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junho 27, 2014

ArtRio apresenta as galerias participantes da edição 2014

Feira é referência no mercado internacional de arte por reunir importantes colecionadores, galerias e artistas e apresentar projetos curatoriais diferenciados

Estão definidas as galerias participantes da quarta edição da ArtRio, que acontece entre os dias 10 e 14 de setembro no Píer Mauá, nos armazéns 1, 2, 3, 4 e 5 do Píer Mauá, somando mais de 20.000 m². Além do Brasil, a feira terá a participação de representantes de outros 12 países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Espanha, Estados Unidos, Luxemburgo, México, Portugal, Reino Unido, República Dominicana, Suíça e Uruguai.

”A ArtRio está amadurecendo a cada ano e conquistando posição de forte relevância no mercado internacional de arte. Nosso foco está sempre na qualidade da feira – tanto na seleção das galerias participantes como no trabalho de atrair para o evento os grandes colecionadores, curadores e consultores de arte. Somos uma feira brasileira que reúne o que há de mais relevante do cenário da arte mundial.”, indica Brenda Valansi, sócia da ArtRio.

As galerias participantes da ArtRio passam pela aprovação de um comitê de seleção que analisa diversos pontos como relevância em seu mercado de atuação, artistas que representa – com exclusividade ou não -, número de exposições realizadas ao ano e participação em eventos e/ou feiras. O Comitê 2014 é formado pelos galeristas Alexandre Gabriel (Galeria Fortes Vilaça / SP); Anita Schwartz ( Anita Schwartz Galeria de Arte / RJ); Cecília Tanure (A Gentil Carioca / RJ); Greg Lulay (David Zwirner / Nova Iorque - EUA); e Matthew Wood (Mendes Wood DM / SP).

Entre as galerias estrangeiras com mais representantes na feira estão Espanha, com 12 galerias, Estados Unidos, com sete galerias, e Reino Unido, com a presença de seis galerias. Pela primeira vez o evento terá galerias da África do Sul e de Luxemburgo.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Bradesco é o patrocinador máster da ArtRio, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. Estão confirmados também os apoios de Heineken, SKY e Universidade Estácio de Sá.

A ArtRio é realizada pelos sócios Brenda Valansi, Elisangela Valadares e Luiz Calainho.

PAÍSES PARTICIPANTES

África do Sul
Alemanha
Argentina
Brasil
Espanha
Estados Unidos
Luxemburgo
México
Portugal
Reino Unido
República Dominicana
Suíça
Uruguai

GALERIAS PARTICIPANTES

+ R (Maserre) Gallery, Barcelona, Espanha
A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brasil
ADN Galería, Barcelona, Espanha
Almeida e Dale, São Paulo, Brasil
Amarelonegro Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil
Amparo 60, Recife, Brasil
Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio de Janeiro, Brasil
Arthur Fidalgo Galeria, Rio de Janeiro, Brasil
Athena Galeria de Arte, Rio de Janeiro, Brasil
Baró Galeria, São Paulo, Brasil
Bischoff Projects, Frankfurt, Alemanha
Blain Southern, Londres, Reino Unido
Blau Projects, São Paulo, Brasil
Carbono Galeria, São Paulo, Brasil
Casa Triângulo, São Paulo, Brasil
Celma Albuquerque, Belo Horizonte, Brasil
Colecionador Escritório de Arte, Rio de Janeiro, Brasil
Curro & Poncho, Zapopan-Jalisco, México
David Zwirner, Nova York, Estados Unidos
Espace_L Art Contemporain, Genebra, Suíça
Espacio Minimo, Madri, Espanha
Espaço Eliana Benchimol, Rio de Janeiro, Brasil
Fólio, São Paulo, Brasil
Gagosian Gallery, Nova York, Estados Unidos
Galeria Arte 57, São Paulo, Brasil
Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil
Galeria Bergamin, São Paulo, Brasil
Galeria Carles Taché, Barcelona, Espanha
Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, Brasil
Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil
Galería de las Misiones, Montevidéu, Uruguai
Galeria Eduardo Fernandes, São Paulo, Brasil
Galeria Emma Thomas, São Paulo, Brasil
Galeria Enrique Guerrero, Cidade do México, México
Galeria Estrany-de la Mota, Barcelona, Espanha
Galeria Filomena Soares, Lisboa, Portugal
Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, Brasil
Galería Horrach Moyà, Palma de Maiorca, Espanha
Galeria Inox, Rio de Janeiro, Brasil
Galería Isla Flotante, Buenos Aires, Argentina
Galeria Joan Prats, Barcelona, Espanha
Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brasil
Galeria Logo, São Paulo, Brasil
Galeria Luisa Strina, São Paulo, Brasil
Galeria Marc Domenèch, Barcelona, Espanha
Galeria Marília Razuk, São Paulo, Brasil
Galeria Mário Sequeira, Braga, Portugal
Galeria Millan, São Paulo, Brasil
Galeria Mirim, Cape Town, África do Sul
Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte, Brasil
Galeria Nara Roesler, São Paulo Brasil
Galeria Nora Fisch, Buenos Aires, Argentina
Galeria Oscar Cruz, São Paulo, Brasil
Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, Brasil
Galeria Sur, Montevidéu, Uruguai
Galeria TAC, Rio de Janeiro, Brasil
Galeria Tempo, Rio de Janeiro, Brasil
Galeria Trama, Barcelona, Espanha
Galerie Bernard Ceysson, Luxemburgo
Gallery Nosco, Londres, Reino Unido
Gustavo Rebello Arte, Rio de Janeiro, Brasil
Ingleby Gallery, Edimburgo, Reino Unido
Johannes Vogt Gallery, Nova York, Estados Unidos
Kubikgallery, Porto, Portugal
Lamb Arts, Londres, Reino Unido
Lemos de Sá Galeria de Arte, Nova Lima, Brasil
Leon Tovar Gallery, Nova York, Estados Unidos
Luciana Brito Galeria, São Paulo Brasil
Luciana Caravello Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil
Lurixs: Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil
Marcia Barrozo do Amaral, Rio de Janeiro, Brasil
Maurício Pontual Galeria de Arte, Rio de Janeiro, Brasil
Mayoral, Barcelona, Espanha
Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil
Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil
Mul.ti.plo Espaço Arte, Rio de Janeiro, Brasil
Pace, Nova York, Estados Unidos
Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, Brasil
Paulo Kuczynski Escritório de Arte, São Paulo, Brasil
Pinakotheke, Rio de Janeiro, Brasil
Polígrafa Obra Gráfica, Barcelona, Espanha
Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, Brasil
Progetti, Rio de Janeiro, Brasil
Ramos Mederos, Santo Domingo, República Dominicana
Roberto Alban Galeria de Arte, Salvador, Brasil
Rolf Art, Buenos Aires, Argentina
Ronie Mesquita Galeria, Rio de Janeiro, Brasil
Ruth Benzacar Galeria de Arte, Buenos Aires, Argentina
Senda, Barcelona, Espanha
Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro, Brasil
SIM Galeria, Curitiba, Brasil
Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba, Brasil
Steve Turner Contemporary, Los Angeles, Estados Unidos
Tanja Wagner, Berlim, Alemanha
Vermelho, São Paulo, Brasil
Victoria Miro, Londres, Reino Unido
White Cube, Londres, Reino Unido
Y Gallery, Nova York, Estados Unidos
Zipper Galeria, São Paulo, Brasil

PROGRAMAS

PANORAMA
Participam galerias nacionais e estrangeiras com atuação estabelecida no mercado de arte moderna e contemporânea.

VISTA
Programa dedicado às galerias jovens, com projeto de curadoria experimental. Com foco em arte contemporânea emergente, as galerias desenvolvem propostas artísticas inovadoras especialmente para feira.

LUPA
Espaço para obras monumentais ou de grande escala, inéditas e/ou desenvolvidas especialmente para a feira (site-specific). A curadoria é de Abaseh Mirvali.

SOLO
Participam artistas convidados pelos curadores Julieta Gonzalez e Pablo Léon de La Barra segundo um conceito diferente criado a cada ano.

ARTRIO EM NÚMEROS

Reconhecida como um dos eventos de arte mais importantes do mundo
Mais de 100 galerias – nacionais e internacionais
Obras de mais de 2.000 artistas
9.280 metros quadrados de obras de arte
Cinco armazéns do Píer Mauá
Mais de 3.400 profissionais envolvidos na produção do evento
Mais de 50 eventos paralelos

SERVIÇO ARTRIO 2014

Data: 11 a 14 de setembro (quinta-feira a domingo) – aberto ao público das 13h às 21h.

