina de Arco also features computer-manipulated sound. The unchanging, continuous sound produced by a violin bow on an acoustic guitar string is processed by the computer and translated through filters, effects and synthesizers every eight minutes. The result, combined with the monotone sound, is propagated via speakers placed throughout the room, raising issues of scale of auditory perception: the “minimal” becomes gigantic with attention, time and the dilation of perception that the interplay with silence creates.

O Grivo’s first-ever video will be screened with a new soundtrack. Titled Retrocesso and originally made approximately 15 years ago, it features stills of an old Remington typewriter. Close-up shots gradually create visual games that are at times geometrical and at others symbolical, through different perspectives of media control symbols, including the rewind sign. The film already dealt with topics the duo holds dear.

Premieres

One of the artworks specially created for the exhibit at Galeria Nara Roesler is Quatro Discos. According to the duo, the idea of music box-like repetition of a sound sequence is at play once again here. However, unlike those high-precision artifacts, the parts in Quatro Discos were handcrafted in a domestic workshop, and as such bear the marks of imperfection left by the human hand in building them. "And yet this was the hand that shaped the machine. It’s worth noting that despite all imprecisions, the piece is precise when it comes to repeating the sequence. The imperfections repeat themselves with laser-sharp precision in the machine-like motion of the disc”, Marcos Moreira defines.

Máquina Desenho, the second piece set to premiere at the exhibition, is composed of two large cylinders built from thin planks of cedar, a video camera, a projection and speakers. Two notation systems are printed on oppositely-rotating wood cylinders: the first one contains dots and the second one, lines. These systems are read in real time by the video camera and interpreted as music notation. The first one activates sounds and rhythm patterns from a library of staccato sounds (short-duration sounds whose most basic graphic representation is the dot). The second one controls musical parameters like intensity and filters applied to the staccato sounds (reverberation, delay, frequency filter etc.). The designs printed on the cylinders produce an indeterminate music through a series of possible combinations organized beforehand.

In addition to being interpreted and producing sounds (akin to a music box), the moving designs and the cylinders that bear them are captured in footage and projected in an enlarged scale. This zoom of what takes place in a smaller scale in front of the camera relates to an invitation to listen intently and thoroughly to the sounds and the relationships between them.

Still in Moreira’s words, "coexistence with technologies from different time periods is one of the characteristics of our days. When, in a visit to Berlin, I became enchanted by the old locomotive that still ran full steam alongside state-of-the-art trains, I realized the modern machine was every bit as good as the old one, and both were fascinating. In the art field, where obsolete procedures and objects are reinvented, re-contextualized, re-signified, many artworks shed new light on old tools.”

"An environment of exchange is thus established where past and present often coexist. In an attempt to make the precarious relate to digital media, each rhythmic unit is associated with a different sound. The orchestration and variations of said sounds are developed in musical fashion. The use of randomness in association with musical parameters and sounds causes repetition to reinvent itself with each new moment, morphing into oft-unpredictable textures. A music of uncertain rhythms and digital tones.”

Posted by Patricia Canetti at 9:13 AM

junho 17, 2015

Alvaro Seixas na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

AGENDA RJ Hoje 17/06 às 19-22h @ Mercedes Viegas: Alvaro Seixas em Paintbrush, com texto de Raphael Fonseca http://bit.ly/M-Viegas_A-Seixas

Posted by Canal Contemporâneo on Quarta, 17 de junho de 2015

Em sua segunda individual na Mercedes Viegas Arte Contemporânea o artista carioca Alvaro Seixas apresenta uma instalação concebida especialmente para o espaço da galeria, constituída em grande parte por inúmeras pinturas, de diferentes técnicas e formatos.

Nascido em 1982, Seixas explora em seus trabalhos as ideias de “pintura”, “abstração” e “apropriação” e como esses conceitos se relacionam com o panorama artístico-cultural atual.

