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agosto 26, 2018

Antonio Dias na Nara Roesler, São Paulo

A exposição Tazibao e outras obras, de Antonio Dias, já prevista na grade da galeria, tornou-se, infelizmente, uma homenagem ao artista falecido no último 1º de agosto. A mostra, com curadoria de Paulo Sergio Duarte, traz uma síntese da produção de Dias a partir das obras Black Mirror, 1968, e Arid, 1969, até trabalhos de 2013, incluindo sete filmes em Super 8 realizados de 1971 a 1974. Entre as obras reunidas, a Galeria Nara Roesler apresenta de maneira inédita no Brasil Ta Tze Bao, de 1972. De fora da seleção, ficam apenas trabalhos de 1964 a 1967, exibidos na recente exposição Entre construção e apropriação – Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos anos 60, com curadoria de João Bandeira, no SESC Pinheiros, em São Paulo, que esteve em cartaz até o dia 3 de junho.

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Destaque da mostra, Ta Tze Bao remete aos jornais murais comuns nas paredes das cidades chinesas, presentes já desde início do século XX, e que, a partir de 1966, se manifestaram como dissidência à esquerda do Partido Comunista da China. Como afirma Paulo Sergio, Tazibao (transcrição normatizada e atualizada para a língua inglesa, utilizada pelo crítico) era a eloquente gráfica da Revolução Cultural. “Tazibao era o jornal por excelência da imprensa para a esquerda radical; se era livre ou não, pouco importava, o importante era depor os “revisionistas”, aqueles que divergiam do pensamento do camarada Mao. Para Antonio Dias era o Watergate”.

Na série Tazibao, Dias intervém sobre as primeiras páginas de dois jornais – o New York Times e o Corriere della Sera – tal como apareciam as matérias sobre o Watergate durante uma semana de novembro de 1972. Na versão a ser apresentada na galeria, o artista cobre todas as páginas em vermelho, destacando as áreas das notícias ao recortá-las em sua exata equivalência sobre tela pintada de vermelho e pendurar os recortes embaixo de cada página do New York Times e do Corriere della Sera. Segundo o curador, o balanço das áreas vermelhas superiores e dos pequenos recortes inferiores não é gratuito, vigora sobre a relação política da importância de uma notícia e a primeira página do jornal. “Isso, na época das mídias sociais parece muito velho, mas ainda não é; todo dia estamos marcados pelos nossos Tazibao eletrônicos que nos imprimem com suas urgências. O Tazibao de Antonio Dias, em papel, é atualíssimo”, completa.

Antonio Dias (1944– 2018) é um dos nomes mais importantes da arte brasileira no século XX, tendo conquistado reconhecimento internacional logo no começo da carreira, em meados dos anos 1960. Iniciou sua produção artística produzindo obras marcadas pelo conteúdo de crítica política na forma de desenhos, pinturas e assemblages permeados por elementos do Neofigurativismo e da Pop Art brasileiros, o que lhe rendeu o rótulo de representante da Nova Figuração brasileira e o conduziu à IV Bienal de Paris (1965), na qual recebeu o prêmo de pintura. Sua prática, no entanto, estabelece um diálogo com o legado dos movimentos concreto e neoconcreto e o impluso revolucionário da Tropicália.

A premiação da Bienal de Paris possibilitou ao artista seguir para a Europa, onde, depois de um período em Paris, acabou se estabelecendo em Milão. Ali, adotou uma abordagem conceitual, criando pinturas, filmes, vídeos, registros e livros de artista, utilizando cada uma dessas mídias para questionar o sentido da arte. Ao abordar o erotismo, o sexo e a opressão política de forma lúdica e subversiva, construiu uma obra ímpar e conceitual, repleto de elegância formal, entremeada por questões políticas e críticas contundentes ao sistema da arte. Na década de 1980, voltou novamente sua atenção à pintura, realizando experimentos com pigmentos metálicos e minerais como ouro, cobre, óxido de ferro e grafite, misturados a aglutinantes diversos. A maioria de suas obras desse período possuem um brilho metálico e contêm uma grande variedade de símbolos – ossos, cruzes, retângulos, falos – que remetem às suas primeiras produções.

Antonio Dias apresentou suas obras em mais de uma centena de exposições individuais e coletivas nas mais importantes instituições do mundo. Suas principais individuais mais recentes incluem: Anywhere Is My Land, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (2010), e Daros Latinamerica, Zurique, Suíça (2009-2010); e Antonio Dias – O país inventado, que itinerou por diversas instituições brasileiras entre 2000 e 2003, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Entre as coletivas, pode-se destacar: Memories of Underdevelopment: Art and the Decolonial Turn in Latin America, 1960-1985, apresentada no Museum of Contemporary Art San Diego (MCASD), San Diego, EUA, como parte do II Pacific Standard Time: LA/LA (2017); International Pop, Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, e Walker Art Center, Minneapolis, EUA (2015-2016); The World Goes Pop, Tate Modern, London, RU (2015-2016); Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA (2015), e Made in Brasil, Casa Daros, Rio de Janeiro (2015). Participou de diversas edições de bienais, como a Bienal de São Paulo (1981, 1994, 1998 e 2010), a Bienal do Mercosul (1997, 2005) e a Bienal de Paris (1965 e 1973). Suas obras estão presentes em importantes coleções institucionais ao redor do mundo, como: Coleção Sattamini – MAC-Niterói, Rio de Janeiro, Brasil; Daros Latinamerica Collection, Zurique, Suíça; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museum Ludwig, Colônia, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Buenos Aires, Argentina; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.