Preview para convidados – 10 de setembro (quarta-feira)

Local: Píer Mauá (Armazéns 1, 2, 3, 4, e 5) – Av Rodrigues Alves 10 - RJ

Posted by Patricia Canetti at 8:39 AM

junho 26, 2014

Projeto Parede: Carmela Gross no MAM, São Paulo

Projeto Parede do MAM apresenta obra de Carmela Gross que mescla dados de imigrantes e nomes em tupi para abordar um aspecto da formação da sociedade brasileira

Artista utiliza um conjunto de placas metálicas coloridas com nomes e dados de pessoas de várias nacionalidades que chegaram a São Paulo misturados com a designação tupi de acidentes geográficos

Projeto Parede: Carmela Gross - Marapé, MAM, São Paulo, SP - 03/07/2014 a 14/12/2014

Nome, sobrenome, idade, país de origem e data de chegada a São Paulo. Dados que preenchem fichas cadastrais de diversos imigrantes que chegaram no estado em meados e no final do século XIX servem de conteúdo para a artista multimídia Carmela Gross criar Marapé,obra selecionada para o segundo Projeto Parede de 2014 - em que o MAM convida dois artistas por ano para ocupar todo o corredor de acesso entre o saguão de entrada e a Grande Sala. A obra se utiliza de 531diferentes placas metálicas de sinalização grafadas com nomes e informações sobre os imigrantes misturadas a outras com nomes de acidentes geográficos em tupi para ilustrar a história e a miscelânea que formou a população paulista e a língua que usamos, possibilitando uma ampla visão da presença e da influência do imigrante na sociedade brasileira.

Após extensa pesquisa no Arquivo Público do Estado de São Paulo, que possui mais de dois milhões de registros de imigrantes de diversas etnias e nacionalidades, a artista selecionou 390. “Os nomes de imigrantes foram a primeira chave para a elaboração do projeto. Comecei por Gross, de minha família paterna, que aportou por aqui em 1889, e encontrei muitos outros nomes, de variados países, além de datas, navios, cidades e núcleos de destino”, explica a artista. “Os arquivos foram inscritos em um conjunto de placas de ferro esmaltado, destas que sinalizam nomes de ruas e praças, porém de variados tamanhos e cores, distribuídas pela parede e nos degraus da escada de acesso ao espaço expositivo do museu”.

Ao explorar a ligação familiar, a memória afetiva e a realidade desses imigrantes, Carmela mistura nomes, países de origem e a idade com que chegaram ao Brasil com nomes de rios, montanhas, povoados, cidades e bairros que representam o território indígena, pois são escritos em tupi(como Aricanduva, Tiete, Itu, Anhangabaú), e constituem uma referência à língua geral paulista, recorrente no planalto de Piratininga até meados do século XVIII. Essa miscelânea gera uma plataforma deste novo país que se formava, ao mesclar etnias, nacionalidades e línguas. “Os diversos nomes escolhidos são apenas a ala de frente que representa uma multidão.” finaliza.

Carmela Gross
A artista realiza trabalhos em grande escala que se inserem no espaço urbano e assinalam um olhar crítico sobre a arquitetura, a história urbana, os automóveis, a noite, a rua e os fluxos luminosos da cidade.O eixo comum, para além da diversidade dos contextos e das propostas elaboradas em cada caso, é o conceito básico de trabalhar-na-cidade, de modo que a obra e o fluxo urbano se pertençam e se misturem. O conjunto de operações que envolvem desde a concepção do trabalho, passando pelo processo de produção, até a disposição no lugar de exibição enfatizam a relação dialética entre a obra e o espaço, entre a obra e o público transeunte. Os trabalhos procuram engendrar novas percepções artísticas que afirmam uma ação e um pensamento críticos e que trazem à tona a carga semântica do lugar, seja ele um espaço público, uma instituição ou o momento de uma exposição.

Posted by Patricia Canetti at 9:46 PM

Diálogos com Palatnik no MAM, São Paulo

MAM apresenta mostra Diálogos com Palatnik com obras conceituais que ampliam o conceito de pintura com diversos artistas

A convite do museu, curador Felipe Scovino seleciona obras do acervo do MAM que tem relação com a pintura e a usam como suporte

Para aprofundar o conhecimento na produção de Abraham Palatnik, o Museu de Arte Moderna de São Paulo convidou o curador Felipe Scovino para realizar uma exposição com o acervo do MAM que conversasse com a retrospectiva Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura. Assim, nasce Diálogos com Palatnik,apresentada de 2 de julho a 15 de agosto, na Sala Paulo Figueiredo. Com 39 obras de26 artistas diferentes, a mostra caminha por duas vertentes que são próprias na trajetória desse artista: a capacidade de alargar as propriedades sobre a pintura – e concomitantemente sobre a arte construtiva - e a aplicação da artesania na fabricação das obras, criando um sentido particular sobre o que significa a ideia de inventor nas artes visuais.

“Palatnik afirma que tudo o que faz é pintura. Nos objetos tridimensionais é a luz, a cor e o movimento que o interessam. Também surge a artesania com a reflexão sobre como o signo da pintura pode ser identificado para além de tinta sobre a tela ao adicionar pregos, barbante, adesivos, tecidos, tapeçaria e outros objetos,” explica Scovino. “A forma como cria as obras, que envolve sistemas eletrônicos produzidos de forma caseira - tendo parafusos e motores elétricos como complemento aos pincéis -, transmite a ideia do inventor e da manufatura em Palatnik,” completa o curador.

Se Objetos cinéticos são pinturas no espaço, a artista Leda Catunda articula outra qualidade para a pintura ao pensar o tecido e a espuma como tela na obra Babados (1988), um relevo que usa materiais que não são próprios da pintura para torná-la mais humana. A peça Garrafas(1995), de Emmanuel Nassar, exibe garrafas de vidro, cortiça, arame, pregos e guache sobre madeira, o que a situa entre o construtivismo e o neoplasticismo, pois oferece um mundo particular e real, reunindo elementos como o cinismo, a violência e o improviso. Se em Nassar o improviso chama a atenção, na obra Cheio, vazio (1993), de José Leonilson -um bordado e costura em tecido de algodão-, a forma construtiva aparece cercada de delicadeza e suavidade, sem negar a atmosfera de violência e exclusão que o artista sofreu.

Também há um grupo formado por artistas ligados às pesquisas de tendência construtiva que experimentaram a escultura e a fotografia como elementos. Com seis fotografias presentes na mostra, Geraldo de Barros nunca deixou de registrar, pensar e discursar sobre o mundo como um pintor. “A escolha por determinada perspectiva, o jogo entre luz e sombra, a técnica em permitir que a arquitetura não fosse um anteparo ou cenário para as fotos mas o próprio personagem são atitudes típicas de um artista que tem o pensamento pictórico como lema”, afirma o curador.

Nos casos específicos de Mary Vieira, Sergio Camargo e Willys de Castro, as obras exibidas criam outras possibilidades para a arte cinética sem abdicar de uma complexa engenharia, pois são formadas por uma economia de elementos assim como por uma tecnologia simples e direta. A artista Jac Leirner usa etiquetas adesivas e material gráfico com a logomarca do MAM para criar um jogo visual que relaciona design e estética construtiva, elementos que são caros a Palatnik. As obras de Cem temas, uma variação (2001) equilibram dispersão visual e harmonia por meio de gestos mínimos e precisos.

A exposição possui um núcleo de inventores, seguindo uma espécie de metodologia à La Palatnik. Destacam-se nesse grupo, o coletivo Chelpa Ferro e os artistas Guto Lacaz, Marcelo Silveira e Paulo Nenflidio, com trajetórias que não têm relação direta com astendências construtivas e tampouco possuem signos geométricos nas obras apresentadas, porém flertam com a manufatura, o apuro técnico e a integração com a tecnologia, além de considerarem uma outra relação com o ateliê, variando entre uma semelhança com uma oficina ou um lugar multifacetado em que predomina o dado meticuloso no exercício da produção manual.

Há ainda obras de artista do calibre de Alfredo Volpi, Aluísio Carvão, Nelson Leirner, Raymundo Colares, José Damasceno, José Spaniol e Sergio Camargo, entre outros. “Desta forma, a mostra exibe uma propriedade que transmite à pintura uma característica de amplitude, confundindo-se com a escultura, o design, o objeto e todo e qualquer suporte. É essa característica de invenção que sempre interessou a Palatnik e que de forma direta ou indireta poderá ser vista no trabalho desses artistas” finaliza Felipe Scovino.

Posted by Patricia Canetti at 8:59 PM

Abraham Palatnik no MAM, São Paulo

MAM exibe retrospectiva da obra de Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética no Brasil

Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura, com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, é a maior mostra já realizada do artista, consagrado pela criação de obras marcadas pela fusão entre o movimento, o tempo e a luz; na Sala Paulo Figueiredo, Scovino apresenta obras do acervo do museu que ampliam o conceito de pintura de diversos artistas em Diálogos com Palatnik.

Pinturas, desenhos, estudos, objetos, móveis e esculturas compõem a exposição Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta de 2 de julho a 15 de agosto na Grande Sala, com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, e patrocínio do Banco Safra. Ao unir estética à tecnologia, Palatnik utiliza movimento, luz e tempo como instrumentos para a criação de obras com grande potencial visual e poético, lançando os fundamentos de uma corrente artística que ficou conhecida como arte cinética, na qual as fronteiras entre pintura e escultura se confundem e se ampliam. Na Sala Paulo Figueiredo, Scovino apresenta a mostra Diálogos com Palatnik, reunindo 39 obras de 26 artistas do acervo do museu que repensam o conceito de pintura.