O título da mostra - Paintbrush - remete ao popular e elementar programa de computador utilizado para criação de desenhos simples e edição de imagens. Desse modo, o artista investiga o aparente “formalismo” de suas obras e sugere o caráter visualmente eclético de suas pinturas, nas quais uma série de procedimentos técnicos ou movimentos artísticos distintos como o Construtivismo e o Expressionismo Abstrato são editados, conciliados, rediscutidos e, principalmente, recontextualizados.

Um dos destaques da instalação é uma série de pinturas nas quais o artista emprega tintas spray neon, multicoloridas e de grande luminosidade, associadas a materiais tradicionais como a tinta óleo, conferindo grande vibração ótica à superfície pictórica e colocando em contato certos elementos do vocabulário histórico da pintura com artigos e ferramentas industriais recentes. Algumas das telas que integram a mostra são dotadas de estruturas metálicas que conferem um aspecto cênico e pouco usual a tais objetos, explorando os limites físicos e conceituais da “pintura”.

Doutor em Linguagens Visuais pela UFRJ, Seixas foi o mais jovem dos artistas selecionados em 2014 para concorrer à 5ª Edição do Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas e atualmente participa de uma mostra coletiva associada à premiação, em exibição no MAC-USP, São Paulo.

Dentre suas principais exposições se destacam as coletivas “Rumos Itaú Cultural Artes Visuais – Trilhas do Desejo” (2008-2009, Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro); “Palácio” (2012, Prêmio Projeteis Artes Visuais, Funarte, Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro); “Ornamentos” (2013, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro), e a individual “Keep Dripping” (2012, também na galeria Mercedes Viegas).

O curador Raphael Fonseca assina o texto crítico sobre a mostra.

Posted by Patricia Canetti at 8:19 AM

junho 16, 2015

Prêmio CCBB Contemporâneo: Chelpa Ferro no CCBB, Rio de Janeiro

Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.

O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea já realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país desde o ano de 2010.

Sonorama

A temporada do Prêmio CCBB Contemporâneo começa em 16 de junho, às 20h, com o grupo Chelpa Ferro, formado por Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler. Na instalação inédita “Sonorama”, os artistas revestem o espaço com materiais acústicos reaproveitados do cotidiano e transformam a sala de exposição em um grande estúdio musical improvisado, ocupando o ambiente com objetos acústicos construídos pelo grupo e equipamentos de som.

A instalação surge do interesse no imaginário visual de estúdios de música, onde ensaios e gravações acontecem em meio a amplificadores, instrumentos, tapadeiras acústicas, caixas de som, cases e cabos. Com seu “Sonorama”, o Chelpa Ferro remonta esse espaço, explorando visualmente alguns elementos sonoros e criando um ambiente musical, como se ali fosse o estúdio em que costumam trabalhar.

Aos sábados, haverá performances, ensaios abertos e improviso do grupo com convidados. Os encontros serão gravados e os áudios estarão disponíveis para o visitante ouvir durante a semana.

Prêmio CCBB Contemporâneo

A série de exposições inéditas, em 10 individuais, começa com o Chelpa Ferro, seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Ana Hupe [RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG-SP], Alan Borges [MG], Vicente de Mello [SP-RJ] e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.

Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio, realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

Chelpa Ferro

Criado em 1995 pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler, o Chelpa Ferro trabalha com a pesquisa de fontes sonoras acústicas e eletrônicas, por meio da construção de máquinas e mecanismos sonoros não convencionais, combinados a instrumentos musicais tradicionais.

Para a 25ª Bienal de São Paulo, em 2002, o coletivo criou polêmica com a performance “Auto-Bang”, na abertura do evento. Um Maverick ornamentado com signos e referências visuais dos artistas, foi completamente destruído. Posteriormente, partes do carro foram transformadas em esculturas sonoras. O coletivo participou ainda da Bienal de Havana de 2003, da Bienal de São Paulo de 2004 e da Bienal de Veneza de 2005.

