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outubro 23, 2019

León Ferrari na Pinacoteca, São Paulo

Pinacoteca apresenta, pela primeira vez, duas séries completas de sua coleção, referentes ao artista argentino León Ferrari

Crítico contumaz da Igreja Católica e da ditadura argentina, falecido em 2013, doou, em vida, 33 das 50 obras que compõem a exposição

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta, de 26 de outubro de 2019 a 16 de fevereiro de 2020, a exposição León Ferrari: Nós não sabíamos, que reúne cinquenta obras pertencentes ao museu, de autoria do argentino. Organizada pelo Núcleo de Curadoria e Pesquisa da Pinacoteca, a mostra ocupa a sala C, contígua à exposição do acervo da produção artística brasileira do século XIX da Pinacoteca, e enfatiza o aspecto político que marcou a produção de Ferrari, carregada por uma crítica contundente às instituições de arte, aos sistemas políticos e à moral vigente nas décadas de 1960 e 1970. Esta é a primeira vez que o museu exibe duas séries completas de sua coleção, relacionadas ao artista falecido em 2013.

León Ferrari é um dos artistas latino-americanos mais consagrados mundialmente. Foi aclamado na Bienal de Veneza, em 2007, na qual recebeu o Leão de Ouro, em reconhecimento por sua obra. Em sua prática artística, faz uso de distintas linguagens, como a escultura, o desenho, a caligrafia, a colagem, a instalação e o vídeo. Esse conjunto heterogêneo e os temas abordados revelam tanto seu caráter de pesquisador e ativista como a preocupação com a investigação estética da linguagem, questionando o mundo ocidental, o poder e a normatização que ditam os valores da religião, da arte, da justiça e do Estado. A repetição, a ironia e a literalidade também são recursos de sua poética, reconhecidos desde suas obras iniciais.

Na década de 1960, os desenhos e as esculturas de Ferrari são permeados pelo questionamento ético da religião e a denúncia contra o imperialismo. Em 1976, um golpe militar forçou o artista e sua família a deixarem Buenos Aires, mudando-se para São Paulo, onde permaneceram até a década de 1990. Durante sua permanência no Brasil, Ferrari integrou-se ao circuito local de experimentalismos, envolvendo-se com o processo de revitalização da linguagem através da produção de heliografias, fotocópias e arte postal. Ao retornar à Argentina, o artista continuou a produzir obras de arte politicamente engajadas, questionando os desaparecimentos que aconteceram durante a Ditadura Militar.

Para a presente exposição, a Pinacoteca apresenta duas séries doadas pelo artista ao museu, pertencentes a um lote de 33 obras oferecidas por ocasião de sua exposição Poéticas e políticas, 1954-2006, com curadoria de Andrea Giunta, realizada na instituição em 2006. O processo de doação passou à etapa seguinte, em 2008 – quando, então, outras obras foram acrescentadas ao conjunto – e foi totalmente concluído em 2014, através de sua neta Anna Ferrari, um ano após o falecimento do artista. “As séries expostas nunca foram mostradas em sua totalidade. Elas partem de uma mesma operação, que é a intervenção feita pelo artista sobre páginas de veículos de comunicação. Ferrari explora o poder narrativo das imagens, interferindo nelas de modo a potencializar a mensagem que elas transmitem”, comenta a curadora-chefe da Pinacoteca, Valéria Piccoli.

A primeira série, Nosotros no sabíamos [Nós não sabíamos], 2007, faz parte de um conjunto de trabalhos que teve início em 1976, quando o artista começou a recortar artigos jornalísticos que denunciavam o surgimento de corpos de desaparecidos, após o golpe militar argentino, em várias áreas da cidade de Buenos Aires e ao longo da costa do Río de La Plata. Nessas obras, os recortes foram sendo reunidos em forma de livro. O título da série, que dá nome à exposição, surge como enfrentamento à atitude “nós não sabíamos”, argumento usado por parte da população, à época, para justificar sua indiferença acerca do terrorismo praticado pelo Estado, entre 1976 e 1983.

Já a série Nunca Más, 2006, refere-se aos fascículos homônimos, publicados no jornal Página 12 (Buenos Aires, Argentina), entre os anos 1995 e 1996. A obra é resultante das capas desses fascículos produzidas pelo autor. Aos fascículos, era anexado o relatório preparado em 1984 pela Comisión Nacional sobre la Desaparición de las Personas – CONADEP, contendo listas com os nomes de pessoas desaparecidas durante os anos da ditadura no país. As publicações citadas que deram origem ao trabalho ocorreram entre 1995 e 1996, havendo posteriormente uma reedição feita pelo próprio jornal Página 12, com novos trabalhos, em 2006. A data considerada pela Pinacoteca refere-se ao ano de impressão dos atuais suportes.

Integram também a exposição a obra Primera carta al Papa, 2007, e L’Osservatore Romano, 2007, 43 impressões digitais sobre papel, que se refere a um tradicional jornal homônimo elaborado pelo Vaticano, cujo primeiro número remonta ao ano de 1861, tendo como diretriz rebater calúnias contra o Pontificado Romano, recordar os princípios da Igreja Católica e da justiça, entre outros, ideias frequentemente dotadas de viés político. Crítico declarado à Igreja Católica e, especialmente, à Igreja Católica argentina, Ferrari selecionou edições entre 2000 e 2001, associando às manchetes da publicação diversas imagens e ilustrações relacionadas à história da religião católica, retratando, sobretudo, imagens de pecadores e castigos, ou imagens eróticas ou ainda imagens contemporâneas relacionadas ao nazismo e à ditadura argentina.

León Ferrari nasceu em 1920, em Buenos Aires, Argentina, e faleceu naquela mesma cidade, em 2013. Individuais recentes incluem: Prosa política de León Ferrari, Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino (MJBC), Rosario, Argentina (2019); León Ferrari. Palabras ajenas, Museo Jumex, Cidade do México, México (2018); The Words of Others: León Ferrari and Rhetoric in Times of War, Pérez Art Museum (PAMM), Miami (2018); Roy and Edna Disney/CalArts Theater (REDCAT) e Los Angeles, Estados Unidos (2017).

Participou de diversas mostras coletivas, com destaque para Words/Matter: Latin American Art and Language at the Blanton, Blanton Museum of Art, The University of Texas, Austin, Estados Unidos (2019); Géométries Américaines, du Mexique à la Terre de Feu, Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, Paris, França (2018); Delirious: Art at the Limits of Reason, 1950-1980, The Metropolitan Museum of Art (The Met Breuer), Nova York, Estados Unidos (2017); International Pop, Dallas Museum of Art, Dallas; The Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos (2015); Encuentros/Tensiones, Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Buenos Aires, Argentina (2013), entre outras.

Suas obras integram coleções como Daros Latinamerica Collection, Zurique, Suíça; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Buenos Aires, Argentina; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil; The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, Estados Unidos; e Tate Modern, Londres, Reino Unido.

Posted by Patricia Canetti at 10:15 AM