Apresentada no CCBB, de Brasília, e no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura chega ao MAM com 97 obras, onze a mais que suas antecessoras: a mostra traz quatro trabalhos adicionais do artista, um pôster produzido pelo pintor e artista gráfico Almir Mavignier e uma série de seis obras do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, de dois internos do Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, em Engenho de Dentro (RJ), que influenciaram diretamente a carreira de Palatnik. São duas pinturas em guache sobre papel de Emydio de Barros e quatro desenhos de Raphael Domingues, produzidos com nanquim e bico de pena sobre papel.

Aos 86 anos, o artista residente no Rio de Janeiro é um dos pioneiros e a maior referência em arte cinética no Brasil, corrente que explora efeitos visuais por meio de movimentos físicos e ilusão de ótica, utilizando pesquisa visual e rigor matemático em obras com instalações elétricas que criam movimentos e jogo de luzes. Do homenageado são expostas 90 obras, desde óleos sobre tela do início da carreira a trabalhos recentes como da série W, de acrílica sobre madeira. Estão presentes as séries mais célebres: Aparelhos Cinecromáticos, Objetos Cinéticos e Objetos Lúdicos, além de móveis dos anos 1950, Relevos Progressivos e as Progressões, em que o jacarandá é o meio e o tema para pintura. Em São Paulo, são exibidos exclusivamente obras do artista que pertencem ao acervo do MAM: Objeto Cinético (1986), Progressão K-40 (1986), Mobilidade IV (1959/99), Aparelho Cinecromático (1969/86) e o pôster produzido por Almir Mavignier, em 1964, para uma exposição do Palatnik na Alemanha.

Nascido em Natal (RN), filho de russos, Palatnik passou a infância em Tel-Aviv (então Palestina), onde fez curso de especialização em motores de explosão. Aos 20 anos, voltou permanentemente para o Brasil. O jovem artista mudou a forma de ver, fazer e entender arte quando conheceu o Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, coordenado pela Dra. Nise da Silveira, levado por Almir Mavignier, orientador do ateliê de pintura da instituição. Ao ver obras de pacientes esquizofrênicos, que apresentavam uma produção excepcional, mesmo sem estudos sobre arte, Palatnik percebeu que realizava algo inócuo frente àquela produção rica de artistas que na grande maioria desconhecia o significado da expressão “arte”. Assim, abandonou os pincéis e passou a ter uma relação mais livre entre forma e cor.

Aprofundando os estudos sobre psicologia da forma e usando os dotes como engenheiro, ele começou os experimentos com luz e movimento que deram origem aos Aparelhos Cinecromáticos - caixas com lâmpadas e telas coloridas que se movimentam acionadas por motores, um mecanismo que gera uma série de imagens de luzes e cores em movimento, que unem lirismo e jogo de percepção-, e aos Objetos Cinéticos - aparelhos constituídos por hastes ou fios metálicos que possuem nas extremidades discos de madeira pintados de várias cores, além de placas que se movimentam lentamente, acionado por motores ou eletroímãs, dando à mecânica uma dimensão estética que provoca encantamento com os movimentos rotativos.

Esse uso inusitado que Palatnik faz da tecnologia e sua originalidade fez com que a classe artística e os júris especializados focassem e admirassem seus trabalhos. Durante a I Bienal de São Paulo, em 1951, a comissão internacional não sabia como qualificar a obra Aparelho Cinecromático Azul e roxo em seu primeiro movimento. A obra não era uma escultura, tão pouco uma pintura. Era algo que não se enquadrava nas categorias da Bienal. A solução encontrada para garantir o reconhecimento pelo trabalho original e inovador foi lhe dar uma menção honrosa.

Retrospectiva do trabalho
É importante destacar que a exposição pensa a obra de Abraham Palatnik como um trabalho pictórico, e como a pintura - na concepção múltipla e ampliada - pode ser vista e estudada mesmo em objetos tridimensionais. “Seja nos Aparelhos Cinecromáticos, nos Objetos Cinéticos ou nas pinturas, o artista não abre mão da artesania e de certa gambiarra, que ao longo dos anos foi desaparecendo” explica Scovino. “Hoje os cortes feitos na madeira para a execução da série W são produzidos a laser e não mais na casa do artista por meio de uma máquina cuja precisão era infinitamente menor que a do laser,” afirma.

Em 1954, Palatnik cria com o irmão Aminadav a fábrica de móveis Arte Viva, que funcionou até meados da década seguinte. A experimentação que guiava o trabalho no ateliê foi deslocada para a fábrica, onde foram produzidos vários tipos de mesa com tampos de vidro pintados pelo artista, além de poltronas, cadeiras e sofás. Na década de 1970, Palatnik e o irmão inauguram a Silon, produzindo em larga escala objetos de design, sempre em formato de animais. “A obra só adquiria sentido pleno se alcançasse a vida, a rotina e o uso mais comum do cidadão. Mais uma vez, percebemos a insatisfação com a estagnação, um desejo contínuo de pesquisa e de integração de distintas áreas como escultura, pintura, tecnologia, física, móveis e design”, explica o curador.

Nos Relevos Progressivos, realizados a partir dos anos 1960, o sequenciamento dos cortes na superfície do material – cartão, metal ou madeira – cria camadas que variam dependendo da profundidade e localização do corte, constituindo a própria dinâmica. Na década de 1970, Palatnik produziu a série Progressões, que são pinturas formadas por intervalos de jacarandá montados em sequências de lâminas finíssimas. Aproveitando a materialidade dos veios, nós e outras marcas naturais, percebe-se a estrutura de desenhos e gestos que demarcam um corpo vivo e dinâmico. Progressões também se desmembrou a partir dos anos 1990 na série W, em que sai o jacarandá e entra a tinta acrílica.

Diálogos com Palatnik
No mesmo período, a Sala Paulo Figueiredo apresenta a mostra Diálogos com Palatnik, do curador Felipe Scovino, que expõe 39 obras do acervo do museu de 26 artistas que repensam e ampliam o conceito da pintura. Foram escolhidas duas vertentes para a escolha das obras que são próprias na trajetória do artista: a capacidade de alargar as propriedades sobre a pintura - e sobre a arte construtiva - e a aplicação da artesania na fabricação das obras, criando um sentido particular sobre o que significa a ideia de inventor nas artes visuais.

Posted by Patricia Canetti at 7:02 PM

junho 25, 2014

Videoresidência Território Expandido: mesa Redonda e Lançamento de Catálogo no Santander Cultural, Porto Alegre

Artistas e curadora conversam com o público sobre a produção realizada no projeto "Videoresidência Território Expandido"

No dia 28 de junho, a partir das 14h30, no Santander Cultural, a Galeria Mamute promove uma mesa redonda com a curadora Niura Borges e os artistas integrantes do Núcleo de Vídeo RS Andreia Vigo, Nelton Pellenz e Walter Karwatzki sobre o processo criativo e as produções artísticas desenvolvidas durante o programa de residência em vídeo da Galeria, a "Videoresidência Território Expandido". Desde fevereiro deste ano, o grupo esteve envolvido com o projeto que buscou abrir um espaço de inter-relações entre artistas e regiões do Brasil, no intuito de estimular a troca de conhecimento entre as diferentes produções e favorecer processos de coletivos de arte. Ao longo de três meses, durante 15 dias, os grupos formados por Alice Jardim (AL) e Walter Karwatzki; Adriana Tabalipa (RJ), Andreia Vigo e Roderick Steel (SP); Joacelio Batista (MG) e Nelton Pellenz trabalharam para criar obras de videoarte inéditas que fizeram parte da exposição "Paisagens Inventadas" e estão compiladas em um DVD, o qual acompanha o catálogo do projeto.

"Os grupos vivenciaram um processo criativo intenso, compartilharam experiências, somaram afinidades, aproximaram diversidades, romperam fronteiras, abriram seus territórios de criação na construção de obras de videoarte. O vídeo abriu perspectivas inusitadas de criação e a possibilidade de ampliar a textura citadina, reconfigurar e inventar uma nova paisagem, resultante de uma prática criativa coletiva, da riqueza desse encontro", coloca Niura Borges.

Contemplado com o Prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais 10ª Edição, o projeto "Videoresidência Território Expandido" contou também com palestras com André Parente, Lucas Bambozzi, Solange Farkas e Orlando Maneschy. O resultado e registro de todas as atividades integram o catálogo que será lançado nesse mesmo dia, com distribuição gratuita.

Serviço:
Mesa Redonda e Lançamento de Catálogo "Videoresidência Território Expandido"
Data: 28 de junho de 2014, às 14h30
Local: Santander Cultural - Rua Sete de Setembro, 1028 - Centro Histórico - Porto Alegre

Posted by Patricia Canetti at 9:54 PM

OSGEMEOS no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo

A Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar A ópera da lua, nova exposição individual da dupla OSGEMEOS no Galpão Fortes Vilaça. A exposição reúne cerca de trinta pinturas, três esculturas e uma vídeo-instalação 3D. Em sua maioria inéditas, as obras são apresentadas em um ambiente imersivo, no qual o universo narrativo dos artistas ganha nova dimensão.