As exposições individuais e concertos do Chelpa Ferro possibilitam experiências únicas para o observador. É o caso de “Jungle Jam”, obra comissionada e apresentada em 2006 no FACT (Foundation for Art and Creative Technology), de Liverpool. “Jungle Jam” é uma instalação composta por 30 motores dispostos em linha horizontal sobre a parede. Cada motor é conectado a um pino, e este a uma sacola plástica. Quando ativados por um sincronizador, os motores fazem girar os pinos e, com eles, as sacolas plásticas, que produzem sons ritmados.

Entre as individuais do Chelpa estão: “Craca”, na Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa (2012), “Chelpa Ferro: Visual Sound”, em The Aldrich Contemporary Art Museum, Connecticut (2011), “Jungle Jam”, Sprovieri Gallery, Londres (2010), “Totoro”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2009), Netmage 08, International Live Media Festival – 8th edition, Bologna, Itália (2008), “Acusma”, no Museu de Arte da Pampulha, BH, “Jungle Jam, no Museu de Arte Moderna da Bahia (2008), e “On Off Poltergeist”, na Meskalito Gallery, Londres (2007).

Posted by Patricia Canetti at 3:32 PM

Artur Lescher na Nara Roesler, Rio de Janeiro

Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro apresenta produção recente de Artur Lescher na individual Afluentes, com desdobramentos das pesquisas dos últimos dois anos

O ambiente iluminado da Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro é o cenário de Afluentes, nova individual do artista paulistano Artur Lescher. Entre 18.06 e 01.08.2015, ele exibe ao público carioca sua produção recente, cuja tônica são os desdobramentos das pesquisas dos últimos dois anos, em que mescla princípios da física e da mecânica à síntese semântica das esculturas que cria. O resultado é a subversão da fixidez e do peso próprios de suas matérias-primas em favor da leveza - e de impressões poéticas.

Lescher se apropria de matérias-primas e procedimentos industriais para criar um universo preciso e organizado de objetos, tensionado pelo deslocamento do espectador no espaço. Sem se dar conta, o observador dispara a possibilidade de alteração da perfeição matemática e do equilíbrio das obras pelo simples deslocamento do ar, que pressupõe o movimento de pêndulos, ainda que não se concretize, e pela leitura particular do que vê. Conceitos como balanço, igualdade e proporção são libertos do uso instrumental para reencontrarem seu caráter metafísico, amplificado pela pureza formal das obras.

O espaço expositivo será ocupado por nove trabalhos, alguns dos quais evocam imagens líquidas, como a obra Afluentes, desdobramento de O Rio, que integra o acervo do MAM de São Paulo. Se nessa última os rolos de monotipia e offset escorrem da parede até o chão, na versão atual os rolos de papel coloridos pelo artista, em tons de azul, preto e vermelho, por meio de processo industrial permanecem contidos, formando uma constelação de círculos.

A Cascata de metal parece escorrer, traduzindo a ideia de sua matriz natural em uma conformação geométrica. A tensão da imagem inspiradora contra material e forma utilizados na realização da escultura evidencia o jogo proposto pelo artista, que manipula a lacuna entre significante e significado. Em outras palavras, a impossibilidade de tradução perfeita da natureza pelo código cultural ganha liberdade poética, dando aos trabalhos um sentido quase primitivo, transcendente.

A obra Rio de Parede, formada por 17 roldanas e uma malha de metal que pende dessas estruturas, apresenta em sua dinâmica interna o desdobramento dos trabalhos da exposição Objeto Pantográfico, apresentada em 2013. As ondulações e fluidez de um rio ganham, dessa forma, uma representação estática capaz de transmitir o movimento do original. Nas palavras do artista, o trabalho se coloca em “relação com o estado líquido das coisas”.

Na mostra de 2013, Artur Lescher usou como fio condutor a figura do pantógrafo, instrumento que amplia ou reduz desenhos. Formado por dois vetores verticais e dois horizontais, reproduz em maior ou menor escala a figura desejada por meio do acompanhamento mecânico da mão, que traceja a forma original para o efeito se concretizar.