The exhibition Tazibao e outras obras (Tazibao and other works), by Antonio Dias, has become a tribute to the artist who has sadly passed away last August 1st. Curated by Paulo Sergio Duarte, the exhibition presents a collection of works, ranging from 1968’s Black Mirror and 1969’s Arid to works created in 2013, including seven Super 8 films from 1971 to 1974. A centerpiece of the exhibition is Ta Tze Bao (1972), which has never been shown in Brazil. The show will not include works dating from 1964 to 1967, which were recently shown in the exhibition Entre construção e apropriação – Antonio Dias, Geraldo de Barros e Rubens Gerchman nos anos 60 (Between construction and appropriation – Antonio Dias, Geraldo de Barros and Rubens Gerchman in the 60s), curated by João Bandeira at SESC São Paulo.

Ta Tze Bao is composed of a series of widespread news stories from Chinese cities dating back to the early 20th century; a mouthpiece for left-wing dissidence from China’s Communist Party starting in 1966. As Paulo Sérgio describes it, Tazibao (the normatized, updated English transcription embraced by the critic) was the eloquent graphic outlet for the Cultural Revolution. “Tazibao was the radical left’s newspaper; little did it matter whether it was free or not. What mattered was ousting the “revisionists,” those who diverged from comrade Mao’s thinking. For Antonio Dias, Watergate was it.”

In the series Tazibao, Dias intervenes on the first-page news stories about Watergate of The New York Times and Corriere della Sera, which were released over the course of a week on November 1972. In the version featured in the gallery, the artist covers all pages in red, highlighting the areas where the news stories used to be by cutting them out in their exact equivalency on red-painted canvases, which were then hung underneath each corresponding page of The New York Times and Corriere della Sera. According to the curator, the balance between the red areas on top and the small cutouts in the bottom isn’t random: it relates to the political connection between the relevance of a news piece and the first pages of newspapers. “This may seem old in the age of social media, but isn’t; every day, we are marked by our electronic Tazibao as they imprint us with their urgencies. Antonio Dias’ Tazibao on paper is very current,” according to Paulo Sérgio.

Antonio Dias (1944–2018) is one of the leading figures in 20th century Brazilian art, having achieved international recognition early on in his career, during the mid-1960s. His early offerings were politically-infused drawings, paintings and assemblages permeated by elements from Brazilian Neo-Figurativism and Pop Art, which earned him the status of representative of New Brazilian Figuration and got him into the IV La Biennale de Paris (1965), whose painting prize he won. His practice, however, converses with the legacy of the concrete and neo-concrete movements, as well as the revolutionary drive of Tropicália.

The Biennale de Paris prize enabled him to travel across Europe, and following a stint in Paris he settled in Milan. There, he embraced a conceptual approach, creating paintings, films, videos, documentation and artist’s books, and tapping into each of those mediums to question the meaning of art. In approaching eroticism, sex and political oppression in a playful, subversive way, he built an unparalled, conceptual oeuvre brimming with formal elegance, interspersed with political issues and scathing critiques of the art system. In the 1980s, he turned to painting anew, experimenting with metallic and mineral pigments like gold, copper, iron oxide and graphite, mixed with various binders. Most of his works from this period boast a metallic sheen and contain a wide variety of symbols – bones, crosses, rectangles, phalluses – reminiscent of his earliest works.

Antonio Dias’ work has been featured in over a hundred solo and group shows in major venues around the world. Recent solo shows include: Anywhere Is My Land, São Paulo State Art Gallery (Pinacoteca), São Paulo (2010), and Daros Latinamerica, Zurich, Switzerland (2009-2010); and Antonio Dias – O país inventado, featured in several Brazilian venues from 2000 to 2003, including the Rio de Janeiro Museum of Modern Art (MAM-RJ) and the São Paulo Museum of Modern Art (MAM-SP). Group shows include: Memories of Underdevelopment: Art and the Decolonial Turn in Latin America, 1960-1985, at the Museum of Contemporary Art San Diego (MCASD) in San Diego, USA, as part of II Pacific Standard Time: LA/LA (2017); International Pop, Philadelphia Museum of Art in Philadelphia, and the Walker Art Center in Minneapolis, USA (2015-2016); The World Goes Pop, Tate Modern, London, UK (2015-2016); Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, The Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA (2015), and Made in Brasil, Casa Daros, Rio de Janeiro (2015). His work was also featured in several biennial shows, including the São Paulo Art Biennial (1981, 1994, 1998 and 2010), the Mercosur Biennial (1997, 2005) and La Biennale de Paris (1965, 1973). Dias’ art is in major institutional collections around the world, including: Coleção Sattamini – MAC-Niterói, Rio de Janeiro, Brazil; Daros Latinamerica Collection, Zurich, Switzerland; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brazil; Museum Ludwig, Cologne, Germany; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Buenos Aires, Argentina; São Paulo Museum of Modern Art (MAM-SP), São Paulo, Brazil; The Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA; and São Paulo State Art Gallery (Pinacoteca), São Paulo, Brazil.

Posted by Patricia Canetti at 5:27 PM