A trajetória artística d'OSGEMEOS abarca uma multiplicidade de técnicas e suportes que convivem simultânea ou alternadamente: do desenho para o grafitti e os murais, da pintura para as imagens cinéticas, esculturas e instalações. Sua obra tem uma natureza fantástica, um caleidoscópio onde imagens de origens diversas, com elementos surreais, se sobrepõem e se rebatem em uma paleta multicolorida.

O estilo da dupla, imediatamente reconhecível, caracteriza-se por seus personagens singulares, que habitam um mundo onírico em contraponto com a cidade que lhes serve de suporte e estímulo. Em narrativas que podem ser poéticas, irônicas ou críticas os artistas trabalham com muitos detalhes em uma minuciosa construção das imagens.

Os excessos são elemento fundamental na transcendência do real para o imaginário. Nesse aspecto a obra d’OSGEMEOS se relaciona com outros artistas como Yayoi Kusama, por seu uso obsessivo de padronagens, e Takashi Murakami pela ênfase no detalhamento dos personagens. As suas esculturas cinéticas, tão repletas de detalhes quanto as pinturas, remetem aos experimentos de Tinguely e suas máquinas non-sense. Seus grandes painéis e murais ecoam os muralistas mexicanos com suas cores vibrantes e personagens da cultura popular.

O desenvolvimento do trabalho d’OSGEMEOS para museus e galerias permitiu a incorporação da luz, som e movimento nas obras, como visto em sua primeira individual em São Paulo, realizada em 2006 na Galeria Fortes Vilaça. Em A ópera da lua, os artistas dão enfoque especial às esculturas, levando a experiência da pintura para o tridimensional. Portas e janelas conectam as obras construindo um grande ambiente imersivo. As pinturas tomam formas e dimensões inesperadas, exploram novos contextos para os personagens, novas histórias, texturas e padrões em profusão.

A dupla OSGEMEOS é formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos em 1974 em São Paulo, onde vivem e trabalham. Já participaram de diversas exposições importantes dentre as quais se pode destacar: ICA – The Institute of Contemporary Art, Boston, USA (2012); Fermata, Museu Vale, Espírito Santo, Brasil (2011); Museu Colecção Berardo, Lisboa, Portugal (2010); When Lives Become Form: Creative Power from Brazil, Hiroshima City Museum of Contemporary Art, Hiroshima, Japan (2009); Vertigem, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro; Vertigem, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil (2008). Entre projetos especiais destacam-se: Wholetrain, São Luís do Maranhão, Brasil (2012) e Street Art, Tate Modern, London, UK (2008). Suas obras estão presentes em grandes coleções como: Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museum of Contemporary Art, Tokyo Art Museum, Tokyo, Japan; The Franks-Suss Collection, London, UK, entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 4:21 PM

Angélica Teuta + Pedro Hurpia na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto

A artista colombiana Angélica Teuta apresenta a sua primeira exposição individual na galeria, sob o título "E tudo o que resta é uma pedra para sentar", exibe duas séries de trabalhos: "Decoração para espaços claustrofóbicos", uma pesquisa realizada desde 2009 e "Arquitetura Emocional", sua mais recente investigação. Em "Decoração para espaços claustrofóbicos”, a artista cria paisagens a partir de uma visão interna de edificações, são construções realizadas com retroprojetores de acetato, papel recortado, transparências, pequenos motores e ventiladores. Junto a esses trabalhos, Angélica exibe "Arquitetura Emocional", ilhas construídas como mobiliários que servem para passar o tempo e descansar, utilizando para isso bancos de madeira em formato de pedras, tapetes e um chão com a mesma pintura utilizada em lousas escolares, deixando ao público a possibilidade de desenvolver desenhos no piso das plataformas de descanso. Ambas as investigações fazem referência a momentos de pausa, como olhar para a paisagem através de uma janela (mesmo que essa seja construída apenas com silhuetas de papel recortado) ou ter a possibilidade de sentar e contemplar o lugar que se está. Junto aos trabalhos é possível escutar uma peça sonora desenvolvida pela artista em parceria com a artista mexicana Valeria Jonard, os sons criam um outro nível de percepção para o lugar - vozes humanas imitando sons da natureza e alguns contos que podem ser escutados nos espaços de descanso, neles narrativas sobre a ideia de viagem, solidão e do sentir-se perdido em meio as mudanças. Muitos dos projetos de Angélica são construídos pelas viagens que a artista realiza e pelas pessoas que a cercam – convivência, emoção e observações sobre o passar da vida.

Angélica Teuta, 1985 - Medellin, Colômbia. Vive e trabalha em Nova York, EUA.
É mestranda em Artes Visuais pela Columbia University, School of the Arts - Nova York, EUA. Participou de residências artísticas nos Estados Unidos (AZ-West, Andrea Zittel / James Trainor - Joshua Tree National Park, Califórnia e Residencia Studio Vermont Center, Johnson, Vermont); e no Canadá (Residencia AGYU - Toronto). Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se: Replace Request, Fotogalleriet - Oslo, Noruega; 3 décadas de arte em expansão - 1980 ao presente - Coleção Banco de la Republica - Bogotá, Colômbia; 43 Salão (Inter)Nacional de Artistas, Saber desconocer - Medellín, Colômbia; YIVF#08 _Yogyakarta International Videowork Festival. HONF FUNDATION. Yogyakarta, Indonésia.

Pedro Hurpia apresenta a exposição "O todo é feito de partes", sua primeira mostra individual na galeria. Neste conjunto de trabalhos, Hurpia parece dar um passo mais profundo em suas investigações. Estão presentes a paisagem, bem como a fotografia e pintura características de seus últimos trabalhos, mas revela-se um aprofundamento não só nas relações entre homem e natureza mas do homem em experiência. Se para Espinoza a Natureza é um todo composto de partes únicas e essenciais, da mesma forma encontramos na experiência humana um conjunto de micropartes afetivas, únicas e mutáveis.

A trajetória nos apresenta pequenas partes reveladoras de afecções e memórias. Há um corpo que vivencia o mapeamento de uma viagem, encontrando na fusão entre desenhos e pinturas uma cartografia do imaginário. Quando este corpo se coloca in natura, busca captar e suspender a experiência pela fotografia do instante, estendendo-nos o convite à experiência. E pelo olho mágico parece sussurrar aos nossos ouvidos: “Consegues abarcar o todo? Que partes te trouxeram até aqui?”. O caminho de volta apresenta outras possibilidades, onde o corpo (re)configurado ressurge na tela, em outras partes, cores e temperaturas distintas de um todo que se desconstrói. Resta-nos então a memória, as afecções sutis e pessoais que não se consegue partilhar, que nos escorre pelas mãos em fragmentos do que já se foi.

Cabe ressaltar entretanto, que a interação entre as partes apresentadas por Pedro Hurpia são de configurações múltiplas, libertando-nos a combiná-las e vivenciá-las em formas e organizações infinitas. Mais uma vez, para Espinoza, cada parte focaliza um todo, mas há um infinito que podemos captar pelo entendimento e há outro que acedemos pela imaginação. Pedro convoca-nos a este último, explorando as partes para uma viagem ao todo.

Pedro Hurpia, 1976 - Brasília, Brasil. Vive e trabalha em Campinas e São Paulo, Brasil.
É mestre em Artes Visuais pela Unicamp - Universidade de Campinas. Participou de residências artísticas no Brasil (Residência em Fotografia no LabMIS - MIS, São Paulo) e na Islândia (SÌM Samband Íslenskra Myndlistarmanna - Reykjavík). Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se: Sobre Lugares e Gestos - MIS-SP, São Paulo, Brasil; Além da Forma - Instituto Figueiredo Ferraz - Ribeirão Preto, Brasil; III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia - Casa das Onze Janelas - Belém, Brasil; Hreyfanlegir Hlutir, Kyrrstæðir Hlutir - Reykjavík, Islândia.

Posted by Patricia Canetti at 2:35 PM

Barrão na Fortes Vilaça, São Paulo

A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Lugar nenhum, nova exposição individual do artista carioca Barrão. As onze esculturas e a série de aquarelas que compõem a mostra revelam uma nova linha de pesquisa na prática do artista, onde os volumes são menos caóticos, mais sintéticos e geometrizados, ao passo que o figurativismo aparece de maneira mais sutil.

A produção escultórica de Barrão é dedicada à criação de assemblages com peças de cerâmica. Seu método começa na acumulação e na ordenação de variados objetos decorativos e utilitários, que são cuidadosamente seccionados pelo artista. Em seguida, são remendados com resina epóxi em composições que frequentemente tangenciam o kitsch e o surrealismo.

Em Fogueira Geo, múltiplas canecas são coladas para formar onze colunas que, montadas no chão, remetem à armação de uma fogueira. O fogo que poderia emanar daí não é outro senão o conjunto das diferentes histórias de cada caneca, que trazem estampadas em si variados motivos comemorativos, promocionais ou festivos. Ao mesmo tempo, a associação entre essas colunas com a linearidade orgânica de troncos e galhos – assim como em Tora (50 anos) e outros trabalhos desta mostra – revela a preocupação do artista para que a geometrização da forma seja tão mimética quanto os objetos que o inspira.