Naquela ocasião, a crítica britânica Isobel Whitelegg escreveu sobre o sentido amplo do pantógrafo como metáfora: "Outras obras têm em comum os princípios do mecanismo de extensão e retração dessa invenção em vez de sua forma literal. Elas evocam o pantógrafo enquanto corpo mecânico capaz de avançar e recuar, de mudar o seu alcance e regular sua densidade e, assim, ser percebido como sendo mais pesado ou mais leve: expandido para abranger o espaço em sua estrutura ou compactado para excluí-lo". Essa ideia ganha outras leituras nesta nova individual no Rio de Janeiro.

No âmbito da leveza extraída de materiais densos, os pêndulos Ann, em azul cobalto, e Suave, em alumínio anodizado, seguem a tradição de Lescher em criar esculturas extremamente delgadas que, suspensas, dão a impressão de flutuar por força própria. Mais do que isso, criam a tensão da possibilidade de se moverem a qualquer corrente de ar ou vibração sonora, apesar de seu peso as manter quase sempre fixas.

Utilizando-se da luz que entra pela claraboia da pequena sala anexa para potencializar seu efeito visual, o Pivô relaciona-se com o espaço onde se insere. “As peças tiram proveito de certas situações espaciais”, diz o artista. Em metal dourado, essa obra difere dos outros pêndulos pela forma como é suspensa, por seu ponto médio. Isso lhe confere um movimento irregular, como o ponteiro desorientado de uma bússola que não se move pela imantação da terra e, portanto, deixa de servir à sua lógica funcional.

Essa inversão dá sequência a conceitos abordados na mostra Nostalgia do Engenheiro (México, 2014), cujo título simboliza a remissão à formulação do mundo pela construção matemática, tão cara à filosofia moderna. Nela, a condição de possibilidade da ciência está atrelada à fundamentação metafísica de seus princípios, unindo universos que parecem antípodas na contemporaneidade. Na produção de Lescher, essa articulação é primordial.

Em sua obra, de maneira geral, e nesta mostra especificamente, o artista não suspende só os trabalhos, seja no teto ou na parede. Fazendo a manipulação ardilosa da percepção do espectador pelo contraste entre matérias e sentidos, entre forma e matriz, Lescher parece suspender o andamento do tempo.

Artur Lescher, nascido em 1962 em São Paulo, participou das edições de 1987 e 2002 da Bienal de São Paulo e da Bienal do Mercosul de 2005, em Porto Alegre, Brasil. Seus trabalhos estão incluídos em importantes coleções públicas, tais como Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Instituto Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Biblioteca Luis Angel Arango – Bogotá, Colômbia; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Contemporânea – MAC-USP, São Paulo, Brasil; Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; Instituto Cultural Itaú, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires, MALBA, Buenos Aires, Argentina; Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Museum of Fine Arts, Houston, EUA; Philadelphia Museum of Art, Filadélfia, EUA.

Posted by Patricia Canetti at 3:11 PM

Manoel Veiga na Mezanino, São Paulo

Conexões entre arte e ciência são presentes na obra do artista

Manoel Veiga - Trabalhos Recentes, Galeria Mezanino, São Paulo, SP - 17/06/2015 a 11/07/2015

O artista plástico Manoel Veiga apresenta nova exposição individual a partir do dia 16 de junho de 2015 (terça-­feira), 19h às 22h, na Galeria Mezanino, em Pinheiros, em São Paulo. A mostra, que fica em cartaz até o dia 11 de julho de 2015, tem texto e curadoria de Agnaldo Farias (Crítico de Arte, curador e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo ­- FAU/USP).

A mostra marca os 15 anos da primeira individual do artista recifense, em agosto de 2000, na Fundação Joaquim Nabuco com texto do curador Moacir dos Anjos, além de celebrar a sua nova representação pela Galeria Mezanino, do galerista Renato De Cara. Pinturas recentes e uma série fotográfica fazem parte da mostra.

