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setembro 2, 2016

Sandra Gamarra na Leme, São Paulo

A Galeria Leme apresenta o quinto site-specific comissionado para o projeto SITU, curado por Bruno de Almeida, que dá continuidade a uma investigação sobre formas de pensar e discutir a produção do espaço (urbano) através de um diálogo entre arte, arquitetura e cidade. SITU convida a artista peruana Sandra Gamarra a conceber uma obra que se relacione com o exterior do edifício da galeria (projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e Metro Arquitetos) e também com o espaço público contíguo.

O projeto de Gamarra, Cielo raso, se estrutura a partir da retícula construtiva do edifício, uma malha ortogonal marcada nas paredes de concreto aparente, resultante da modulação das fôrmas usadas na sua construção. Para a artista, a noção de retícula (grid) transcende a condição arquitetônica e se afirma com um elemento fundamental para entender a maneira como o homem tem estruturado o seu espaço físico e social. Porém, ela não encara este conceito de forma unívoca. Por um lado, Gamarra considera o grid como símbolo da ideologia modernista, expressa no seu caráter modular, geométrico, abstrato e homogeneizador, que também representa o ímpeto em direção ao futuro e a ordem humana perante a “desordem” da natureza e das narrativas históricas precedentes. Por outro lado, a artista também lê a retícula através da herança ancestral de seu país natal, o Peru. Para as civilizações pré-Colombianas a geometria representava uma lógica maior, cósmica e mística, e era através desta retícula pré-estabelecida que o homem poderia compreender a ordem da natureza para depois atuar sobre ela.

Querendo colocar em fricção estas diferentes percepções sobre o mesmo elemento, Sandra Gamarra delineia uma instalação onde o grid construtivo da galeria é desmontado e decomposto em seus módulos base. Para isso, a artista cria um conjunto de blocos de concreto que mimetizam, em dimensão e materialidade, aqueles das fachadas, e os dispõe horizontalmente no chão do pátio, destituindo-lhes da sua função construtiva original. Ao empilhar alguns dos blocos, Gamarra indicia uma tentativa de construção, porém deixa-a incompleta, num limbo entre o canteiro de obras e a ruína de um edifício porvir. A construção “inacabada” dialoga com o ritmo modular das fachadas da galeria e delineia um vazio central em meio ao pátio. Este espaço livre tem um desenho cruciforme, mas não remete à cruz comumente usada no Ocidente, mas à cruz escalonada, símbolo central das civilizações pré-Colombianas. Denominada Cruz Inca ou Chakana, esta simboliza a ligação entre o mundo terreno e o mundo “superior”. Sua forma é recorrente tanto no léxico arquitetônico assim como em vários outros elementos da vida cotidiana desses povos, mostrando uma completa união do místico e do divino com a cultura e vida humana.

A grande Chakana delineada no pátio tem uma de suas pontas abertas para a rua, convidando o transeunte a adentrar nesta cruz. Para a mitologia Andina o centro da Chakana representa a dualidade interna do universo, o desconhecido, o inimaginável e o sagrado. É dentro deste espaço (simbólico) e mais próximo dos blocos tombados, que o visitante descobre outras retículas sutilmente marcadas nas superfícies dos módulos de concreto.

Se no pensamento arquitetônico da escola paulista, deixar o concreto aparente seria uma das formas de acabar com o desconhecimento do trabalho humano que por ele passou, evidenciando o caráter social da arquitetura. No trabalho de Sandra Gamarra, os ténues rastros marcados nos blocos não só subvertem a materialidade construtiva destas peças ao conferir-lhes uma qualidade manual mas também remetem a outras concepções de tramas estruturadoras da sociedade e culturas humanas, desde as que tocam o corpo até aquelas que dialogam com o cosmos.

Sandra Gamarra, 1972, Lima, Peru. Vive e trabalha em Madri, Espanha. Criadora do LiMAC, museu fictício de Arte Contemporânea de Lima, cujo acervo é composto por pinturas de Gamarra como cópias de outras obras. O seu método de apropriação não só levanta questões sobre a autenticidade e o status de réplicas, mas também sobre os mecanismos do mundo da arte, incluindo o mercado de arte, instituições e o processo criativo. Outro aspecto recorrente no seu trabalho é o paralelo entre experiências artísticas e místicas. A artista vê os museus de arte como locais para peregrinação e contemplação adoradora. Para ela, apreciar obras de arte é, antes de qualquer realidade política ou filosófica, um ato de fé. Em sua mais recente série de trabalhos, explora as consequências sócio-políticas do que considera uma modernidade incompleta na América do Sul. Expôs individualmente em instituições tais como: Bass Museum of Art, EUA; Sala Luis Miró Quesada Garland, Peru; Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil, entre outras. Desenvolveu um trabalho site-specific para o Museo Artium, Espanha e participou de importantes exposições coletivas como: Permit Yourself to Drift…, Santa Mónica Centro de Arte, Barcelona, Espanha (2016); Don´t Shoot the Painter, Galleria de Arte Moderno, Milão, Itália (2015); The Marvelous Real, Museum of Contemporary Art, Tóquio, Japão (2014); Setting the scene, Tate Modern, Inglaterra (2012); XI Bienal de Cuenca, Equador; 29ª Bienal Internacional de São Paulo, Brasil (2010); 31° Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Mundus Novus, 53ª Bienal de Veneza, Itália (2009); Pipe, Glass, Bottle of Rum: The Art of Appropriation, MoMA, EUA (2008), entre outras. O seu trabalho faz parte de coleções tais como: MoMA, Nova Iorque, EUA; Tate Modern, Londres, Inglaterra; MUSAC, León, Espanha; MALI, Lima, Peru; MAR, Rio de Janeiro, Brasil, entre outras.

Bruno de Almeida, 1987, Salvador, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal. Mestre em Arquitetura pela Accademia di Architettura della Svizzera Italiana, Mendrisio, Suíça. Trabalhou como arquiteto em Londres, Reino Unido. Para além de ser o criador e curador do SITU, Bruno de Almeida desenvolveu projetos com instituições tais como o Instituto de Investigação Independente da Fondazione Archivio del Moderno, Mendrisio, Suíça; Kunsthalle São Paulo, Brasil; Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, Brasil e Storefront for Art and Architecture, Nova Iorque, EUA.

Posted by Patricia Canetti at 1:01 PM