Os trabalhos Marretão de 15, Marretão de 12 e Vara Pau, também formados por colunas, têm como estrutura modular bases cilíndricas de pias de banheiro. Esse inusitado material permite ao artista trabalhar em escala diferente da que está habituado – aqui as obras ganham um aspecto mais monumental –, ao mesmo tempo que sua superfície lisa chama a atenção para a qualidade pictórica da composição, variando entre tons pastéis. As aquarelas que completam a exposição, por sua vez, apresentam mesma lógica cromática e traduzem em veladuras a sobreposição de volumes praticada na escultura.

A escolha de Barrão por criar com objetos prontos, geralmente associados ao cotidiano e à cultura doméstica, permite que sua obra seja lida como uma colagem com fragmentos de pequenas memórias. Ao mesmo tempo, é curioso notar como a intervenção do artista sobre esses objetos os modifica também em sua natureza – canecas que não podem mais conter bebidas ou suportes de pia que não sustentam pia alguma. Esvaziados de função, mas carregados de histórias cotidianas, os trabalhos de Barrão são como totens de coisas banais que, por não apontarem a lugar nenhum, apontam também para todos os lugares.

Barrão nasceu em 1959 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: Mashups, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, USA (2012); e Natureza Morta, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal (2010). Em mostras coletivas, o artista também já participou, entre outras, do Panorama de Arte Brasileira em 2007 e de exposições no MAC, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo; além da antológica mostra Como Vai Você, Geração 80? no Parque Lage, Rio de Janeiro (1984). Paralelamente, Barrão ainda integra desde 1995 o coletivo Chelpa Ferro, com Luiz Zerbini e Sérgio Mekler.

Posted by Patricia Canetti at 10:21 AM

junho 12, 2014

Oscar Niemeyer no Itaú Cultural, São Paulo

O pensamento de Oscar Niemeyer da prancheta para o espaço expositivo do Itaú Cultural

A mostra, que tem como extensão ao nome do arquiteto Clássicos e Inéditos, apresenta pela primeira vez o conjunto de sua obra ao exibir projetos que registram o seu percurso, mas, sobretudo, ao expor outros que nunca saíram do papel e ganharam luz graças à pesquisa e digitalização de seus originais realizados em parceria entre a Fundação Oscar Niemeyer e o Itaú Cultural

De 5 de junho, com coquetel de inauguração para convidados um dia antes, a 27 de julho, o público pode acompanhar o pensamento de Oscar Niemeyer (1907-2012) quando se debruçava em sua prancheta de trabalho. Os traços do arquiteto que revolucionaram a forma, ao fundir estrutura e arquitetura, estão nas mais de 300 obras exibidas na exposição Oscar Niemeyer: Clássicos e Inéditos e ocupam os três andares do espaço expositivo do Itaú Cultural. São plantas, croquis e desenhos originais, maquetes, filmes e fotos.

A curadoria é de Lauro Cavalcanti e a expografia é de Pedro Mendes da Rocha. A organização é do Núcleo de Artes Visuais do instituto que trabalha em parceria com a Fundação Oscar Niemeyer a qual, com patrocínio do Itaú Unibanco, realizaram a digitalização de 4800 desenhos e croquis originais do acervo da fundação já catalogados e parte desse material está presente na mostra.

“O Itaú Cultural tem uma forte preocupação e atuação no resgate de ícones da cultura brasileira.”, comenta Eduardo Saron, diretor da instituição. “O apoio do instituto para a digitalização de todo o acervo deste arquiteto primordial para o país e o mundo, se insere nesse caminho que seguimos para a preservação do legado cultural produzido aqui.”

Também por esta razão, o Itaú Cultural procura aprofundar a exibição de trabalhos de Niemeyer raramente vistos. “Várias exposições sobre a obra construída de Oscar Niemeyer foram feitas por ele próprio ou por outros curadores”, comenta Cavalcanti apontando o diferencial da proposta desta mostra: “Sem descartar o registro de um percurso que, por vezes, se confunde com aquele da arquitetura do século XX, o objetivo desta mostra é revelar projetos inéditos que, por vários motivos, permaneceram no papel.”

Divididos tematicamente em cada um dos três andares – Clássicos, no 1º piso; Inéditos, no piso -1 , e São Paulo, no piso -2 – são apresentados 70 projetos, sendo 51 deles inéditos e 19 construídos, disponibilizados também em formato digital para consulta do público. Eles se desdobram em 309 plantas, desenhos e croquis originais. Também faz parte da mostra, um rolo de 16 metros de comprimento, praticamente desconhecido, desenhado por Niemeyer durante a gravação do documentário Oscar Niemeyer - O Filho das Estrelas, dirigido por Henri Raillard em 2001.

Completam o circuito, sete maquetes – quatro delas inéditas e uma eletrônica, que apresenta o projeto para sede da Companhia Energética de São Paulo (CESP) em dois terrenos na confluência da Alameda Ministro Rocha Azevedo e São Carlos do Pinhal. “Nela podemos acompanhar seu raciocínio no sentido de recriar um espaço urbano com menor adensamento e maior incidência de ar e luz”, observa o curador. A projeção contínua de dois documentários sobre ele, exibidos na íntegra, aprofundam o conhecimento não somente do profissional como do homem Niemeyer: o citado acima, e Oscar Niemeyer – A Vida é um Sopro, com direção e roteiro de Fabiano Maciel. E, ainda, depoimentos gravados em vídeo de outros arquitetos como Paulo Mendes da Rocha, Ciro Pirondi e Ruy Ohtake. Some-se, 179 imagens de célebres fotógrafos como Thomas Farkas, Marcel Gautherot, Leonardo Finotti, Chico Albuquerque, Domingos de Miranda Ribeiro, Michel Moch, Mauricio Simonetti e Kadu Niemeyer.

Outros destaques

Ainda entre os destaques a serem exibidos na mostra deste arquiteto está a maquete do Ministério da Educação e Saúde, famoso edifício projetado por Niemeyer e Lucio Costa no Rio de Janeiro em 1936. Entre os projetos para residências está a planta para a família Buarque de Hollanda em São Paulo, de 1953.

O visitante também pode ver o projeto para Cidade do Futuro, mais um nunca realizado, assim como o plano da Cidade de Negev projetado em 1964 para a construção de uma cidade no deserto de Negev, em Israel.

Sobre os inéditos

Os originais inéditos provém, em sua grande maioria, de cadernos de trabalhos não executados. De acordo com o curador, eles permitem ver a metodologia de Niemeyer, assim como seguir o seu modo de conceber, desenhar, escrever e, em alguns casos, acompanhar o desenvolvimento dos projetos. Ele colocava suas opções visuais por escrito, em textos que chamava de “explicações necessárias”, caso tivesse dificuldade de clareza ou síntese voltava para a prancheta para redesenhá-lo.

A monumentalidade de sua obra está patente, entre outras, no desenho de mansões projetadas para Bruxelas, Jeddah e Brasília. Ao contrário, o domínio da pequena escala foi exercido na casa projetada para Oswald, assim como na residência circular, sobre pilotis, concebida para ele próprio nos anos 1980, e na pequena habitação, de 1979, presenteada a um amigo seu, do qual só se sabe o prenome Salim.

Também de acordo com o curador, a mostra permite perceber uma linha de coerência entre, por exemplo, a casca proposta em décadas distintas para a sede social do Jockey Clube Brasileiro no Rio (1973).

Clássicos

O setor dedicado aos clássicos reúne fotografias e maquetes de suas obras emblemáticas e, também, traz novidades. Pela primeira vez são mostrados os originais do conjunto de 20 croquis preparados pelo arquiteto, em 1997, denominados Aula. O objetivo de Niemeyer era que fossem multiplicados, percorrendo universidades de todo país, de modo a transmitir seu pensamento plástico, político e existencial.

Chamam à atenção, ainda, as cópias heliográficas da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), interferidas por traços de lápis de cor. Elas registram um momento histórico de Niemeyer, quando ele, cedendo às argumentações do mestre, abdicou de ter seu projeto individual escolhido, propondo uma fusão com a proposta de Le Corbusier.

Em São Paulo

Clássicos e Inéditos reserva todo um andar aos projetos para o estado de São Paulo. Um mapa eletrônico localiza os projetos de Niemeyer para a cidade. “Um vínculo muito especial liga Oscar Niemeyer a São Paulo”, observa o curador. “Conjunto da Pampulha à parte, foram executadas em terras paulistanas, em 1951, as suas primeiras grandes obras públicas, o conjunto do Ibirapuera e a primeira mega estrutura dentro do tecido urbano, o Edifício Copan.” Para ele, esses projetos foram fundamentais no sentido de exercitar uma linguagem de grandes escalas, aplicada depois em Brasília.

Este andar reúne uma série de projetos para o estado de São Paulo, no período de 1938 a 1990. Entre os inéditos que permeiam toda a mostra neste piso encontra-se uma versão de 1989, para o Auditório do Ibirapuera, muito diversa da construída em 2002.