Obras

Ao longo do seu trabalho como artista visual, as conexões entre arte e ciência estiveram sempre presentes, tanto em seu aspecto conceitual quanto prático/construtivo. Através da pintura e da fotografia vem explorando as noções de espaço e tempo, gerando novas relações e cruzamentos entre suas formas de representação nos dois campos.

As pinturas evidenciam os desenvolvimentos de sua linguagem e processo onde fenômenos da natureza (difusão, gravidade, capilaridade, etc) são utilizados como ferramentas de construção, num procedimento técnico bem estruturado mas que contém em seu bojo uma certa medida de acaso. Há pouco uso do pincel, o direcionamento do fluxo de tinta é feito de forma indireta.

Na série “Hubble”, o ponto de partida é a apropriação de imagens em alta resolução do cosmos (nebulosas, galáxias, etc.), feitas pelo telescópio de mesmo nome. Elas são trabalhadas em programa de edição onde primeiramente são transformadas em imagens em preto e branco. Em seguida as cores são invertidas, o preto tornando ­se branco e vice­-versa. O ponto luminoso de uma estrela transforma ­se em ponto preto, gráfico, sobre um novo fundo branco, favorecendo uma conexão com o desenho e a gravura.

Manoel Veiga nasceu em 1966, em Recife (PE). Vive e trabalha em São Paulo (SP). Graduado em Engenharia Eletrônica pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1994 dedica­ se às Artes Plásticas. Estudou na Escola Nacional Superior de Belas­ Artes e na Escola do Louvre em Paris, França. Em São Paulo, estudou com Rodrigo Naves, Leon Kossovitch, Carlos Fajardo e com Nuno Ramos.

Realizou 22 mostras individuais em instituições e galerias pelo Brasil e no exterior, como na França e Alemanha. Destaque para Galeria Dengler Und Dengler (2015­ - 2013 - ­2010), em Stuttgart (Alemanha); Galeria D’Est et D’Ouest (2011), em Paris (França); Galeria Nara Roesler (2010), em São Paulo; MAC Paraná (2009), em Curitiba; Museu Murillo La Greca (2007), em Recife; Paço das Artes (2003), em São Paulo; e Galeria Vicente do Rego Monteiro Fundação Joaquim Nabuco (2000), em Recife.

Participou de diversas mostras coletivas em instituições como Paço das Artes, Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Instituto Tomie Ohtake, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife, Familie Montez Kunstverein em Frankfurt na Alemanha, SESC Pompéia, Centro Cultural Parque de Espanha em Rosario na Argentina, Memorial da América Latina e Espaço Cultural Bandepe.

Recebeu prêmios “Mostras de Artistas no Exterior” (Fundação Bienal de São Paulo / Ministério da Cultura do Brasil), em 2010; Jabuti (Ilustração para Livro Infantil), em 2010; Flamboyant (Salão Nacional de Arte de Goiás) e Menção Especial (Bienal do Recôncavo), ambos em 2006.

Tem obras em coleções públicas como Fundação Joaquim Nabuco, em Recife (PE); Museu de Arte Contemporânea, em Goiânia (GO); Museu de Arte Contemporânea do Paraná, em Curitiba (PR); Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (SP); Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães e Sesc Pernambuco, ambas em Recife (PE).

Posted by Patricia Canetti at 2:13 PM

junho 12, 2015

Daniel Lie na Triângulo, São Paulo

AGENDA SP Hoje 13/06 às 15h: Daniel Lie @ Casa Triângulo http://bit.ly/CasaTria_Daniel-Lie

Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 13 de junho de 2015

Por meio de um estudo místico e empírico do cotidiano, instalações e objetos desmembram o tempo em diversas camadas.

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 13/06/15, às 15h, a exposição Lie Liong Khing, primeira individual de Daniel Lie em uma galeria. A mostra, que traz o nome de seu pai no título, reflete sobre a passagem do tempo e da vida, através de memórias, objetos coletados ao longo da vida e fotografias de família. Suas investigações em torno do tempo, da natureza, da vida e da morte questionam as ligações humanas e universais, assim como o sentido da existência em si, por meio de um estudo místico e empírico do cotidiano.

A exposição "Lie Liong Khing” completa a trilogia de individuais que chegam a ficar em cartaz simultaneamente em três espaços culturais de destaque na cidade de São Paulo – Daniel Lie também está com individuais no Centro Cultural São Paulo (“Pacto com o Futuro”, em cartaz até 09/08/15) e na oficina Cultural Oswald de Andrade (“Meus Sentimentos”, em cartaz até 25/07/15). Nas três exposições, ele exibe projetos específicos de grande escala, compostos por estruturas de plantas e frutos tropicais que se interligam por de um sistema de cordas e roldanas, relacionando disciplinas como engenharia, física, química e ciência, flertando ainda com a ciência e a religião.

O eixo central desta exposição é uma grande instalação que ocupa a sala principal da galeria, na qual minerais brasileiros, plantas e frutas são suspensos por um mecanismo de roldanas, que relacionam o peso e a vida dos elementos ali instalados. A instalação convida o público a presenciar o tempo desmembrado em diversas camadas, seja o tempo da vida, pelo cultivo das plantas, o tempo ancestral com os minerais, ou tempo efêmero com os frutos perecendo, e o tempo familiar.

No segundo andar da galeria, Daniel apresenta uma série de objetos que oferecem um contato mais íntimo e direto entre o artista e o espectador. Esses objetos, criados com minerais, guizos, fitas e cordas, entre outros materiais, podem ser usados como esculturas de parede ou até mesmo serem utilizados em forma de colares, amuletos ou acessórios – flertando com a performance.

Posted by Patricia Canetti at 8:22 AM

junho 8, 2015

Conversa: Andrei Thomaz convida Gabriel Menotti e Márcio Harum no Red Bull, São Paulo

Artista visual Andrei Thomaz convida Gabriel Menotti e Márcio Harum para conversa com o público sobre os trabalhos “Ampulheta”, “Relógio de vela”, “Relógio de pêndulo”, “Relógio de Pêndulo Duplo” e “Relógio de Sol”

O artista visual gaúcho, radicado em São Paulo, Andrei Thomaz apresenta cinco trabalhos recentes e seus respectivos softwares em conversa com o público e convidados no dia 9 de junho, terça-feira, às 19h30, no auditório do Red Bull Station, no Centro de São Paulo. No evento “Máquinas do Tempo”, o artista recebe os críticos Gabriel Menotti e Márcio Harum que comentam a apresentação.

Apresentado na mostra Máquina do Tempo, com curadoria de Douglas Negrisoli e apoio do edital C.LAB na galeria Blau Projects em 2014, “Ampulheta” retira pixels do vídeo capturado por uma câmera de vídeo, colocando-os na tela. Desta forma, são criadas imagens que condensam um intervalo de tempo, sendo compostas por pixels acumulados em momentos diferentes.

“Relógio de Vela”, assim como os demais da série “Relógio”, é um trabalho deste ano. Forma imagens a partir de uma câmera de vídeo, porém de cima para baixo e da esquerda para direira, sempre em faixas verticais, lembrando-nos de que velas já foram utilizadas como relógio. As imagens resultantes podem ser geradas num largo espaço de tempo. “Relógio de Pêndulo”, por sua vez, forma uma imagem espelhada que se completa em linhas horizontais que partem da mediana do plano para as margens. Já “Relógio de Pêndulo Duplo”, forma essa mesma imagem em linhas horizontais, porém com a tela dividida em quatro colunas. “Relógio de Sol” tem um ciclo de 24 horas para terminar de formar uma imagem, que se completa da esquerda para a direita.

Softwares estão disponíveis para download no site do projeto: www.maquinasdotempo.art.br, cuja realização e disponbilização gratuita foi contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014. Todos os os trabalhos também serão expostos no Sesc Ipiranga a partir do dia 16 de junho na sala de Arte e Tecnologia.