Digitalização do acervo

A digitalização do acervo do arquiteto pela Fundação Oscar Niemeyer, com o patrocínio do Itaú Unibanco, contempla aproximadamente cinco mil documentos e ainda o tratamento e catalogação de parte dos arquivos da Instituição. Com o início dos trabalhos no ano passado, até agora foram catalogados mais de 500 projetos.

A coleção da instituição consiste em quase 9 mil documentos produzidos entre 1938 e 2005, entre álbuns, croquis e desenhos técnicos. Representando 342 projetos dos mais de 600 criados por Niemeyer, os documentos são um valioso registro do trabalho de um artista que marcou a arquitetura do século XX. Um acervo importante pela quantidade de documentos reunidos e pelo fato de serem, em grande parte, sobre projetos que não foram construídos, muitas vezes sendo a única referência existente sobre eles.

Posted by Patricia Canetti at 9:30 AM

junho 11, 2014

Marcelo Gobatto na Mamute, Porto Alegre

A Galeria Mamute inaugura, no dia 14 de junho, "Sobre Tempos e Narrativas", do artista visual Marcelo Gobatto. Com abertura às 17h30, a exposição apresenta o produto da investigação de Gobatto sobre o tempo, com ponto de partida no filme-ensaio produzido durante sua pesquisa de doutorado. Fragmentos de narrativas e imagens de algumas produções realizadas entre 2000 e 2008, junto com cenas de filmes emblemáticos do cinema moderno (Antonioni, Resnais, Bresson e Bergman) e de Yazujiro Ozu, são apresentados ao lado de produções mais recentes. Em fotografias, relatos e paisagens sonoras, Gobatto cria ficções sobre nossas relações com a memória, o afeto e o real.

A disposição das obras no espaço da Galeria Mamute, e algumas estratégias de difusão utilizadas, pretendem que a exposição proponha um questionamento (talvez político, mas sempre poético e filosófico) sobre nossa percepção do tempo e do espaço. O desenho da exposição busca uma ressonância entre o modo como as imagens e sons se relacionam na montagem dos filmes e na forma como as obras são tensionadas no espaço de exposição (e fora dele).

OBRAS

Ensaio sobre tempos e narrativas, 2009-2014
Realizado a partir da pesquisa sobre montagem disjuntiva e a narrativa no cinema, a instalação apresenta imagens de vídeos realizadas entre 2000 e 2008 em contraponto com cenas de filmes de Ozu, Antonioni, Bresson, Dreyer, Akerman e Resnais. Trata-se de um ensaio sobre o tempo e a narrativa no cinema. O espaço como signo do tempo no cinema moderno. As relações da imagem com o pensamento e a memória: imagem cristal e imagem-tempo.

Nesta tarde com meu pai, 2012-2014
Registro sonoro do ambiente e cotidiano de uma barbearia. Digressão sobre tempo, afeto e memória.

Relato de viagem fictícia para hoje, 2014
Memória e devir. Narrativa sobre o desdobramento do real.

Experimento Corpo III, 2014. Marcelo Gobatto e Luciana Mena Barreto.
Investigação sobre o corpo e sua relação com o espaço, o movimento e o silêncio.

Sobre tempo, 2014
Série que inclui fragmentos de textos da literatura e da filosofia, narrativas e relatos que abordam o tempo.

Sobre o artista
1967, Porto Alegre/RS/Brasil
Vive entre Porto Alegre e Rio Grande, onde é professor do Curso de Artes Visuais – FURG. Doutor em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS. Como artista visual desenvolve inúmeros projetos com o uso do vídeo e da fotografia, que vão de instalações sonoras e visuais, intervenções e ações no espaço público, documentários e projetos colaborativos com outros artistas. Realizou nos últimos anos curadorias em vídeo e Fotografia Contemporânea. Coordenou entre 2006 e 2009 o Laboratório Experimental – espaço independente e ateliê de vídeo, em Porto Alegre. Tem obras nos acervos do MASC – Museu de Arte de Santa Catarina; MAC – Museu de Arte Contemporânea de Curitiba/Paraná e no Museu de Arte Sacra – Belém/Pará.

Sobre a galeria
A Mamute é uma Galeria de Arte que representa artistas emergentes e consagrados. Oferece ao mercado obras de diferentes plataformas e suportes como pintura, dese-nho, gravura, fotografia, instalação e vídeo. Como investigação de linguagem, o espaço dedica-se às artes do vídeo, com projetos centrados no Núcleo de Vídeo RS. Desde sua inauguração, em agosto de 2012, realiza exposições, cursos, oficinas, palestras, orientação em vídeo, residência artística em vídeo, entre inúmeras ações direcionadas a fomentar a produção, a reflexão e a prática nas Artes Visuais e cruzamentos com as demais criações artísticas contemporâneas.

Posted by Patricia Canetti at 6:46 PM

Fernanda Valadares + Zezão na Zipper, São Paulo

Zipper Galeria apresenta instalações e pinturas inéditas do grafiteiro Zezão

A Zipper Galeria tem o prazer de apresentar, a partir de 14 de junho de 2014, das 12h às 17h, a primeira individual do grafiteiro Zezão na galeria. Sua individual, com texto da curadora Thais Rivitti, marca a representação do artista pela Zipper e sua volta ao circuito expositivo de São Paulo, cidade onde não expõe desde sua mostra em 2010 no MASP.

A produção de Zezão, aborda aspectos políticos, sociais e ecológicos, chamando atenção para temas urbanos urgentes como violência, abandono, poluição e pobreza. Zezão começou sua carreira na década de 1990, pintando paredes de canais de esgoto e galerias de águas pluviais, casas abandonadas, becos desertos e vãos de viadutos. Ao levar cor a locais marginalizados pela sociedade, seu trabalho ganhou uma dimensão político-social reconhecida por críticos e curadores ao redor do mundo.

Situando-se na fronteiro entre o rude e o poético, Zezão apresentará na sua individual na Zipper, pinturas, uma grande instalação e objetos que discutem os limites da vida urbana e arte contemporânea. São obras criadas à partir de materiais e objetos encontrados em esgotos, rios e córregos da cidade, que ganham sobrevida e conquistam uma nova identidade. Além de obras inéditas, o grafiteiro apresenta uma série de “Flops”, nome dado a uma série de desenhos já conhecidos do artista, sempre azuis.

Zezão iniciou seus trabalhos em 1995 nas galerias pluviais da cidade de São Paulo. Atualmente, seus grafites de Zezão podem ser vistos em muros, paredes de esgotos, viadutos, galerias e museus de cidades como Nova York, Paris, Londres, Hamburgo, Basileia, Los Angeles, Florença, Frankfurt e Praga, entre outras.

Zipper Galeria e Fernanda Valadares fazem um convite à desaceleração e ao silêncio

Fernanda Valadares - O Sétimo Continente, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 16/06/2014 a 09/08/2014

A tecnologia tem possibilitado a circulação de um volume cada vez maior de informações a uma velocidade que cresce também em escala progressiva, colocando- nos em estado de constante aceleração. Ainda assim, cabe a cada um a sua relação com o tempo. Seja partindo de amplos horizontes ou de planos construídos, a artista Fernanda Valadares nos convida a desacelerar, escutar o silêncio e tentar compreender por que a noção de sublime parece não fazer mais sentido hoje. Apenas parece. Em “O Sétimo Continente”, no piso superior da Zipper Galeria, a partir de 14 de junho, os segundos prometem se alargar. A exposição traz a possibilidade de uma transcendência da forma e da técnica para questões que beiram a metafísica e a política.

A artista se debruça sobre a matéria para fundir camadas de cera. Ainda que se enxergue como pintora e faça da encáustica seu principal meio e suporte, nesta mostra ela nos possibilita uma imersão num universo mais amplo da sua produção. Madeira e papel em sua condição de matéria adquirem simbolismos e nos mostram uma artista cuja reflexão poética e imagética explora o limiar entre a complexidade e a simplicidade. “Os significados não são fixos, se deslocam de uma referência a outra, deixando as imagens falarem por si, permitindo que trocas se estabeleçam a cada encontro. Fernanda mostra-nos espaço para falar de tempo. E falando de tempo nos faz vivenciá-lo, pois somente assim podemos experienciar sua obra”, enfatiza a curadora Bruna Fetter sobre o trabalho da artista.

Posted by Patricia Canetti at 11:04 AM

José Patrício na Nara Roesler, São Paulo

José Patrício - Afinidades cromáticas, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 16/06/2014 a 20/07/2014

As inúmeras possibilidades de combinação numérica realizadas em materiais cotidianos voltam a ocupar a Galeria Nara Roesler a partir do dia 14 de junho, sábado, com a abertura da individual do pernambucano José Patrício. São cerca de 12 trabalhos de séries como Afinidades Cromáticas, produzidos no período de 2012/2013 em elementos como botões e quebra-cabeças.

Sobre a série Ars Combinatoria, em que Patrício cria intrincados mosaicos geométricos por meio da combinação das peças de dominó, o crítico Paulo Sergio Duarte comentou em 2002: “Incorporado, como ponto de partida, o terreno da combinatória matemática, nos encontramos com a combinação das séries, infinitas nas suas possibilidades. O problema não é mais a reprodução do mesmo; trata-se, agora, de, a partir do mesmo, produzir infinitos outros”.