Andrei Thomaz é artista visual e professor no Istituto Europeo di Design em São Paulo, onde vive e trabalha. Mestre em Artes Visuais pela ECA/USP e formado em Artes Plásticas pela UFRGS. Sua produção artística abrange diversas mídias, digitais e analógicas, envolvendo também várias colaborações com outros artistas, entre as quais encontram-se performances sonoras e instalações interativas. Entre os prêmios e editais pelos quais foi contemplado, encontram-se a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2014; #1 C.LAB - Blau Projects, com curadoria de Douglas Negrisoli (2014); Edital de Estímulo à Produção Audiovisual do Espaço do Conhecimento UFMG (2012); Prêmio de Ocupação dos Espaços da Funarte 2010, junto com Daniel Escobar e Marina Camargo; Edital do Centro Cultural Banco do Norteste 2010; 63 Salão Paranaense (2009); Prêmio Atos Visuais (2007); Prêmio FIAT Mostra Brasil (2006). Participou de festivais como Videobrasil (2011), FILE (diversas edições) e outros. É sócio da produtora Mandelbrot, em que atua como programador e coordenador no desenvolvimento de projetos interativos.

Posted by Patricia Canetti at 10:06 PM

Cristiano Lenhardt no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo

AGENDA SP Hoje 13/06 às 11-15h: Cristiano Lenhardt @ Galpão Fortes Vilaça http://bit.ly/galpFortes_C-Lenhardt

Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 13 de junho de 2015

Cristiano Lenhardt retorna ao Galpão Fortes Vilaça para apresentar a exposição O Habitante do Plano para Fora, sua segunda individual na galeria. Esculturas, desenhos, vídeos e uma obra com som fazem parte da mostra. Os trabalhos partem das observações que ele faz nas ruas, nas manifestações folclóricas, no comércio ambulante e na vivência cotidiana de modo geral.

Pau-Bonito é uma série de esculturas modulares feitas em madeira esculpida e pintada, como mastros, que se erguem através de cordas tensionadas e presas ao chão. Assemelham-se, assim, com a estrutura das tendas de circo e ao mesmo tempo evocam as lanças de caboclo, os estandartes, o pau-de-fita, entre outras manifestações folclóricas. Apesar de usar a cultura popular como ponto de partida, seu trabalho ganha novos desdobramentos semânticos através do jogo entre o bi e o tridimensional. Estas estruturas criam planos que dividem visualmente o espaço e delimitam áreas vazadas, interpenetráveis. Configuram, ainda, o que o artista chama de áreas estéticas, demarcando onde atuam as outras obras da exposição.

Nesse sentido, os trabalhos de O Habitante do Plano para Fora agem como personagens dentro de uma cena, cuja narrativa está em constante mutação. É frequente a utilização de furos, transparências e brechas, como um esforço do artista em revelar o que está além do plano observado. A série de desenhos Perfuração lida com essas questões: as formas geométricas são criadas com pequenos furos sobre o papel quadriculado. Desenho e escultura se justapõe na prática do artista. De modo semelhante, a obra Tela para Dentro, Vazada usa um globo-laser projetando luz para dentro de uma caixa de papelão furada. A caixa cria um espaço de baixa luminosidade, propício para o funcionamento do laser, ao mesmo tempo que os furos permitem que a luz extrapole o suporte.

Cristiano Lenhardt nasceu em Itaara (RS, 1975), e atualmente vive e trabalha no Recife (PE). Nos últimos anos, o artista tem participado ativamente de diversas exposições, além de residências e programas culturais. No seu currículo, destacam-se as participações em: Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts (Ohio, EUA, 2014); Programa Rumos Itaú Cultural (São Paulo, 2012); Mythologies, Cité Internationale des Arts (Paris, França, 2011); Intimate Bureaucracies, University of Essex (Colchester, Inglaterra,2011); Constructing Views, New Museum (Nova York, EUA, 2010); 7a. Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009); Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (São Paulo, 2009). Recentemente, foi anunciado como um dos selecionados para o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil: Panoramas do Sul, que acontece em outubro deste ano em São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 8:03 PM