A afirmação evidencia a premissa subjacente às instalações do artista, cuja utilização da cor e da forma também aproxima seus trabalhos da pintura. A disposição ordenada dos elementos cotidianos faz remissão direta à imagética do concretismo. Corroborando essa ideia, o mesmo Paulo Sergio Duarte inclui Patrício na linhagem do “artista contemporâneo que não despreza a história, que entende o fenômeno artístico como um campo cultural específico no interior de uma tradição” e que por isso “trabalha sob a pressão de fortes paradigmas”.

Se o concretismo visa ao elogio da razão e da ciência, José Patrício insere nesse universo dados subversivos. Os artefatos corriqueiros com os quais ele forma padronagens ora de mosaicos bizantinos, ora de um construtivismo literal, primeiramente enganam o olhar desavisado. Por sua potência formal, o todo se impõe de antemão para depois ceder lugar ao exame dos pequenos componentes.

É assim, por exemplo, com a série Afinidades Cromáticas. Os quadrados concêntricos são formados por miríades de botões de roupa de formatos e cores variados, na inserção do dado humano por um viés insuspeito. Em lugar da pincelada perceptível em uma pintura visceral, o uso de elementos prosaicos rompe o distanciamento inicial para dar lugar a um sentimento de familiaridade.

A multiplicação desses artefatos em padronagens que formam até mesmo labirintos não é ocasional. É fruto de cálculo, de elaboração, da busca pela disposição que permite o melhor efeito, ou seja, do engenho humano. Com a dupla perspectiva macro e microvisual, o que se delineia é uma matemática que deixa vir à tona, por entre sua coesão estrutural, a dimensão lúdica do cotidiano.

Sobre o artista
José Patrício nasceu em 1960, em Recife, onde vive e trabalha. Participou de bienais como a 22ª Bienal de São Paulo (1994) e a 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre (1994), ambas no Brasil; e a 8ª Bienal de Havana, Cuba (2003). Participações recentes em exposições coletivas incluem: Le Hors-Là (Usina Cultural, João Pessoa, Brasil, 2013); Art in Brazil (Palais des Beaux Arts, Bruxelas, Bélgica, 2011); e 50 anos de arte brasileira (Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil, 2009). Suas mais recentes mostras individuais são: A espiral e o labirinto (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2012); José Patrício: o número (Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brasil, 2010); e Expansão múltipla (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2008). Suas obras fazem parte de coleções como a da Fondation Cartier pour L’Art Contemporain, Paris, França; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife, Brasil; Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil; Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro / Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil.

Sobre a galeria
Há mais de 35 anos, Nara Roesler promove arte contemporânea junto a um conjunto nacional e internacional de colecionadores, curadores e intelectuais. Em 1989, ela fundou a Galeria Nara Roesler em São Paulo, como um espaço para expandir as fronteiras da prática artística, no Brasil e fora dele. Representando alguns dos mais relevantes artistas da atualidade, a galeria direciona seu interesse à justaposição de trabalhos dos anos 60 em diante e suas ramificações contemporâneas.

2012 foi um ano de grandes mudanças para a galeria: Vik Muniz e Isaac Julien foram somados ao seu crescente rol de artistas; o seu espaço expositivo foi ampliado e a retomada do projeto curatorial Roesler Hotel, com propostas inovadoras como as exposições coletivas Lo bueno y lo malo, sob curadoria de Patrick Charpenel (diretor da fundacción/colección jumex), e Buzz, mostra dedicada à Op Art idealizada pelo artista Vik Muniz. Em 2013, o projeto trouxe as mostras ATACAMA 1234567, de Hamish Fulton, com curadoria de Alexia Tala; e Cães sem plumas [prólogo] com curadoria de Moacir dos Anjos. Dispositivos para um mundo (im)possível , com a curadoria de Luisa Duarte, foi o primeiro projeto Roesler Hotel de 2014, seguido de Spectres, com curadoria do francês Matthieu Poirier.

Posted by Patricia Canetti at 8:16 AM

junho 10, 2014

Laboratório de Arte Contemporânea no CCBNB, Fortaleza

Laboratório de Arte Contemporânea, CCBNB, Fortaleza, CE - 11/06/2014 a 31/07/2014

O Laboratório de Artes Visuais do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza tem como objetivo geral intervir no circuito de formação de artistas, críticos e pesquisadores de artes visuais que estejam interessados na produção contemporânea em Fortaleza. Iniciou suas atividades em maio de 2011 com a formação do Centro de Artes Visuais de Fortaleza, resultante de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, por meio da Vila das Artes. Constituiu-se como um programa integrado de ações de formação, com intenções de promover o fortalecimento e amadurecimento da produção local em artes.

Nesse sentido, tivemos o Laboratório de Linguagens Visuais coordenado pelo artista Solon Ribeiro, destinado a iniciantes nas artes visuais e composto por 12 cursos livres modulares de caráter teórico-prático; e o Programa de Pesquisa em Artes Visuais coordenado pelo artista Enrico Rocha, atendeu artistas, jovens críticos e curadores que já possuíam uma trajetória no circuito de arte contemporânea, mas buscavam aprofundar suas pesquisas e foi composto por 10 cursos livres modulares de caráter teórico para 08 artistas 04 pesquisas de crítica/curadoria. A seleção dos participantes foi via edital público. Todos os módulos dos cursos foram realizados na Vila das Artes, tendo uma aula aberta para o público em geral e ao final os participantes do Laboratório Pesquisa em Artes Visuais realizaram uma exposição no CCBNB, em setembro de 2012.

A segunda edição do Laboratório de Arte Contemporânea do CCBNB – 2013/2014, foi realizada, de setembro de 2013 a maio de 2014, desta vez em parceria com o espaço “Dança no Andar de Cima”. O foco dos trabalhos concentraram-se na jovem produção das artes visuais de Fortaleza e com três avanços: o acompanhamento sistemático de todo o processo dos participantes pelos artistas-professores Solon Ribeiro e Waléria Américo, práticas no ateliê coletivo à disposição no “Dança no Andar de Cima” e conversas com artistas locais.

Em duas fases distintas, porém contínuas, esta edição do Laboratório contou com módulos teóricos sobre questões que erguem as discussões sobre a Cor, o Espaço e o Corpo: a primeira fase com 15 participantes selecionados em edital público, teve a duração de três meses e foi composto por seis cursos livres e três Conversas de Artistas que totalizaram 240 horas/aula. Já a segunda fase aconteceu com seis participantes, selecionados a partir do desenvolvimento de seus trabalhos na primeira fase e premiados com Bolsas Estímulo à Produção para seguirem suas pesquisas orientadas pelos críticos/curadores Marisa Morkarzel(PA), Cecília Bedê(CE) e Ligia Afonso(Portugal).

O desenvolvimento dos projetos do Laboratório de Arte Contemporânea do CCBNB 2013/2014 ocupa agora o Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza para uma apresentação pública de suas experiências.

Posted by Patricia Canetti at 10:05 AM

Leonardo Finotti na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

Luciana Caravello Arte Contemporânea apresenta a partir do dia 10 de junho de 2014, às 19h, a exposição Pelada, com 11 fotografias aéreas inéditas e recentes, feitas por Leonardo Finotti mostrando campos de futebol da periferia de São Paulo, com curadoria de Waldick Jatobá, diretor artístico da galeria. Graduado em arquitetura pela Universidade Federal de Uberlândia, Minas, com mestrado em arte e fotografia, Leonardo Finotti especializou-se em fotografia de arquitetura a partir da 8ª Bienal de Veneza, em 2002, e tem seu trabalho publicado em centenas das mais prestigiosas publicações especializadas ao redor do mundo. Nascido em 1977, vive e trabalha em São Paulo. "O trabalho de Leo Finotti permeia a fronteira da arte e arquitetura. Com muita sensibilidade e técnica, o artista consegue trazer a beleza geométrica das linhas e curvas de cada projeto", diz o curador.

Além do interesse natural em olhar para a arquitetura do que se constrói para Copa do Mundo, Finotti se interessou em lançar sua mirada em uma direção contrária. Na exposição “Pelada”, ele investigou entre 2007 e 2013 a relação entre os campos localizados na periferia da cidade de São Paulo e o contexto em que estão inseridos. Sua fotografia é organizada em torno da estrutura espacial de cada projeto, mas neste projeto a favela ocupa um espaço onde a estrutura planejada é quase inexistente. Construção espontânea e contínua compõe uma imagem aleatória quase caótica.

Ao fotografar a periferia da cidade de São Paulo a partir do ar, ele descobre que os campos de futebol introduzem uma referência espacial, uma estrutura, algo sagrado de alguma forma. Estes campos, na maioria dos casos, são os únicos espaços públicos dos bairros, e são verdadeiras áreas de resistência do domínio público. Estabelecem uma nova imagem cívica de respeito pelo espaço comum. Mostram, sem publicidade e sem patrocinadores, o verdadeiro poder da relação entre o futebol e as pessoas, a arte e a política.

Sobre o artista
Nascido em Uberlândia, Minas, em 1977, Leonardo Finotti constrói uma sólida carreira na fotografia especializada em arquitetura desde 2000. Essa é a sua segunda exposição no Rio de Janeiro: a primeira aconteceu no Rio+20 no qual ele fez um lindo ensaio sobre as favelas cariocas. Naquela ocasião com foco no meio ambiente, e agora no futebol, por conta da Copa do Mundo, o enlace desses dois temas polêmicos fica claro: a desigualdade social brasileira, em especial em relação à construção da cidade. A imagem do país que se desenvolve e ganha espaço no cenário internacional como superpotência contrasta com a enorme pobreza que ainda não se conseguiu erradicar. Finotti entende isso muito bem e trouxe o tema à tona através das periferias das duas maiores metrópoles brasileiras – em sua série sobre as favelas do Rio, em 2012, e agora, em São Paulo – e na sua inquietação de estruturar o informal pelo seu olhar.

Paralelamente à exposição do Rio, Leonardo revisita a obra do arquiteto Paulo Mendes da Rocha na exposição em homenagem a ele, na Trienal de Milão e na Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano, onde seu trabalho é protagonista no pavilhão brasileiro.

Posted by Patricia Canetti at 6:50 AM

junho 5, 2014

Palestra de Orlando Maneschy na Mamute, Porto Alegre

Em Relação ao Outro - O vídeo como Inscrição no Mundo

A Galeria Mamute dá continuidade ao programa que integra o projeto Videoresidência Território Expandido com a palestra Em Relação ao Outro - O Vídeo como Inscrição no Mundo. Ministrada por Orlando Maneschy, a atividade acontece no dia 7 de junho, a partir das 14h30, na Galeria Mamute. O projeto Videoresidência foi selecionado no Edital Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais - 10ª edição.

Em Relação ao Outro - O Vídeo como Inscrição no Mundo pretende discutir aspectos da produção contemporânea em videoarte, salientando as relações estabelecidas pelos artistas com as condições específicas de contexto nas quais estão trabalhando. História e Performance são alguns dos vetores a serem abordados na apresentação.

Todos os temas das palestras deste projeto relacionam-se a aspectos práticos e teóricos da videoarte. A performance, por exemplo, é um território de expressão que a segunda dupla de Videoresidentes, Adriana Tabalipa, Andréia Vigo e o artista convidado Roderick Steel, trabalharam coletivamente. É possível conhecer o resultado deste trabalho inédito na exposição "Paisagens Inventadas”, até o dia 7 de junho, na Galeria Mamute.

Posted by Patricia Canetti at 1:32 PM

junho 4, 2014

Poder provisório: debate e lançamento de catálogo no MAM, São Paulo

MAM promove debate sobre mostra fotográfica poder provisório que mescla registros históricos e obras conceituais

No sábado (7/6), às 15h, o Museu de Arte Moderna de São Paulo realiza debate sobre a mostra de fotografia Poder provisório que conta com 86 obras do acervo que visam a discutir a instância do poder em diferentes esferas da vida social, retratando momentos como o 11 de Setembro, a ditadura no Brasil e as manifestações de junho de 2013. O bate-papo conta com a participação do curador da exposição Eder Chiodetto; do curador do MAM, Felipe Chaimovich; da professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ivana Bentes; e da pesquisadora do Departamento de Antropologia da Unicamp, Fabiana Bruno.

Entre os temas a serem discutidos estão questões identificadas pela curadoria durante a organização da mostra como quem diz o que pode ou não entrar no acervo de um museu, fotografias de registro podem ser consideradas obras de arte? Quem tem o poder de legitimar o que é ou não é arte? E qual o poder do curador? Além da conversa sobre conceito curatorial, o evento marca o lançamento do catálogo da poder provisório, que conta com design de Milena Galli, e surpreende ao ser apresentado em formato sanfona em que todas as 85 fotografias da exposição surgem em escala mimetizando a mostra. Os catálogos serão distribuídos gratuitamente a todos os participantes do debate. Depois, o mesmo será vendido na loja do MAM por R$32,00.

Com projeto expográfico de Marta Bogéa, a mostra é esteticamente inspirada no poema construtivo Cidade/City/Cité, de Augusto de Campos. Assim como no poema, as obras estão dispostas em linha contínua (não cronológica), sem espaços entre uma e outra e com grande alternância de temas, séries e autores, colocando todas as obras e artistas em pé de igualdade. “É como uma ladainha. Uma aparente sucessão que na verdade é uma repetição enfadonha e um tanto sombria”, conta Chiodetto. Para ver a mostra, o visitante passa por um portal que dá espaço a um zigue-zague, diferente da concepção da sala original, dando lugar a uma outra arquitetura que convida a seguir a linha de fotos apresentadas, "reforçando a ideia de convulsão e entropia que salta das obras e se manifesta no espaço expositivo", diz o curador.

Posted by Patricia Canetti at 8:47 PM

Viva Maria na Luciana Brito, São Paulo

A Luciana Brito Galeria tem o prazer de convidar para a abertura da coletiva Viva Maria e para a visita guiada, com a curadora Maria Montero e a artista Regina Silveira, no sábado, 7 de junho.

Com título tomado de um dos mais impactantes trabalhos de Waldemar Cordeiro, a exposição Viva Maria dialoga de maneira pouco óbvia com o momento presente. Assim como a icônica obra, que exibe em letras garrafais a palavra “canalha”, os trabalhos que Maria Montero selecionou são de um escárnio cortante. Viva Maria! é também o título de um filme de 1965 do francês Louis Malle, em que Jeanne Moreau e Brigitte Bardot por acaso se tornam heroínas de uma revolução farsesca.

Em meio ao verdadeiro suspense quanto aos rumos do cenário social e político do Brasil no momento de realização da Copa do Mundo, a curadora reuniu trabalhos que lançam mão de ironia, ou mesmo de afiado cinismo, para indagar a realidade ou propor utopias.

Se a obra de Waldemar Cordeiro respondia, em 1966, à profunda crise institucional do país (que levou ao golpe militar e à ditadura), pode-se dizer que a curadoria desta Viva Maria se posiciona perante o debochado e provocativo bordão “imagina na Copa”. Longe de qualquer tese cristalizada sobre os acontecimentos, a seleção de trabalhos reflete a própria complexidade e indefinição do momento atual. Nas palavras da curadora, o conjunto pode ser lido como um “reflexo do espírito brasileiro, desgosto e esperança convivendo juntos e um senso de humor aguçado para driblar a situação”.

A obra Viva Maria de Waldemar Cordeiro – ironicamente – não compõe a exposição, mas é a provocação inicial da curadoria que inclui trabalhos de artistas brasileiros e dois estrangeiros. Além da presença literal do futebol em obras de Geraldo de Barros, a mostra propõe gerar ruídos em meio ao debate corrente, como no trabalho de Traplev, que instaura a galeria como espaço para um Novo Protesto (título de sua obra, apresentada na fachada do local). Já o mexicano Héctor Zamora sugere uma espécie de utopia, fator reiterado pelo fato de o trabalho ser um projeto não integrado à 27ª Bienal de São Paulo por algumas inviabilidades.

As mais diferentes formas de deboche ou ambiguidade surgem na exposição: desde obras pouco vistas do início da década de 70 de Regina Silveira até as sutis provocações do eslovaco Tobias Putrih em obras sobre jornal; ou então nos fragmentos narrativos de Fabiana de Barros & Michel Favre, que falam muito sobre a contemporaneidade, em interessante contraste com a forma pioneira como Thomaz Farkas fundiu registro documental e expressão artística – expediente que também ocorre em Corda, vídeo inédito de Pablo Lobato.

No embate entre produções históricas e contemporâneas, a exposição propõe uma reflexão aberta, inconclusa, sobre a crítica social na arte – no caso do Brasil, antes condicionada pela repressão e pela censura, e agora marcada por uma confusão ético-moral onde a corrupção domina e a crítica se faz por vozes dispersas. A curadoria incluiu, ainda, obras de Gustavo Speridião, Hudinilson Jr., Pedro Victor Brandão, Rafael RG, Rochelle Costi, Tiago Tebet e do escocês Michael White – que, assim como Tobias Putrih, mostra que o tema local pode ser lido de maneira interessante e pertinente também pelo olhar estrangeiro.

Ações de Ricardo Basbaum, Jorge Menna Barreto, Mônica Nador e JAMAC compõem programa de atividades que complementam a mostra.

SOBRE A CURADORA

Maria Montero é curadora independente, artista, produtora executiva especializada em exposições e galerista. Cursou Art Psychotherapy na Goldsmith College em Londres (1998), atualmente cursa Arte: História, Crítica e Curadoria na PUC-SP. Trabalhou como Relações Institucionais na Galeria Luciana Brito (2009-2010), foi curadora da primeira versão do Red Bull House of Art (2009) e coordenou o projeto Abotoados Pela Manga, ao lado de Franz Manata (2010). É fundadora e gestora do espaço independente Phosphorus e da Sé Galeria de Arte.

Posted by Patricia Canetti at 9:32 AM